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Opinião

Vicente Lucas de Lima - 'Proto-historiador' de Bagé

por Cássio Lopes

Em 14/11/2024 às 07:01h

por Redação JM

Vicente Lucas de Lima - 'Proto-historiador' de Bagé | Opinião | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Foto: Arquivo Pessoal

Vicente Lucas de Lima nasceu em Bagé no dia 12 de outubro de 1867. Filho de Brigadeiro Manuel Lucas de Lima e Elmira Reverbel, sexto filho do casal.

Fez parte do primeiro grupo de amantes da literatura, que fundou em dia 14 de abril de 1888, a Sociedade Culto às Letras, desempenhando nela a função de Primeiro Secretário. Seus organizadores eram quase todos, alunos do conceituado Colégio Perseverança.

No final da década de 1880, estudava na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde fez parte do "Batalhão Acadêmico" e participou diretamente dos acontecimentos que implantaram o nosso atual regime de governo.

Já no alvorecer de sua mocidade conquistara a confiança e admiração dos pró-homens da Republica pelo desassombro com que pregava o ideal da democracia. Era naquele tempo sócio prestigiado do celebre "Club Republicano Rio-Grandense”, tendo tomado parte nas reuniões em que se preparou o golpe definitivo que resultou na queda do império.

A partir desta data, os seus ideais políticos não sofreram solução de continuidade, pois sempre esteve ao lado do partido de Júlio de Castilhos (Partido Republicano Castilhista); do qual foi, segundo seus pares: um soldado leal e disciplinado, porque cumpriu todas as ordens emanadas da sua chefia, sem inquirir dos sacrifícios que lhe exigiam leais encargos.

Em 10 de junho de 1895, Assis Brasil fundou em Paris, na França, uma associação com o nome de Sociedade 184 Brasileira para a Animação da Agricultura. Que tinha como objetivo principal refletir com profundidade a questão rural brasileira. Em 1910 a Sociedade já contava, no Rio Grande do Sul, com 428 sócios efetivos e 292 contribuintes, dentre eles Vicente Lucas de Lima.

Casou em Bagé, no dia 16 de dezembro de 1899, com sua prima irmã Mathilde Lucas Martins, com a qual teve os filhos: Hildebrando César, Aristides Bayard e Matilde Beatriz. Participou em 1908, da diretoria do Centro Gaúcho de Bagé, onde desempenou função de Segundo Secretário.

Em 1914, foi diretor de estatística do governo do Intendente de Bagé, Martim (Tupy) Silveira. Oportunidade, em que elaborou o relatório anual da gestão, onde descreveu com riquezas de detalhes a história, a geografia e as lendas do município. Foi presidente por dois biênios (1927 a 1928 e 1931 a 1932) da Associação Rural de Bagé, tendo feito parte de quase todas as diretorias desde a fundação da instituição.

Algumas das ações marcantes de sua gestão são: a parte importante que a associação tomou na fundação da “Federação das Associações Rurais do Estado” e a elaboração de um trabalho sobre o combate ao contrabando de gado, que foi muito bem aceito pela comunidade.

Foi Intendente de São Gabriel, por cinco meses (16/06/1930 a 20/11/1930), oportunidade em que foi chefe civil da revolução ocorrida na cidade, no dia três de outubro de 1930. Após, foi deposto, nos últimos dias de novembro, através do Decreto Federal nº 19.398 (11/11/1930), que substituiu os intendentes por prefeitos municipais. Em seu lugar, foi nomeado o Coronel Augusto José Seixas. Também foi escritor e colunista, redigindo textos, em que divulgava os seus ensinamentos e princípios através de publicações pela imprensa e fascículos. Tendo inclusive, colaborado em diversos congressos rurais do Estado do Rio Grande do Sul.

Ademais, ocupou os seguintes cargos: Juiz Distrital, em Bagé; Fiscal do Frigorifico Swift, em Rio Grande; Inspetor Escolar; Encarregado da Mesa de Rendas Estaduais em Bagé. E concomitante a tudo isso, ainda foi pecuarista, no antigo 5º Distrito de Bagé, onde tinha uma propriedade rural, denominada Granja Vicente Lima.

Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de julho de 1947. O Coronel Vicente Lucas de Lima foi um homem adiante do seu tempo, sendo considerado por Tarcísio Taborda, como um dos proto-historiadores de Bagé; e conceituado por José Carlos Teixeira Giorgis (Juca Giorgis), como um dos historiadores pioneiros da Rainha da Fronteira.

Fontes:

Gonçalves, José Otávio Netto (Garcia, Élida Hernandez); "Associação e Sindicato Rural de Bagé – 100 anos", Bagé, CECOM/Urcamp, 2004.

Silveira, Gustavo Py Gomes da; “Os Reverbel”, Porto Alegre, Caravelas, 2012.

Timm, Otacilio B. (Gonzales, Eugenio); “Álbum Ilustrado do Partido Republicano Castilhista Rio Grande do Sul”, 1934.

“Os Presidentes da Associação Rural de Bagé", s/autor, CECOM/FAT-FunBa, 1978.

Eurico J. Salis em sua História de Bagé

Perfis Parlamentares: Assis Brasil. Perfil Biográfico e Discursos (1857 - 1938). Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

Joaquim Francisco de Assis Brasil

Genealogia dos Lucas

Artigos “A certidão de batismo de Bagé” e “O detalhe como valor histórico” de José Carlos Teixeira Giorgis (Juca Giorgis)

https://www.crccidadao.com.br/crcCidadao/pesquisa

https://www.facebook.com/beraldo.lopes/posts/154936768494956

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Colaboraram com essa pesquisa: Edgard Lopes Lucas; José Carlos Teixeira Giorgis (Juca Giorgis); Márcio Teixeira; Suely Ritta Teixeira; e Beraldo Lopes Figueiredo.

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