Cidade
Documentário 'Guaranis Presente' destaca a cultura indígena
Lançamento ocorreu no final de semana, na aldeia Tekoá Pindó Mirim, em Bagé
por Melissa Louçan
No fim de semana passado, o documentário Guaranis Presente, dirigido por Adriana Gonçalves, teve sua estreia, celebrando a memória e cultura do povo Guarani da Aldeia Tekoá Pindó Mirim, em Bagé. O filme nasceu como um projeto para documentar a presença dos Guarani na cidade e reforçar a preservação de suas tradições através do audiovisual.
Adriana explica que a motivação para o projeto surgiu de sua pesquisa sobre memória em audiovisual, especialmente interessada em como a cultura Guarani resiste há séculos. “Inicialmente, o filme nasceu com a proposta de documentar a memória do povo Guarani em audiovisual, especialmente da Aldeia Tekoá Pindó Mirim, sua presença em Bagé. Por isso o nome do projeto é Guaranis Presente”, conta.
A realização do documentário contou com o financiamento da Lei Paulo Gustavo e trouxe à tona um processo de produção colaborativa e de intercâmbio cultural entre indígenas e não indígenas. Segundo Adriana, o roteiro foi estruturado de forma aberta, com cada dia de filmagem sendo direcionado pelo cacique Lino Benites, que orientava o que seria registrado. A própria câmera tornou-se um “dispositivo” de troca: os Guarani foram convidados a se filmar e a registrar a equipe de filmagem, permitindo que o documentário se desenvolvesse em múltiplas perspectivas. “Eles quiseram mostrar sua cultura, seu modo de vida”, diz ela, que vê o filme como uma peça educativa para romper estereótipos sobre os indígenas. O documentário é, segundo ela, um “artefato museológico” que, ao registrar o presente, ganha relevância cultural ao circular na sociedade.
A estreia na Aldeia Tekoá Pindó Mirim teve um clima de celebração, onde os indígenas puderam se ver projetados em uma tela grande, completando o ciclo do trabalho. Além de moradores da aldeia, visitantes e apoiadores também participaram da sessão de estreia, o que, para Adriana, representa “um diálogo e integração cultural na cidade”.
Adriana, que atua também com cinema comunitário, reforça a importância da educação audiovisual como ferramenta de cidadania e valorização cultural. Ela ainda ressalta a conexão do projeto com as atuais políticas federais, que buscam promover a inclusão de conteúdos audiovisuais e culturais indígenas nas escolas.
Com a recepção positiva, o documentário está se preparando para ser exibido em festivais, inclusive internacionais.