Eleições 2022
“Enquanto estiver lúcida, vou seguir votando”, diz, aos 96 anos, Mary Carlota Pereira Gomes
por Jaqueline Muza
Os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demonstram o crescimento do interesse das pessoas com mais de 70 anos em votar, mesmo que o comparecimento às urnas não seja mais obrigatório para elas. Em 2018, pouco mais de 12 milhões de eleitores estavam nessa faixa etária. Para as eleições gerais deste ano, 14,8 milhões de pessoas maiores de 70 podem ir às seções no dia 2 de outubro.
Além de um direito constitucionalmente garantido, o ato de votar é uma expressão da cidadania e da liberdade que o cidadão tem para escolher seus representantes políticos. Em 2022, eleitores com 60 anos ou mais atingiram a maior porcentagem já registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o órgão, este público representa 21% dos cidadãos brasileiros aptos a votar.
Um exemplo de cidadania é da pensionista Mary Carlota Pereira Gomes. Aos 96 anos, a idosa continua com os mesmos ideais e não abre mão de ir votar. Mãe de 10 filhos, ela levanta bandeira partidária e promete que, enquanto estiver lúcida, vai seguir indo às urnas. “A pessoa que vota pode reclamar os direitos. Vota e depois tem que acompanhar o que o candidato está fazendo lá. A maioria não dá bola. Vota por votar”, comenta.
Nascida em Bagé, Mary viveu na zona rural e, mesmo assim, conseguiu terminar o primário quando veio morar na cidade. Ela ressalta que gosta de ler, faz versos e conta histórias. “Casei cedo e meu marido nunca me proibiu de nada. Sempre gostei de política”, comenta.
A idosa salienta que ainda é muito ativa, faz comida, doces, tricô e, também, política. Agarrada à uma imagem do seu candidato (a reportagem não irá mencionar qual), ela salienta que enquanto viver, votará no mesmo. “Voto no colégio Auxiliadora e se não tiver ninguém para me levar, agarro um carro de praça e vou sozinha. Ninguém me manda”, afirma.
{AD-READ-3}Mary conta que ainda tem vitalidade para plantar e se orgulha do quintal com árvores frutíferas, flores que cultiva, além das galinhas que cria. No pátio, limão, pêssego, figo, e até uma caneleira de onde tira lascas do tronco para preparar seus doces. “Tudo isso foi plantado por mim”, enfatiza.
Para essa eleição, a idosa já está se preparando para ir votar e interagir com as pessoas. Inclusive, brinca que vai comprar umas bebidas, em parceria com um vizinho, e fazer um festão em frente da casa onde vive no bairro Getúlio Vargas. “Considero que essas pessoas que brigam por candidatos são ignorantes. Cada um escolhe em quem vai votar”, resume ao defender a participação no processo democrático.