Opinião
O corvo do Pampa
por Cássio Lopes | Escritor e historiador | cassio_241@hotmail.com
por Redação JM
Não sei se tu sabias, mas o gaúcho da Campanha chama o urubu-preto de “corvo”. Uma ave carniceira muito presente no Bioma Pampa. Costuma voar sozinha ou em bando, vasculhando os campos, à procura de algum animal prestes a morrer ou cadáver que possa devorar. Geralmente, as primeiras partes que consome são os olhos e ânus de suas presas. Na falta de carne, alimenta-se de pequenos invertebrados, artrópodes e frutos podres. Costuma fazer seu ninho nos ocos de árvores mortas, entre pedras e outros locais abrigados, onde paira um mau cheiro devido ao acumulo excessivo de restos mortais. Ali a fêmea coloca dois ovos branco-azulados manchados com pontos marrons.
Essa ave costuma pousar sobre os alambrados ou galhos de árvores secos. Locais que, geralmente, são indicativos que nas proximidades existe alguma carniça. É comum encontrar alguma pena desgarrada da espécie nesses lugares. Dependendo do tamanho, pode-se até confeccionar uma caneta retro semi-artesanal. Basta cortar a ponta e introduzir um refil de caneta modelo bic e seguir “escrevinhando no mas”. Produto exclusivo, que poderia tranquilamente ser batizado de caneta “Corvo-bic”.
Interessante que, além do urubu-preto, também era comum chamar os cidadãos de cor, de “corvos”. Costume que influenciou na toponímia regional, pois existem dois locais na região da campanha gaúcha, com o nome de “Vila dos Corvos”. O primeiro fica em Bagé, na Rua Marechal Floriano, próximo ao Residencial Bella Itália. Já o segundo, situa-se no interior de Lavras do Sul, próximo à divisa com São Gabriel.
Sobre a origem dos nomes desses lugares, pretendemos aqui discorrer no próximo artigo, se assim Deus permitir. Até lá!
Fontes:
https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/urubu-preto-coragyps-atratus/
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/urubupreto.htm