Memórias & Afetos
A história de uma “xicrinha”…
por Redação JM
Entrada no Museu Dom Diogo de Souza - 2019
Xícara/Pires de porcelana, lembrança do Centenário de Bagé.
Doação: Rosália Gessinguer
"Fui uma criança extremamente feliz, convivia muito com meus avós maternos e vários tios e tias solteiros numa casa da zona norte de Porto Alegre. Era uma italianada que prezava o bem receber, a alimentação saudável e um sono tranquilo. Passei ouvindo histórias no dialeto Vêneto, que me transportavam até a Itália de onde vieram meus nonos! Além das histórias, muitas coisas naquela casa da rua 11 de agosto, número 87, me remetiam a um mundo de magia e sonhos. E uma dessas coisas era uma coleção de “xicrinhas” de cafezinho da minha tia Bambina. Eram xicrinhas de todos os lugares do mundo, que ela ganhava ou adquiria ( não sei de onde). A que eu mais gostava era a comemorativa ao casamento da Grace Kelly, pelo fascínio por contos de princesas.
Meus avós morreram, meus tios também, a casa da Onze foi vendida e, literalmente, tombada. Quem ficou com a coleção de xicrinhas? Eu. Na época, recém saída da universidade e começando residência médica em Cardiologia, nunca pensei em sair de POA e, muito menos, morar em Bagé, cidade que só conhecia de nome. Mas o destino quis que me estabelecesse aqui e, comigo, minha coleção de xicrinhas. E, há algum tempo, limpando uma a uma, me deparei com uma alusiva ao centenário de Bagé. Como minha tia adquiriu esta xícara? Nunca saberei. Mas decidi doar a xícara do Centenário de Bagé ao local que ela deve estar: a casa em que se conta a história deste povo que tão bem acolheu esta porto-alegrense!"
Texto: Rosália Gessinger