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GRANIZO EM BAGÉ

Um ano depois, bajeenses ainda enfrentam trauma por queda de granizo

Episódio em 23 de setembro de 2023 devastou telhados na Rainha da Fronteira

Em 23/09/2024 às 08:30h
Rochele Barbosa

por Rochele Barbosa

Um ano depois, bajeenses ainda enfrentam trauma por queda de granizo | GRANIZO EM BAGÉ | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Aposentado, Manuel Neves reconstruiu todo o telhado com ajuda dos filhos | Foto: Felipe Valduga

No dia 23 de setembro de 2023, uma violenta tempestade de granizo afetou mais de 10 mil imóveis em todas as regiões de Bagé, segundo dados da Defesa Civil. Com o primeiro aniversário da tragédia se aproximando, muitos moradores ainda lidam com os desafios de reconstruir suas casas e superar os traumas. O episódio mais recente, ocorrido na quinta-feira, dia 19, trouxe à tona os medos daqueles que, no ano passado, enfrentaram grandes dificuldades.

O aposentado Manuel Neves, morador da Rua do Esperanto, no bairro Pedra Branca, foi um dos atingidos pela tempestade. Ele precisou reformar todo o telhado da casa. "Meus filhos fizeram o conserto. Colocamos telhado de zinco. Recebemos umas telhas finas primeiro, 10 telhas, mas não resolveu. Disseram que trariam mais, mas não voltaram. Depois de uma forte chuva que encheu a casa de água, meus filhos decidiram trocar tudo por telhas de zinco", relatou.

A trabalhadora doméstica Maiara Luiz de Luiz, de 33 anos, moradora da Rua Francisco Brochado da Rocha, próxima à Avenida São Judas Tadeu, também sofreu com a tempestade. Ela conta que, até hoje, tem dificuldade para dormir e sente angústia em dias de chuva. "Fico em pânico quando começa a chover. Fui viajar em novembro do ano passado e, na casa da minha irmã, em Ijuí, pegamos um temporal. Desde o granizo em Bagé, me sinto aterrorizada sempre que há tempestade", desabafou.

Maiara relatou que, além de sua casa, as residências de sua mãe e de seu avô, que ficam próximas, também foram fortemente atingidas. "Eu estava dormindo quando acordei com o barulho. Foi assustador. Agarrar minha filha, que tinha quatro anos na época (hoje ela tem cinco), foi meu primeiro instinto. Meu marido e eu abrimos a janela e ficamos apavorados com o tamanho das pedras. Encontramos grandes buracos em várias partes da casa. Já na casa da minha mãe, o estrago foi ainda maior. Compramos 10 telhas para os reparos", lembrou. A mãe de Maiara, Márcia Luiz de Luiz, cabeleireira, também sofreu prejuízos e precisou agir rapidamente. "Tivemos que trocar as telhas imediatamente, nem deu tempo de fazer o cadastro na Defesa Civil, pois a água já estava entrando", contou.

Para se ter uma ideia, a Defesa Civil estimou a necessidade de 170 mil telhas para atender todas as residências afetadas em Bagé. E uma série de auxílios foram divulgados e equipamentos entregues à população. Não houve, contudo, uma contabilização detalhada de quantos utilizaram as doações ou preferiram custear os próprios reparos para não demorar a realizar os ajustes e busca a retomada da tranquilidade.

Além das residências, a tempestade de granizo do dia 23 de setembro de 2023 também causou prejuízos em veículos, resultando em vidros quebrados e danos à lataria. O setor automotivo enfrentou uma demanda intensa para reparos. Um exemplo foi a Karina Auto Vidros, que recebeu mais de 300 chamados apenas no fim de semana do temporal. Com agenda cheia, a empresa realizou a substituição de até 30 vidros por dia, sendo os para-brisas os mais solicitados.

Além de danos materiais

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Além dos danos materiais, a tempestade deixou dezenas de feridos. No esforço de consertar os estragos em suas casas, cerca de 40 moradores de Bagé se machucaram, segundo dados divulgados na época. Um desses casos foi o de Laércio Veleda Pereira, morador da Rua 19 de Abril, no bairro São Jorge, que precisou de cinco pontos na cabeça após cair de uma escada. "A escada estava podre e quebrou enquanto eu tentava cobrir a casa com lona. Acabei caindo e a escada bateu no meu rosto", relatou.

Conforme informações da Prefeitura de Bagé, até o sábado seguinte à tempestade, oito pessoas apresentavam fraturas, sendo que uma delas foi internada na UTI com traumatismo craniano. Cerca de 20 a 30 moradores receberam atendimento na Santa Casa de Caridade de Bagé, principalmente por escoriações e quedas de telhado. Além disso, 16 pacientes com crises de ansiedade foram atendidos na UPA.

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