Opinião
Pampa gaúcho pede socorro
por Paparico Bacchi | Deputado estatual, vice-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e presidente da Frente Parlamentar da Mineração e do Polo Carboquímico da Região da Campanha
por Redação JM
Candiota vive um momento de grave crise após a interrupção das atividades da Usina Termoelétrica Presidente Médici - Candiota III, que ameaça não apenas a economia local, mas também a dignidade de milhares de trabalhadores. A ideia de sustentabilidade tem sido discutida amplamente, mas frequentemente de forma unidimensional, com foco apenas no meio ambiente e ignorando os impactos sociais e econômicos. No município, estima-se que com o fechamento da usina aproximadamente 5 mil empregos diretos e indiretos sejam perdidos.
Embora o foco na sustentabilidade ambiental seja importante, a eliminação do carvão mineral, que representa apenas 0,3% das emissões de CO2 do país, não será uma solução mágica para o aquecimento global. Toda a energia produzida em Candiota, cidade de 11 mil habitantes, vai para o Sistema Interligado Nacional (SIN), que pode enviá-la para qualquer lugar do Brasil, além de países como Uruguai e Argentina.
Como presidente da Frente Parlamentar da Mineração, vejo como uma falta de compromisso do governo federal a omissão do desenvolvimento energético do país após o veto do artigo 22 do PL 576, pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, que permitiria a prorrogação dos contratos de venda energia da usina até 2050. O pedido de socorro do Pampa gaúcho é ouvido nem mesmo pelo governador Eduardo Leite, que não levanta da cadeira para tomar uma atitude em defesa de um setor tão importante para a economia do estado.
Portanto, o Pampa gaúcho pede socorro, mas também exige uma transição justa, que leve em conta os impactos sociais e econômicos dessa transformação. Não podemos concordar com aqueles que batem palma para o carvão mineral oriundo da China (em 2023, 55,3% do consumo de energia dos chineses foi gerado a partir do uso de carvão), Alemanha e demais países e que são contrários à mineração do material em solo brasileiro. A verdadeira sustentabilidade deve equilibrar o ambiental, o social e o econômico, para que as gerações futuras possam ter um futuro melhor, sem destruir as vidas daqueles que construíram o presente.