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Direito Urcamp - 55 anos

Da 1ª à 100ª turma: o legado do curso de Direito

Em 10/11/2024 às 10:45h
Yuri Cougo Dias

por Yuri Cougo Dias

Da 1ª à 100ª turma: o legado do curso de Direito | Direito Urcamp - 55 anos | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Acadêmicos abriram um novo capítulo do Ensino Superior local - Foto: ReproduçãoJM

Em 1969, em um Brasil marcado por conflitos políticos pelos efeitos de transformações globais, Bagé dava um passo decisivo em sua própria história. Nascia o curso de Direito da então Faculdades Unidas de Bagé (FUnBA), marcando uma nova fase para a cidade e a região. Era a primeira vez que se oferecia a oportunidade de formação jurídica local, sem a necessidade de deslocamento para centros maiores como Porto Alegre ou Pelotas. Para os bajeenses, em uma cidade de raízes conservadoras e com uma forte tradição no setor agropecuário, o curso de Direito representava um salto cultural e econômico, uma abertura para novas possibilidades profissionais e um ponto de partida para aqueles que desejavam ser agentes de transformação social.

A primeira turma, composta por jovens cheios de expectativa e profissionais já renomados em órgãos de segurança da cidade, trazia em si o espírito pioneiro e o desejo de conhecimento. Entre eles estava Cláudio Leimeszek, figura emblemática que vivenciou o início de uma experiência que transformaria para sempre a realidade de muitos estudantes e profissionais da região. Ao longo de 55 anos, o curso de Direito da Urcamp formaria 100 turmas e se consolidaria como um dos mais importantes do interior gaúcho, responsável por produzir advogados, promotores, juízes e cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.

Marco inicial

Cláudio Lemieszek, advogado formado na primeira turma de Direito da então FUnBA, traz um testemunho vivo e valioso do início de uma trajetória que, com o tempo, transformou o cenário educacional e cultural de Bagé. Nos primeiros anos da década de 1970, quando a cidade ainda se encontrava distante do dinamismo universitário que hoje caracteriza a região, Lemieszek, com seus 19 anos, trocou a capital Porto Alegre pela fronteira sul do estado, trazendo consigo a energia da juventude e a mente aberta de tempos modernos.

Naqueles dias, Bagé ainda não experimentava o efervescente espírito universitário que hoje permeia suas ruas e escolas. A cidade já contava com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, mas o ensino superior era visto de maneira muito diferente: frequentado em grande parte por alunos de faixas etárias mais elevadas, que viam a educação superior como uma formação complementar e não como um passo essencial para a ascensão profissional. A chegada do curso de Direito, seguida pela implementação de cursos de Medicina Veterinária e Agronomia, representou uma verdadeira guinada para Bagé, proporcionando uma nova perspectiva. “Mudou muito, deu maior ênfase ao espírito universitário”, afirma Lemieszek. Esse novo "espírito" universitário estava começando a ganhar forma, e foi ele e seus colegas, como jovens sedentos por mais do que um diploma, que buscavam vivenciar experiências, trocas culturais e, acima de tudo, o pertencimento a uma comunidade que aspirava ao crescimento intelectual e social.

As aulas no Bloco B da Urcamp, onde Lemieszek estudava, eram, para ele, um reflexo da diversidade e do contraste daquele momento. Ali, ele dividia o espaço com colegas muito mais velhos, muitos dos quais já estavam estabelecidos na sociedade bajeense como profissionais, como João Bosco Abero, um homem feito e inspetor de polícia à época. Lemieszek, o mais jovem da turma, se via diante de um ambiente que, ao mesmo tempo que desafiava e estimulava, refletia a pluralidade de uma cidade que ainda estava em transição. A Academia começava a criar raízes em Bagé, e a vivência dessa juventude se expandia para além das paredes das salas de aula.

A influência dos estudantes logo ultrapassou os limites do campus, se infiltrando no comércio local e criando novas tradições que até hoje são lembradas. Um exemplo disso foi a introdução do “Dia do Pindura”, uma prática dos estudantes de Direito, onde a conta em restaurantes locais ficava “pendurada” – um gesto de rebeldia que, ao mesmo tempo, celebrava a união do grupo e questionava as normas estabelecidas.

Os professores da primeira turma de Direito desempenharam um papel fundamental na construção do curso. Alguns deles eram juristas e advogados de grande renome, e, mais do que transmitir conteúdos, se viam desafiados pela tarefa de criar e consolidar um curso de Direito do zero. Lemieszek recorda com carinho e respeito os nomes de Tarcísio Taborda, professor de Direito Constitucional; Telmo Candiota da Rosa, que lecionava Direito Penal; e Rubem Almeida, responsável por Direito Administrativo. Esses mestres eram muito mais do que instrutores; eram formadores de uma geração que começava a dar novos rumos ao ensino superior em Bagé. "Nós fomos privilegiados com grandes advogados que se dedicaram", afirma Lemieszek.

Hoje, com mais de 50 anos de formação em Direito, Lemieszek olha para trás com uma sensação de realização, pois, como ele mesmo diz, sua trajetória e a de tantos outros colegas ajudaram a consolidar a reputação da Urcamp e a transformar Bagé em um centro universitário respeitado. A cidade, antes distante do universo acadêmico, passou a pulsar com o espírito jovem que emanava de seus alunos, que iam além da busca pelo conhecimento formal. Com o tempo, novos cursos começaram a atrair estudantes de outras cidades e até de estados vizinhos. A chegada de jovens vindos do interior, como os filhos de fazendeiros que escolhiam os cursos de Veterinária e Agronomia, trouxe uma renovação para Bagé, tornando a cidade um polo educacional que, hoje, recebe um fluxo constante de estudantes e profissionais de diversas áreas.

Lemieszek, com sua memória vívida, também recorda a mudança visível no cotidiano de Bagé com o aumento do número de estudantes universitários. As ruas da cidade, antes mais tranquilas, começaram a ser ocupadas por jovens em suas motocicletas "cinquentinhas" e "125", que cortavam a cidade com uma energia vibrante. Essa juventude, ávida por explorar a cidade, dava vida à mítica Rua Sete de Setembro e a outros pontos de Bagé, movimentando também o comércio local e trazendo uma nova dinâmica social.

O impacto desse movimento se estendeu para além da Urcamp, e o curso de Direito foi uma verdadeira semente que, ao longo das décadas, germinou e deu frutos que ajudaram a moldar o perfil de Bagé. Hoje, a cidade é um exemplo de como o investimento no ensino superior pode transformar uma região, não apenas em termos econômicos, mas também culturais e sociais. A relação entre a cidade e a universidade tornou-se simbiótica, e Bagé se tornou uma cidade universitária, com uma comunidade vibrante e diversificada.

O inusitado caso do Diretório Acadêmico

A história do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito de Bagé, nos anos 1970, é uma narrativa marcada por resistência, juventude, coragem e, não menos importante, repressão. A criação do diretório, uma proposta da própria faculdade, visava suprir a necessidade de uma representação estudantil organizada no curso de Direito, à semelhança do que já acontecia nas outras áreas da universidade. Lemieszek, com seu espírito rebelde e revolucionário, aceitou o desafio com entusiasmo. “Eu era conhecido como Tupa, Tupa Amaro. Tinha barba, cabelo comprido, bem ao estilo dos Beatles e da Jovem Guarda. Era um guri de 19 anos com um fusca preto”, relembra com um sorriso.

A proposta de Lemieszek de criar o diretório acadêmico teve um toque de ousadia quando ele sugeriu o nome "Jan Palach", uma homenagem ao estudante que se imolou em 1968 como protesto contra a invasão soviética na Tchecoslováquia. O nome, que simbolizava resistência e a luta por liberdade, causou controvérsia e gerou um conflito imediato com a administração da faculdade. “Eu insistia que o nome havia vencido democraticamente”, recorda Lemieszek, ressaltando sua postura de não ceder diante das pressões.

A reação das autoridades não demorou a acontecer. No dia seguinte, Lemieszek foi chamado pelo diretor da faculdade e recebeu a sugestão de realizar uma nova votação para tentar reverter o nome escolhido pelos estudantes. A situação tomou contornos ainda mais sérios quando um colega delegado de polícia o aconselhou a ir à delegacia. Lá, ele recebeu uma advertência de que já estaria sendo investigado e, dessa forma, foi orientado a retirar a proposta.

Com a reeleição, a proposta de Jan Palach foi enfraquecida por uma estratégia de fragmentação dos votos. No final, o nome não venceu. No entanto, essa tentativa de resistência estudantil acabou se tornando um marco na sua juventude e em sua trajetória. No final, o nome escolhido Félix Contreiras Rodrigues do diretório, que hoje é chamado de Tarcísio Taborda, cujos feitos dispensam mais comentários.

O caso é uma lembrança da tensão política da época e da força das convicções de uma geração que se levantava contra as imposições autoritárias, mesmo diante da repressão e do medo. A história do Diretório Acadêmico, com sua luta por um nome simbólico, foi apenas um dos muitos pequenos passos que contribuíram para o fortalecimento do espírito universitário em Bagé, uma cidade que, com o tempo, se transformaria em um polo de ensino superior de destaque.

A Urcamp, ao longo das últimas cinco décadas, formou mais de 100 turmas e adaptou seu curso de Direito às demandas e aos desafios dos diferentes tempos. Atualmente, o curso possui uma grade curricular que se alinha às necessidades contemporâneas e inclui disciplinas voltadas para direitos digitais e métodos alternativos de resolução de conflitos. Os acadêmicos de hoje possuem acesso a uma infraestrutura moderna e a conteúdos atualizados, mas, para Cláudio Leimeszek, o espírito que move a Urcamp permanece o mesmo.

"A Urcamp é uma instituição que carrega uma responsabilidade muito grande. Ela formou profissionais que, como eu, saíram dali com o desejo de fazer a diferença em Bagé. A 100ª turma representa a continuidade de um legado que começou pequeno, mas que se transformou em algo muito maior", afirma ele. Hoje, o perfil dos alunos de Direito da Urcamp é diverso, refletindo as mudanças na cidade e na sociedade. Jovens que buscam grandes carreiras dividem as salas com aqueles que, como Leimeszek, sonham em contribuir para o crescimento de suas comunidades. Para a cidade de Bagé, o curso de Direito continua a ser um importante pilar, formando profissionais que atendem às necessidades sociais e promovem uma cultura de cidadania e direitos.

Personagens de uma nova história

Na segunda parte da reportagem especial, estão expostas histórias de alguns dos futuros bacharéis da 100ª turma do curso de Direito da Urcamp, uma turma histórica que colará grau no dia 15 de março de 2025. Cada um dos formandos traz consigo uma trajetória única, motivada por sonhos pessoais, desafios superados e uma forte conexão com a cidade de Bagé. Esses estudantes, que ao longo de cinco anos experimentaram as mudanças que o curso passou, sejam elas no formato das aulas ou nas demandas do mercado jurídico, compartilham suas expectativas, sonhos e as lições que aprenderam ao longo dessa jornada.

Silvia Bassan: Da Administração ao Direito

A trajetória de Silvia Lopes da Cunha Bassan, de 25 anos, é um exemplo de como os caminhos profissionais podem se entrelaçar de formas inesperadas. Graduada em Administração e com um MBA em Gestão e Business Law, ela decidiu ingressar no curso de Direito ao perceber uma afinidade crescente com as disciplinas jurídicas durante sua formação anterior. "Trabalho em uma área na qual o conhecimento jurídico é indispensável em diversos momentos, como para realizar negociações, redigir contratos e lidar com recursos humanos", explica Silvia.

Seus cinco anos no curso foram repletos de desafios, especialmente nos dois primeiros anos, quando as aulas passaram a ser remotas devido à pandemia. A transição para o ensino à distância exigiu adaptações significativas, mas Silvia destaca que, apesar das dificuldades, as amizades e o senso de comunidade entre os colegas foram fundamentais para seu desenvolvimento. "Foi nesse ambiente que encontrei apoio e inspiração. A conexão que formamos ajudou a superar o distanciamento físico", reflete. Com seus olhos voltados para o futuro, Silvia já planeja iniciar os estudos para a prova da OAB no primeiro semestre do próximo ano, determinada a consolidar sua carreira e contribuir com a sociedade por meio de seu novo conhecimento.

Mohamed Nimir Yusuf: a inspiração familiar

Mohamed Yusuf, de 22 anos, sempre soube que sua trajetória estava intimamente ligada ao Direito, inspirado pela dedicação e exemplo de seus pais, ambos advogados. "O Direito sempre foi uma escolha natural para mim", revela. À medida que avançava no curso, Mohamed se aprofundou em diversas áreas, mas encontrou um interesse especial nas disciplinas de Direito Constitucional e Sucessório.

Seus estágios, principalmente em órgãos públicos, foram cruciais para moldar suas aspirações profissionais. "Estagiar em instituições como a Justiça Federal me proporcionou uma visão mais ampla sobre a importância da nossa atuação no sistema jurídico", diz Mohamed. Com um olhar determinado, ele expressa seu desejo de seguir carreira na magistratura federal, um objetivo que ele encara com uma mistura de paixão e responsabilidade. "Acredito que a magistratura é um caminho onde posso realmente fazer a diferença na vida das pessoas", conclui.

João Gaist: debates e conhecimento compartilhado

João Pedro Gaist, também de 22 anos, encontrou no Direito uma formação que vai além da mera preparação para uma profissão; para ele, é um caminho de crescimento pessoal e intelectual. "A riqueza das discussões e debates em sala de aula foi uma das experiências mais marcantes para mim", destaca. João Pedro acredita que o Direito transcende o estudo das leis, abrangendo uma ampla gama de perspectivas que moldam o sistema jurídico.

Ele valoriza a dinâmica do curso, que incentivou o pensamento crítico e a troca de ideias entre os alunos. "Aprendi que cada debate nos enriquece, nos faz questionar e entender melhor a sociedade em que vivemos", afirma. Com planos de aplicar seus conhecimentos para se tornar um profissional de destaque, João Pedro espera que sua contribuição à sociedade seja um reflexo de sua dedicação e aprendizado na Urcamp. "Levo comigo amizades e vivências que moldaram meu dia a dia e que espero que façam diferença em minha trajetória futura", conclui.

Ana Macedo: a paixão pela Defensoria Pública

Ana Brasil Macedo, de 22 anos, é uma verdadeira defensora da justiça. Desde que entrou no curso de Direito, sua vocação ficou clara: trabalhar na Defensoria Pública. "Foi o primeiro e único curso que considerei para a minha vida profissional", diz Ana, que, mesmo sem referências familiares diretas na área, se apaixonou pela profissão ao longo do curso. A pandemia, que representou um desafio para muitos, não a impediu de construir laços significativos com colegas e professores, que se tornaram parte essencial de sua jornada.

Seu estágio na Defensoria Pública foi uma experiência transformadora. "Ali, descobri o que é ser realizada profissionalmente; é uma instituição apaixonante", conta. Para Ana, a importância do trabalho da Defensoria é inegável, pois ela enxerga o impacto direto que esse serviço tem na vida das pessoas. Em busca de concursos, ela vê a Defensoria como sua vocação. "Estou determinada a passar no próximo concurso e me tornar defensora pública, para poder ajudar aqueles que mais precisam", afirma, com um brilho no olhar que reflete sua determinação.

Os rumos para o futuro

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Ao refletir sobre os 55 anos de trajetória do curso de Direito da Urcamp, evidencia-se um percurso marcado por significados e transformações. Desde a formação da primeira turma, onde pioneiros como Cláudio Lemieszek desbravaram o universo jurídico na região, até a iminente graduação da 100ª turma, o curso se consolidou como uma instituição de ensino respeitável, refletindo o crescimento de Bagé. Nos anos passados, ele se tornou uma oportunidade ímpar para jovens que, muitas vezes, precisavam se deslocar para outras cidades em busca de formação superior. A Urcamp trouxe a possibilidade de cursar Direito na região, inaugurando uma nova era para o desenvolvimento local. Na década de 70, em um contexto de transformação social e busca por direitos, o curso funcionou como um espaço propício para a construção do pensamento crítico e a formação de lideranças, resultando na formação de profissionais respeitados e influentes, não apenas no campo jurídico, mas também em diversas áreas.

Atualmente, o curso de Direito da Urcamp continua a ser um pilar fundamental na formação de uma nova geração que enxerga o Direito como um campo vasto de possibilidades e atuações. A integração entre teoria e prática, com oportunidades de estágio desde os primeiros anos, molda o perfil dos estudantes e os aproxima de uma realidade jurídica rica em nuances. Os depoimentos de alunos como Mohamed Yusuf e Ana Brasil Macedo ilustram a diversidade de interesses e sonhos que caracterizam a formação jurídica. Esses jovens veem o Direito como uma ferramenta de transformação social, impulsionando a defesa de causas e a busca por uma sociedade mais justa. Com um currículo em constante adaptação, que incorpora as novas demandas do mundo jurídico, o curso se prepara para os desafios do futuro, como os avanços tecnológicos e a necessidade de uma atuação ética e comprometida. Assim, a Urcamp se projeta como um elo entre o passado e o futuro, cultivando um legado que une tradição e inovação na formação de profissionais prontos para enfrentar os desafios do tempo.

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