Segurança
Adolescente acusado de feminicídio é internado em Pelotas
Jullyane Fernandes (na foto), de 20 anos, foi vítima de um crime registrado na sexta-feira
por Rochele Barbosa
O adolescente de 16 anos acusado do bárbaro feminicídio de Jullyane Fernandes, de 20 anos, uma mulher trans com quem mantinha um relacionamento, foi encaminhado no final de semana pelo plantão do Ministério Público para o Centro de Atendimento Sócio Educativo Regional (Case) de Pelotas. A informação foi divulgada pela promotora de justiça, Marlise Martino Oliveira, titular da Promotoria Especializada da Infância e Juventude.
A promotora destaca que o menor já tinha um histórico de atos infracionais relacionados ao uso de drogas e já havia sido internado para desintoxicação, além de possuir antecedentes por tráfico de drogas.
Segundo Marlise, o processo de ato infracional, equiparado a homicídio doloso qualificado como feminicídio, passará por uma audiência em até 45 dias, quando será proferida a sentença. “Ainda não recebi o processo, mas no Case ele passará por avaliação psiquiátrica e tratamento médico. No entanto, em termos de punição, o que temos é a internação. A possibilidade de encaminhá-lo para uma internação psiquiátrica seria apenas para fins de tratamento, e não de responsabilização. Contudo, certamente, após a constatação da necessidade de tratamento, ele será submetido a uma avaliação psiquiátrica para verificar a necessidade de medicação, mas isso não está sob nossa atribuição”, explicou.
A promotora observa que o perfil do adolescente é diferente do de outro jovem que cometeu um ato infracional semelhante ao homicídio em 2016. “O histórico dele era mais voltado ao uso de drogas, ao consumo e à venda. Ele não tinha, até onde sabemos, um perfil violento. Os atos infracionais pelos quais ele havia respondido anteriormente estavam mais relacionados ao tráfico”, completou.
Vítima
Jullyane Fernandes, de 20 anos, foi vítima de um crime bárbaro ocorrido na sexta-feira, dia 30, em Bagé. Ela foi morta pelo namorado, um adolescente de 16 anos, na noite de quinta-feira, dia 29, no bairro Tiaraju. O corpo de Jullyane foi esquartejado, e as partes foram jogadas em diferentes locais.
O acusado, após ser apreendido, confessou o crime, mas não soube identificar a vítima, pois ela teria se apresentado apenas com seu nome social. A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) conseguiu identificar a vítima, uma mulher trans natural de Dom Pedrito, por meio de informações coletadas nas redes sociais. A confirmação veio com a ajuda de agentes da Delegacia de Dom Pedrito, que localizaram os parentes da vítima na cidade.
As investigações foram coordenadas pela delegada de Polícia Carolina Funchal Terres. O adolescente infrator foi encaminhado à Delegacia de Pronto Atendimento de Bagé (DPPA) para os trâmites legais e apresentação ao Ministério Público e ao Judiciário.
Agentes da Deam receberam a informação de que o adolescente de 16 anos teria matado sua namorada na noite de 29 de agosto. Em resposta, e com o apoio de policiais civis da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), o menor foi apreendido na casa de parentes, no bairro Ibajé.
O adolescente confessou o crime, e diligências foram realizadas no bairro Tiaraju, onde o corpo foi localizado em dois pontos diferentes. O tronco foi encontrado no pátio de uma residência, e os membros superiores e inferiores, dentro de uma mala, às margens da avenida General Malet.
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Diversas pessoas manifestaram pesar pela morte e indignação pela crueldade com que Jullyane foi assassinada, incluindo grupos da comunidade LGBTQIAPN+, além de muitos pedidos de justiça.