Fogo Cruzado
Fornecimento de energia será tema de audiência pública em Bagé
por Jaqueline Muza
A Comissão Especial da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) criada para analisar a atuação das concessionárias de energia elétrica CEEE Equatorial e RGE, presidida pelo deputado estadual Edivilson Brum (MDB), realizará uma audiência pública na segunda-feira, dia 11 de novembro, às 18h, na Câmara de Vereadores de Bagé. O objetivo será tratar sobre as frequentes falhas no fornecimento de energia, um problema que tem impactado diretamente a região, especialmente após eventos climáticos extremos.
De acordo com Brum, em meio a uma série de problemas relacionados à prestação de serviços de energia elétrica no Rio Grande do Sul, os deputados estaduais têm promovido audiências públicas em diversas regiões do estado para investigar as falhas e buscar soluções. O principal objetivo das reuniões é diagnosticar a qualidade do atendimento das empresas CEEE Equatorial e RGE, que têm enfrentado críticas dos consumidores.
O deputado salienta que, até o momento, foram realizadas três audiências, em Rio Pardo, Jaguari e Lajeado, com outras programadas para Pelotas e Bagé. “Nessas reuniões, a população, representantes de cooperativas, empresários e autoridades locais relatam suas dificuldades com a prestação de serviços, que vão desde a demora para religar a energia até o desgaste de infraestruturas antigas, como postes de madeira apodrecidos”, comenta.
Falhas no fornecimento
Segundo o parlamentar, os problemas foram agravados nos últimos anos por desastres naturais, como enchentes e vendavais, que evidenciaram a falta de um sistema de comunicação eficiente por parte das empresas. “Um dos maiores obstáculos enfrentados foi a indisponibilidade do atendimento telefônico (0800), dificultando o contato dos consumidores durante as emergências. Além disso, a dispensa de trabalhadores experientes contribuiu para uma resposta ainda mais lenta e ineficaz às necessidades dos consumidores”, afirma.
Outro ponto crítico destacado foi a demora na religação da energia, com casos extremos em que comunidades ficaram até 34 dias sem eletricidade. Esses atrasos causaram sérios prejuízos a agricultores, cooperativas e produtores de alimentos perecíveis, como leite e carne, resultando em perdas significativas de produtos e afetando a economia local. “A falta de energia também prejudicou pessoas que dependem de equipamentos médicos, como nebulizadores e oxigenadores, colocando em risco a saúde dos moradores”, enfatiza.
Projeto de Lei para penalizar empresas
Diante da insatisfação generalizada, a deputada relatora da comissão, Adriana Lara, propôs um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa para aplicar multas às empresas de energia nos casos de prejuízo financeiro aos consumidores. O projeto busca garantir que as concessionárias não apenas sejam responsabilizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), mas também indenizem diretamente os afetados pelos danos causados.
Brum destaca que a participação da comunidade, incluindo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, empresários e consumidores, é essencial para que sejam coletados relatos diretos. “Iremos elaborar um relatório que exija das empresas um plano de contingência eficaz, garantindo um atendimento humanizado e ágil, especialmente durante emergências climáticas”, afirma. Ele também reforça a importância da participação popular para que o diagnóstico do atendimento e a busca por soluções reflitam a realidade vivida pela população. A expectativa é que as audiências resultem em um compromisso das empresas com a qualidade do serviço prestado e o respeito aos consumidores.
Desafios e oportunidades da transição energética no RS
O deputado Edivilson Brum, que foi presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) durante o governo Sartori, também abordou a transição energética no Rio Grande do Sul e o futuro da mineração de carvão no estado. Brum, que já ocupou cargos na Casa Civil e foi prefeito de Rio Pardo, criticou o que chamou de "hipocrisia internacional" ao responsabilizar o Brasil pelas emissões de carbono, destacando que países da Europa e da Ásia mantêm e expandem suas termelétricas, enquanto a produção brasileira de energia a carvão representa uma parcela mínima da matriz energética. Segundo ele, o carvão é uma "energia firme", essencial para garantir um mix energético seguro e equilibrado.
Brum reforçou a importância do uso responsável do carvão, defendendo uma produção sustentável que gere empregos, impostos e benefícios para a comunidade. Ele ainda ressaltou que o atual governo estadual, sob a liderança do governador Eduardo Leite, tem buscado alternativas para uma transição energética que garanta estabilidade e oportunidades de desenvolvimento.
Além disso, o vice-governador Gabriel Souza, em viagem oficial à Índia, já identificou o interesse de empresários indianos no carvão gaúcho, com planos de visita à Candiota para explorar possíveis parcerias comerciais.
{AD-READ-3}Apesar das incertezas sobre o fechamento da planta de Candiota, Brum manifestou otimismo com a possibilidade de extensão das operações. “A Amber, empresa privada que adquiriu a CGTEE, depende do fornecimento de carvão para manter suas operações de geração de energia e mantém um contrato com a CRM até dezembro deste ano”, relata.
Segundo Brum, a CRM, liderada pelo atual presidente Ademir Baretta, tem trabalhado na renovação do contrato com a Amber, alimentando as expectativas para a continuidade do setor de carvão no estado.