Nossa Gente
Valdeci, o encantador de cavalos
por Giana Cunha
Foi por acaso que o "Nossa Gente" encontrou Valdeci Nascimento, e agora o público vai conhecer uma bela história que une seres humanos e animais em uma conexão extraordinária. Ele estava próximo à Praça Santos Dumont, no entroncamento de duas avenidas movimentadas, Santa Tecla e Presidente Vargas, em Bagé. A cena, que poderia passar despercebida em pleno Mês Farroupilha, trazia três personagens inusitados: um gaúcho pilchado, um cavalo e seu "cusco".
A cadela Estrela, de um ano e meio, estava montada sobre o cavalo, o que despertou a curiosidade da equipe. Valdeci de Figueiredo Nascimento, 58 anos, casado e aposentado, explicou que, segundo seu pai, montou a cavalo pela primeira vez aos três anos e meio e, desde então, nunca mais parou.
Sua relação com os animais sempre foi natural, e os caminhos profissionais o levaram a trabalhar com eles. Serviu no Exército Brasileiro, onde era responsável pelos cavalos, e, mais tarde, atuou na Brigada Militar. Mesmo após encerrar suas atividades, continuou próximo aos animais.
Valdeci aperfeiçoou suas habilidades por meio de estudos, especializando-se na Doma Racional. Hoje, é domador, ministra cursos e palestras sobre doma e manejo de cavalos. Essa experiência resultou no livro "TDC: Trabalho Diferenciado com Cavalos", que já alcançou países como Argentina e Canadá. Ele enfatiza que todo o treinamento é realizado sem maus-tratos, com base na repetição e no fortalecimento da confiança entre o animal e o treinador. “É uma relação de respeito e paciência”, afirma.
Sempre pilchado, do chapéu ao lenço no pescoço, Valdeci é a personificação da figura tradicional do gaúcho. Nascido em Rio Pardo, acabou se estabelecendo em Bagé, onde serviu ao Exército na juventude. Apesar de ter morado em outras cidades, retornou ao município.
Em sua vida, onde a cultura e a tradição são preservadas, os animais têm espaço de destaque. Guapo, seu cavalo, possui uma cocheira construída especialmente para ele nos fundos da casa, enquanto Estrela, a cadela, acompanha tudo e também recebe treinamento. Foi assim que ela aprendeu a andar a cavalo, entre outras habilidades.
Durante a visita da equipe, Valdeci mostrou o quanto seu cavalo é bem treinado. Com um gesto, Guapo cumprimentou com uma das patas dianteiras e deitou-se para que Estrela pudesse subir em seu dorso. Os três formam uma parceria admirável, que pode ser vista pelas ruas de Bagé, baseada em uma relação de respeito e amizade.
Valdeci explica: “O cavalo é companheiro, o cachorro é amigo. Este 'cusco' abandonou a matilha para viver com a gente, e vive bem. O cavalo é diferente: é grande, forte, inteligente, mas se aproxima do homem por interesse. A doma faz com que ele fique mais próximo do ser humano, pois é um animal muito submisso.” Ele também compartilhou lições sobre como entender a linguagem corporal dos cavalos, algo que domina com maestria. "O cavalo fala pela posição da cabeça e das orelhas. Um bom domador sabe interpretar as 36 posições das orelhas. Cabeça alta e orelhas para frente indicam atenção. Se as orelhas estão para trás, significa 'não se aproxime'. Se ele abaixar a cabeça e colocar as orelhas para trás, é um aviso de que pode dar um coice ou morder", explica.
Conhecer essa linguagem é fundamental para evitar acidentes, destaca ele, lembrando que, mesmo um cavalo manso, deve sempre ser abordado de frente, para que o animal possa ver claramente quem se aproxima.
{AD-READ-3}Valdeci também ressaltou os benefícios das atividades que envolvem cavalos, especialmente a equoterapia, que trabalha músculos e articulações e fortalece o vínculo entre humanos e animais. "O cavalo, mesmo andando devagar, proporciona um exercício valioso. Uma simples volta a cavalo traz benefícios físicos, mentais e psicológicos. O convívio com os animais transforma as pessoas", afirma.
Quem quiser conhecer mais sobre essa história pode assistir ao vídeo disponível nas redes sociais do JM. Para saber mais sobre Valdeci, Guapo e Estrela, basta seguir suas redes sociais: @valdecidefigueiredonascimento. “Sou suspeito para falar, respiro cavalo, vivo cavalo. Meu cavalo está no fundo da casa, na sua cocheira, com o cachorro junto. Faz parte da família”, conclui Valdeci.