Urcamp
Debate aponta papel da Pecuária Familiar na realidade da produção regional
Rodolfo Franco, Vera Collares, Claudio Ribeiro e Marcos Borba analisaram situação em encontro realizado na terça-feira
por Redação JM
Em geral, a visão que se tem a respeito da pecuária fica limitada aos grandes produtores rurais, proprietários de grandes rebanhos de gado. Porém, a realidade da pecuária brasileira é diferente. A maior parte dos pecuaristas ainda atua no regime conhecido como Pecuária Familiar. A diferença entre as duas situações é que os pequenos produtores precisam enfrentar a escassez de acessos a benefícios e, principalmente, a políticas públicas que os coloquem em condição de produzirem mais e com qualidade. Esses e outros temas foram aprofundados na noite de terça-feira, 17, no Salão da Urcamp de Bagé. Um painel promovido pela Pró-reitoria de Inovação, Pós-graduação, Pesquisa e Extensão reuniu profissionais experientes e pesquisadores ligados ao campo para falar sobre “Os Rumos da Pecuária Familiar”.
O pró-reitor, professor doutor Guilherme Collares, apresentou uma lista de convidados para compartilhar seus conhecimentos, principalmente, com um público formado por acadêmicos de Agronomia e Médicos Veterinários. As contribuições vieram do médico veterinário, doutor Marcos Borba, que é chefe-adjunto de Pesquisa da Embrapa Pecuária Sul, o uruguaio, mestre em Ciências Agrárias, Rodolfo Franco, o professor da Unipampa e doutor em Desenvolvimento Rural, Cláudio Ribeiro, e a pecuarista familiar, Vera Collares, que lidera a Associação para Grandeza e União das Palmas – AGRUPA.
“Nós estamos passando por algo inédito, somos oito bilhões de pessoas utilizando a terra e se alimentando dela”, provocou Borba em sua fala, e completou: “Hoje as pessoas acima dos 50 anos estão vivendo mais e isso determina um padrão de alimentação, ou seja, não comem qualquer coisa. A pecuária familiar é a que nos dá a melhor condição de se produzir com qualidade, da maneira correta e com sustentabilidade”.
Agindo como mediador do encontro, Cláudio Ribeiro destacou o perfil do pecuarista familiar. Um produtor que atua com gado de corte, essencialmente na Metade Sul, no pampa e nas fronteiras com o Uruguai e Argentina. “Aqui estamos debatendo o que pode estar ameaçando esta categoria, tendo em vista as mudanças que estão acontecendo nas questões agrárias ou atividades que surgem, como a soja, a videira e a oliveira, e outras ameaças, como a mineração, por exemplo”, destaca.
Já a pecuarista familiar Vera Collares, reforçou um outro perfil da categoria, que passa despercebido para a maioria das pessoas. “Nós cuidamos do Bioma Pampa, das matas silvestres e ciliares, da fauna, pois preservamos e ajudamos a manter”, alerta. Ela destaca a necessidade de acesso às políticas que melhorem a condição do pecuarista familiar.
O pró-reitor reforçou o papel da Urcamp na busca de temas e discussões que melhorem o desenvolvimento regional e a vida das pessoas. “É nosso papel enquanto instituição comunitária levantar debates atualizadis. Tem muita gente que trabalha com suas famílias e se observa cada vez mais a escassez de mão de obra e as próprias famílias trabalhando no campo. Isso é uma grande realidade da nossa região”, explica Collares. O gestor aponta a necessidade de programas específicos que possam favorecer a permanência do pequeno pecuarista no campo. “Nosso trabalho aqui é discutir e apontar soluções para que este produtor seja visto. Se fala no agronegócio, no agricultor familiar, mas não se conhece o pecuarista familiar. Então, precisamos debater este assunto e procurarmos nossos gestores para que esta categoria seja lembrada”, finaliza Collares.