Região
Emater avalia estragos causados pelas chuvas na região da Campanha
por Melissa Louçan
A região da Campanha enfrenta sérios desafios na agropecuária e infraestrutura devido à grande quantidade de chuvas recentes. Segundo levantamento realizado pela Emater, setores como bovinocultura de corte e leite, ovinos, pastagens, apicultura e diversas culturas agrícolas foram severamente afetados.
Conforme relatório elaborado por Francisco Gonçalo e Luciane Foggiato, o acumulado de chuva até agora é de 598,1 mm, com 200,1 mm registrados em abril e 132,6 mm em diferentes períodos subsequentes. Este cenário impactou negativamente a agropecuária e a infraestrutura regional.
Pecuária e Agricultura
As pastagens cultivadas e o campo nativo foram prejudicados pelo excesso de chuvas, resultando em um estado corporal razoável para o rebanho bovino. A alta infestação de carrapatos, agravada pelo atraso das baixas temperaturas, preocupa os produtores. As más condições das estradas e a suspensão na emissão de Guias de Trânsito Animal (GTA) pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Rio Grande do Sul (IDAR-RS) dificultam a comercialização.
O vazio forrageiro de outono, causado pelo fim das pastagens de verão e pelo desenvolvimento lento das pastagens de inverno, levou muitos produtores a recorrerem à silagem de milho e à ração concentrada, aumentando os custos de produção. A falta de suplementação adequada reduz a produtividade dos rebanhos, afetando também a qualidade do leite e a mão de obra devido à constante falta de energia elétrica.
Os manejos reprodutivos e sanitários dos ovinos estão comprometidos. O estado nutricional do rebanho é razoável, mas as condições sanitárias são insatisfatórias devido ao alto índice de verminose, manqueira e carrapatos. A comercialização também enfrenta dificuldades pelas más condições das estradas e pela suspensão das GTAs.
Por município
Em Aceguá, de acordo com Ricardo Medeiros, engenheiro agrônomo e chefe do escritório da Emater de Aceguá, as perdas em soja estão em torno de 40%, milho (50%) e milho silagem (30%). Essas perdas tendem a aumentar devido às condições climáticas desfavoráveis, que impedem a colheita e deterioram a qualidade dos grãos.
Em Hulha Negra, Suzane Xavier Cardoso, extensionista rural da Emater de Hulha Negra, relata que as estradas municipais e os acessos internos estão prejudicados, dificultando o escoamento da produção. As perdas ocorreram nas culturas da soja e do milho, além das atividades de bovinocultura de leite, corte e apicultura. Desde o plantio, as chuvas acima da média resultaram em muitos replantes, encurtando a janela de plantio e atrasando as colheitas. A estiagem de fevereiro a março agravou a situação, com chuvas excessivas em abril e maio prejudicando a colheita de verão, principalmente da soja. Na bovinocultura, a redução na oferta forrageira aumentou os custos de produção com silagem e ração.
Em Candiota, Matheus do Amaral Caetano, destaca que as chuvas excessivas prejudicaram as estradas municipais e causaram o rompimento de açudes. As perdas mais significativas ocorrem nas culturas da soja e milho. Chuvas acima da média nos meses de novembro e dezembro de 2023, seguidas por uma forte estiagem até março de 2024, impactaram severamente as lavouras. Em abril, as chuvas excessivas durante o período de colheita da soja dificultaram o acesso das máquinas e resultaram em grãos de baixa qualidade. Na bovinocultura de leite, a redução na oferta forrageira e o desenvolvimento tardio das pastagens de inverno devido ao excesso de umidade aumentaram o vazio forrageiro.
Outros setores
A apicultura também foi afetada, com poucas espécies florescendo e baixa movimentação dos enxames, dificultando o manejo e o acesso aos apiários. Na agricultura, a colheita do arroz foi interrompida pela chuva, com 95% já colhido. As condições climáticas favoreceram o desenvolvimento das culturas, mas a colheita da soja foi interrompida em 26 de abril, causando perdas significativas.
O cultivo de milho em fase de maturação, predominantemente de baixo investimento e consumido na propriedade, foi prejudicado. Na olericultura, a umidade excessiva e a falta de luminosidade afetaram a qualidade dos produtos e o desenvolvimento das culturas folhosas. Na fruticultura, a colheita das videiras foi concluída, mas a produção de oliveiras e melancia sofreu com os eventos climáticos.