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Urcamp

Acadêmicas de Biomedicina são aprovadas para 19º Congresso Gaúcho de Análises Clínicas

Em 21/11/2024 às 10:38h
Yuri Cougo Dias

por Yuri Cougo Dias

Acadêmicas de Biomedicina são aprovadas para 19º Congresso Gaúcho de Análises Clínicas | Urcamp | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Pesquisas foram feitas no Laboratório de Biologia Molecular do HU - Foto: Yuri Cougo Dias

Três estudantes do curso de Biomedicina da Urcamp representarão Bagé no Congresso Gaúcho de Análises Clínicas (19º Congrelab), que será de 19 a 23 de novembro, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. Os trabalhos aprovados são frutos de pesquisas realizadas no Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Universitário da Urcamp (HU), sob a orientação do professor doutor Rafael dos Reis.

As acadêmicas Nicole Hahn, Bárbara Seccon e Gabriela Leal, todas do oitavo módulo de Biomedicina, desenvolveram estudos focados em temas de relevância clínica e social, como o diagnóstico de tuberculose e a resistência bacteriana em microrganismos hospitalares.

Aprimorando o monitoramento da tuberculose

Nicole Hahn, 22 anos, apresentou o trabalho intitulado “Comparação do Xpert MTB/RIF Ultra e baciloscopia na monitorização da carga bacteriana em TB com cálculo N-CT”. Seu estudo comparou dois métodos utilizados no monitoramento de pacientes com tuberculose: a baciloscopia, técnica tradicional de análise de amostras de escarro, e o teste molecular Xpert MTB/RIF Ultra, conhecido por sua alta sensibilidade.

A pesquisa utilizou um cálculo denominado N-CT, baseado em um artigo publicado na revista Nature, para correlacionar a carga bacteriana avaliada pelos dois métodos. O estudo revelou que o cálculo N-CT oferece maior precisão, reduzindo limitações da baciloscopia, como sua dependência de uma análise manual sujeita a falhas. “Nosso trabalho demonstrou uma linearidade significativa entre os métodos, com uma acurácia de 80% ao utilizarmos o cálculo N-CT como ponto de corte para positividade”, explica Nicole. Esse avanço pode melhorar a precisão na detecção da resposta ao tratamento da tuberculose, contribuindo para ações mais eficazes no controle da doença.

O professor Rafael dos Reis destacou que o trabalho de Nicole também explorou a capacidade do teste molecular de identificar resistência à rifampicina, medicamento essencial no tratamento da tuberculose. Embora nenhum caso de resistência tenha sido identificado, o estudo reforça a importância de monitoramentos avançados, especialmente em populações vulneráveis, como indivíduos privados de liberdade.

Desvendando genes de resistência bacteriana

Gabriela Leal, 29 anos, focou sua pesquisa na detecção dos genes blaKPC e blaNDM, associados à resistência antimicrobiana em isolados de Pseudomonas e Acinetobacter baumannii. Esses microrganismos estão frequentemente relacionados a infecções em unidades de terapia intensiva (UTIs), onde o uso indiscriminado de antibióticos favorece o surgimento de cepas resistentes.

A pesquisa revelou que 92% dos isolados de Acinetobacter baumannii foram negativos para os genes analisados, sugerindo que outro gene, o Oxa, seja o principal responsável pela resistência. Este achado está alinhado com estudos realizados em Porto Alegre, que apontam alta prevalência de Oxa nessa bactéria.

Entretanto, a análise das Pseudomonas trouxe um dado inédito: a identificação do gene blaNDM, o primeiro caso registrado na região da Campanha. “Esse resultado reforça a importância de monitorar essas bactérias na prática clínica, pois a resistência antimicrobiana em UTIs pode levar a quadros infecciosos graves e de difícil controle”, ressalta Gabriela.

Pioneirismo na detecção de coexpressão gênica

O estudo de Bárbara Seccon, 22 anos, intitulado “Coexpressão de blaKPC e blaNDM em isolados de enterobacteriales: primeira descrição na região de Campanha”, analisou amostras de enterobactérias resistentes, coletadas de banco de bactérias de um laboratório de Bagé. Seu foco foi a identificação de cepas que apresentassem coexpressão dos genes blaKPC e blaNDM, fenômeno até então não descrito na região.  

Das 32 amostras positivas para com múltipla resistência a antibióticos quatro isolados apresentaram a coexpressão dos dois genes. Esse resultado, segundo Bárbara, destaca a necessidade de implementar uma vigilância genômica mais robusta. “Esse tipo de resistência é preocupante porque reduz drasticamente as opções terapêuticas disponíveis, especialmente em cenários hospitalares críticos”, explica.  

A pesquisa também reforça a importância de iniciativas colaborativas entre hospitais e universidades para o controle da resistência bacteriana, abordando um problema global com soluções regionais.  

Contribuições para a ciência e a saúde pública

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Os trabalhos aprovados para o 19º Congrelab são exemplos de como a pesquisa acadêmica pode trazer benefícios diretos para a sociedade. “Gera contribuições ao implementar na cidade metodologias inovadoras, trazendo informações do nosso cenário epidemiológico de infecções por germes multirresistentes (aqueles sem raras ou sem opções terapêuticas), bem como introduzir os acadêmicos na pesquisa científica. As descobertas feitas no Laboratório de Biologia Molecular do HU, com apoio financeiro do laboratório Bioanálise, não só avançam o conhecimento científico, mas também fornecem dados importantes para o desenvolvimento de políticas de saúde, especialmente em regiões onde a resistência bacteriana e a tuberculose permanecem com desafios significativos. Gostaria de ressaltar, também, que esta é a Semana Mundial de conscientização no uso de antimicrobianos, promovida pela OMS, com objetivo de aumentar a conscientização sobre a resistência bactériana”, argumenta Reis.

E assim, o curso de Biomedicina e, consequentemente, a Urcamp, tornam-se ainda mais evidenciados dentro do cenário científico estadual e nacional.

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