Campo e Negócios
Iniciativas para fortalecer a Rota do Cordeiro são discutidas em Bagé
João Cezar Larrosa, presidente da Fetar, defende que iniciativa busca unir saúde, cultura e desenvolvimento econômico
por Jaqueline Muza
O presidente da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais no Rio Grande do Sul (Fetar), João Cezar Larrosa, está em Bagé para participar do evento Rota do Cordeiro, realizado no Obino Hotel. A atividade reúne representantes da região, além de produtores do Ceará, Bahia e Paraná, com o objetivo de discutir um plano estratégico para o Polo Alto Camaquã. Durante o evento, os participantes compartilham experiências bem-sucedidas que fortalecem a cadeia produtiva da carne ovina. Larrosa, por sua vez, falará sobre sua experiência em Arroio Grande, sua cidade, onde conseguiu introduzir a carne de ovelha na merenda escolar.
Segundo Larrosa, a iniciativa busca unir saúde, cultura e desenvolvimento econômico, destacando a carne ovina como um dos principais produtos da pecuária familiar na fronteira do Rio Grande do Sul. Ele ressalta que conseguiu introduzir a carne de ovelha na alimentação escolar do município e que, em breve, ela também deverá fazer parte das refeições hospitalares. “Essa iniciativa fortalece a economia local e evidencia a importância da pecuária familiar para a cultura e identidade do estado”, afirma.
O presidente explica que a chamada Rota do Cordeiro vem sendo debatida há anos, especialmente em cidades como Bagé e Pinheiro Machado. No entanto, embora ativa, a rota ainda enfrenta desafios estruturais para expandir seu alcance. O principal obstáculo, segundo ele, é a falta de infraestrutura frigorífica adequada, o que limita a produção e comercialização da carne ovina. “Faltam plantas frigoríficas que atendam à demanda regional, o que inviabiliza a expansão em larga escala”, ressalta Larrosa, defendendo a necessidade de apoio governamental para fortalecer a infraestrutura local.
Consumo na merenda e nos hospitais
A introdução da carne de ovelha na merenda escolar é vista como um avanço. Em Arroio Grande, essa iniciativa já ocorre, e o município de Alegrete também está prestes a adotar a medida. O próximo passo, segundo o presidente, é expandir o uso da carne ovina para a rede hospitalar, com um projeto piloto que prevê a oferta de mil refeições com o produto. “Além do valor nutricional, a iniciativa visa criar uma base de consumidores conscientes e fomentar uma identidade alimentar local. Isso ajuda a educar as crianças para o consumo saudável de produtos regionais, valorizando o que é produzido localmente”, destaca Larrosa.
Ele acrescenta que, embora a carne de ovelha faça parte da tradição gaúcha, ainda enfrenta certa resistência em algumas áreas e precisa passar por uma rigorosa avaliação nutricional antes de ser introduzida na alimentação hospitalar.
Desafios
Apesar dos avanços, a logística continua sendo um desafio para a pecuária familiar na região. A grande distância entre os municípios e a falta de frigoríficos em algumas localidades dificultam a distribuição e o aumento do consumo. Em Bagé, por exemplo, o presidente considera essencial a construção de um abatedouro que possa atender toda a região. “O transporte a longas distâncias, além de elevar os custos, torna inviável a expansão da Rota do Cordeiro para todos os municípios”, pontua.
{AD-READ-3}Larrosa observa que o estado possui mais de 4 milhões de cabeças de ovelhas, e que a carne ovina representa um ativo econômico importante para pequenos produtores, que muitas vezes combinam o agronegócio com a produção familiar. “Além de ser uma tradição, a produção de carne ovina gera empregos e mantém viva uma identidade cultural importante para o estado”, enfatiza.
Com o objetivo de promover o consumo de carne ovina e incentivar a produção local, a Rota do Cordeiro tem atraído o interesse de novos municípios e cooperativas que pretendem adotar a mesma estratégia. Para o presidente, com o apoio da imprensa e da sociedade, o projeto poderá alcançar uma escala maior e impactar positivamente a economia da região da fronteira. “Essa iniciativa é uma oportunidade de valorizar o que é nosso e, ao mesmo tempo, estimular a economia local de forma sustentável”, conclui.