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Região

Apicultores enfrentam crise após meses de clima instável

Senar aponta quebra de safra entre 50% e 80% na produção de mel

Em 26/06/2024 às 10:15h
Gabriel Torma Aquere

por Gabriel Torma Aquere

Apicultores enfrentam crise após meses de clima instável | Região | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Foto:Cláudia Schmidt/EspecialJM

O cenário de apicultura da região sofreu um grande impacto com as quebras de safras, em decorrência do clima instável que vem assolando a região. Segundo dados da Senar, a média da quebra de safra é de 50% a 80% na produção de mel. O técnico do Senar, Cláudio F. Schievelbein, ressalta ainda que a apicultura está passando por um momento muito difícil, com a frustração de safra e a baixa no preço de mel por exportação.

A apicultora Cláudia Schmidt, residente de Candiota, relata a gravidade da situação. Segundo ela, a seca que atingiu o Estado na primavera passada acabou prejudicando a florada devido à baixa umidade. Logo após, já com poucas flores em campo, as chuvas extremas dos últimos meses agravaram ainda mais a situação. Com poucas flores, a alimentação das abelhas foi afetada, gerando perdas nos enxames.

Cláudia ressalta a desvalorização do mel, relembrando de que em 2022 o preço a granel era de R$ 12, e hoje se encontra por volta de R$ 6, o que não cobre nem o preço de produção que pode chegar a R$ 10. “Hoje estamos num setor abandonado pelos governos. Não temos assistência técnica, não temos subsídio de alimentação, temos que comprar do nosso bolso se queremos manter o resto de caixas que ainda está sobrando. É triste e desanimador dizer, mas não estamos com muita perspectiva de melhoras", lamenta ao enaltecer que, apesar das dificuldades, a vontade de continuar seu trabalho na área: “Mas não desistimos, amamos o que fazemos".

A Associação de Apicultores da Região de Candiota (APIRCAN) estimou uma perca de aproximadamente 60% a 70% da produção, e 40% nos enxames. Com a chegada do inverno, e enxames já enfraquecidos, a tendência de perdas tende a aumentar.

O apicultor Marcelo Habermann, de Dom Pedrito, com 22 anos na área, também relata as dificuldades enfrentadas neste ano agrícola de 2023/2024. Segundo ele, vários apicultores da região foram fortemente castigados durante o verão, o que impediu a colheita de primavera, considerada uma das principais épocas para estoque. Chegando no outono, o trabalho que predomina é de reflorestamento de celulose em eucalipto que, por sua vez, também foi impactando pelas fortes chuvas. Hoje, a principal fonte de flora da região vem da soja, que, novamente foi muito impactada pelo clima. Marcelo explica que, apenas com a alimentação artificial não é possível abastecer todas as abelhas, e que vários enxames foram completamente perdidos por conta disso. “A alternativa que temos é abaixar a cabeça e esperar, acreditar que teremos uma safra melhor no próximo ano", finaliza ele.

De acordo com dados divulgados pela Federação Apícola e de Meliponicultora do Rio Grande do Sul, em parceria com o Observatório de Abelhas, Embrapa e Ministério da Agricultura e Pecuária, o Estado contabilizou perdas de pelo menos 16,9 mil colmeias desde o início das enchentes - cada colmeia possui em média 50 a 80 mil abelhas. Os dados levam em conta apenas as mortes da espécie Apis mellifera e de abelhas-sem-ferrão, ocorridas até o dia 20, e não contabilizam as colmeias parcialmente atingidas pela água, ou aquelas em risco por falta de alimento.

Impacto

Segundo o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, e da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador, 76% das plantas para consumo humano no Brasil são polinizadas por abelhas. A ação de polinização do inseto tem importância variada, a depender de cada planta.

Além de aumentar a produtividade de cultivares, a polinização também é essencial para a qualidade de sementes e frutos.  "Um exemplo disso, é a maçã, que possui 90% da dependência de abelhas para se desenvolverem", explicou a bióloga Betina Blochtein, gestora do Observatório de Abelhas. A soja também sente o peso na ausência de abelhas, tendo dependências entre 12% e 20%.

A bióloga Vera Lucia Imperatriz Fonseca, referência em pesquisa com abelhas nativas, professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), salienta que as mudanças climáticas são uma nova realidade, e que devemos nos preparar para enfrentá-la.  “A mudança climática está andando e não vai mudar. Ela vai aumentar, não vai diminuir. Não tem volta para esse assunto. É um processo contínuo. No entanto, a agricultura ainda não se conscientizou disso e nem o mercado. Não vai melhorar amanhã ou ano que vem, não vai. Então, as chuvas vão continuar. E não há uma política de lidar com isso, uma política de restauração”.

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