Segurança
Presídio de Bagé não tem previsão de contar com bloqueadores de celular
por Rochele Barbosa
Após o grave incidente em que um apenado foi morto à tiros dentro da Penitenciária de Canoas, o governo do Estado anunciou a realização de diversas ações. Um dos trabalhos consiste em um projeto para instalar bloqueadores de celulares nos complexos prisionais.
Procurado para abordar o assunto, o diretor do Presídio Regional de Bagé (PRB), Daniel Jacinto, disse não ter conhecimento da inclusão do estrutura local na proposta. Segundo ele, no PRB não há bloqueadores de celulares e a segurança é realizada pela Polícia Penal. “Nós temos detector de metais, temos raio-x corporal, raio-x de pertences. Bloqueadores de celular não e nem projeto para o PRB de vir esses bloqueadores”, dettalhou.
O Estado, perante o fato recente, determinou novos procedimentos para coibir qualquer tipo de avanço da criminalidade no sistema prisional: a realização de três revistas diárias dentro da galeria onde aconteceu o crime e varreduras em outras unidades prisionais do Estado. Além disso, o governo pretende reforçar a segurança na Região Metropolitana.
O governo assinou na segunda-feira, dia 25, por exemplo, contratos para construção de duas novas casas prisionais em Passo Fundo e São Borja, com capacidade para 800 vagas cada. Juntos, os investimentos superam R$ 150 milhões. A ideia é implementar, também este ano, uma medida que prevê a remoção de tomadas das celas em presídios do estado. O projeto de lei tem como objetivo dificultar o carregamento de celulares pelos detentos, impedindo a comunicação e o planejamento de crimes a partir do sistema prisional.
A implementação da medida, caso aprovada, será gradual devido às particularidades das redes elétricas em cada unidade prisional. Além disso, o governo planeja reforçar outras iniciativas de segurança, como a ampliação de bloqueadores de sinal, scanners e raios-X nas entradas. Críticos, no entanto, apontam preocupações com o impacto da medida na dignidade dos apenados.
Operação contra facções nas cadeias
Depois de deflagrar na sexta-feira passada, dia 22, as Operações Caixa-Forte II e El Patron para desarticular um esquema comandado por facção de dentro do Presídio Regional de Pelotas (PRP), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) já contabiliza 28 prisões, sendo 18 preventivas e 10 em flagrante. Além disso, já foram localizados 11 dos 28 veículos que são alvo de busca, 12 armas, mais de R$ 700 mil apreendidos ou bloqueados e cerca de sete toneladas de carne apreendidas.
Uma das operações foi desencadeada para conter o tráfico de drogas e o ingresso de celulares no PRP e em casas prisionais de Charqueadas e Bagé, bem como para atacar a venda de drogas na Região Sul do Estado. Já a El Patron mirou no braço financeiro da organização criminosa ao desmantelar um esquema de agiotagem com juros abusivos, chegando até 280%, jogos de azar, rifas e lavagem de capitais. A facção movimentou desde 2023 mais de R$ 32 milhões. Houve o bloqueio de 1,3 mil contas bancárias e o sequestro judicial de quatro imóveis e 10 empresas, entre açougues, frigorífico e imobiliárias no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
A apuração do GAECO continua com a análise de documentos e busca por mais veículos e interrogatórios de suspeitos. Ao todo, são 118 pessoas investigadas, entre elas, 27 apenados, sendo oito transferidos do PRP. O coordenador do GAECO – Região Sul, promotor de Justiça Rogério Meirelles Caldas, foi o responsável pela investigação de cerca de um ano, que iniciou logo após a deflagração da Operação Caixa-Forte I, em dezembro de 2023, e também tendo como foco o PRP.
“Os números apresentados pelas Operações Caixa Forte-II e El Patron demonstram a efetividade da investigação realizada pelo GAECO para desmantelar essa organização criminosa que, de dentro do Presídio Regional de Pelotas, movimentava valores expressivos, lavava dinheiro nas carnes mediante três açougues e um frigorífico, movimentando e ocultando milhões de reais. Os valores bloqueados, os carros apreendidos e especialmente o número de armas nas prisões demonstram o êxito desta longa investigação que apurou o fato de que a mesma facção usava dinheiro do tráfico para fomentar a agiotagem e vice-versa”, ressalta o promotor.
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