Editorial

UMAS & OUTRAS

por Juca Giorgis | Desembargador aposentado

O juiz federal Eduardo Tonetto Picarelli, em duas oportunidades, exerceu jurisdição em Bagé, sempre com especial agrado e eficiência. Em obra que narra episódios relevantes na carreira, pontua ele o que aconteceu em abril de 1998 quando teve de despachar medida cautelar do Incra em que a autarquia noticiava obstrução de fazendeiros às vistorias de propriedades para eventual desapropriação. Tais atos tornaram tenso o clima da cidade e região, pois os produtores rurais desafiavam até as ordens judiciais. Segundo Picarelli, esgotadas as manobras consensuais, recorreu à Brigada Militar. E, insistindo no diálogo, conseguiu realizar boa parte das visitas técnicas, evitando os conflitos que eram frequentes. Um periódico da capital lhe atribuiu o título de “diplomata da Campanha”, que guarda “com especial carinho” nos seus 28 anos de magistratura, sentimento que também os bajeenses endereçam à passagem exitosa do juiz.
......................................................................................................
A edição de pequenos jornais por entes locais foi costume que destacou a cidade. Em outubro de 1962, o Lions Bagé Centro tinha o seu órgão de divulgação, chamado “A Jaula”. Em seu primeiro número, quando era presidente Luis Henrique Salles, mineiro gerente do então Banco da Lavoura, registrava-se a posse de Ângelo Pires Terra, Eurípides Morais, Carlos Sá Azambuja, Aramis Matzembacker, José Nunes Pereira e Valdo Menezes como novos membros. O Lions estava empenhado numa campanha de prevenção de acidentes de trânsito, em vista do “engarrafamento constante”, e pugnava por uma “mão única” nas ruas Sete de Setembro e Barão do Amazonas “da Catedral até a Necrópole Municipal”. Dita Comissão, que obteve sucesso, era presidida por Manoel Piragibe Teixeira e composta por Carlos Rodolfo Thompson Flores, Carlos Pereira Marques (Exator Estadual, vice-governador regional do Lions) e Francisco Beltrand Filho.
..........................................................................................................
Em 1922, havia uma “Sociedade Editora Bagéense”, constituída para um prazo de 12 anos, de propriedade do jornal “Diario do Commercio”- grafia original -, presidida por Caio Nunes de Carvalho e sendo tesoureiro Nércio Peduzzi. O capital societário era de 30:000$000, integralizado entre 150 acionistas, valendo 200$ 000 cada ação.
............................................................................................................
Segundo Jorge Reis, em 27 de outubro de 1877, quando na janela de sua casa na Rua General Osório, às 7h30 da noite, conversava com o promotor público Dr. Pinto Rego e o delegado de polícia Francisco A. Ferraz, foi “barbaramente assassinado, com uma punhalada” o juiz de direito Dr. Lourenço Bezerra Cavalcante de Albuquerque Lacerda. O autor, em processo que pesquiso, foi o jornalista Bernardino Silveira da Rosa Bambá. A vítima assumira em 11 de fevereiro de 1872, vindo de São Borja para substituir o Dr. Ovídio Fernando Fernandes Trigo de Loureiro, primeiro magistrado nomeado para Bagé e que permaneceu 16 anos, sendo, mais adiante, Ministro do Supremo Tribunal Federal, então recém-criado. O crime, ao que consta, foi o primeiro em Bagé contra um juiz.

(Juca Giorgis)