COVID-19
Estudo mostra desaceleração de contaminações por Covid-19 em Bagé
por Melissa Louçan
Dados do Projeto Exactum, desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef) da FURG, indica que o cenário estadual está em desaceleração em relação às contaminações por Covid-19. Bagé, por sua vez, também apresenta cenário de desaceleração, contudo com índices mais tímidos em relação à média estadual.
A análise utiliza dados divulgados na modelagem Simcovid, realizada pelos professores Sebastião Gomes e Igor Monteiro, do Imef, além do professor Carlos Rocha (IFRS). A modelagem Simcovid é um dos dois módulos do projeto que gerou o site Exactum.
O estudo monitora informações fornecidas pelas secretarias de Saúde de 12 municípios. Conforme explica Gomes, as cidades foram escolhidas por cobrir geograficamente todas as regiões do Estado - de cada sub-região, foi escolhido o município mais significativo em termos de população.
A partir da análise dos dados reais coletados, é possível identificar parâmetros para construção de um modelo de representação dinâmica da evolução da contaminação em cada local. Os dados estimados simulam um modelo de curva de crescimento de casos e o Índice de Reprodução Basal (R0), parâmetro mais significativo de uma epidemia, que indica o número de contaminações possíveis decorrentes de casos já confirmados. Por exemplo, a média ponderada do Estado - que leva em conta o resultado dos 12 municípios monitorados - é de 0,83, o que significa que 100 novos infectados infectam 83 outros indivíduos.
Já o índice calculado para Bagé na última coleta, em 28 de março, foi superior à média estadual, com 0,95. Segundo Gomes, este parâmetro indica que há uma desaceleração do número de contaminações no município - entretanto, é pouco acentuada se comparada à média do Estado.
Além disso, o modelo da dinâmica de evolução da contaminação - que realiza projeções para 20 dias - aponta que até dia 17 de abril, o número de casos registrados em Bagé deve chegar a 22.390. Até o momento, o número de registros está em 21.992.
Um fato interessante ressaltado pelo professor é que o cenário da pandemia no Brasil costuma espelhar o panorama europeu com um mês de diferença - o que ocorre lá costuma se repetir no país cerca de um mês depois. Ele explica que, neste momento, o que se percebe na Europa é uma nova alta nas contaminações ocasionadas pela relevante flexibilização em relação aos protocolos.
{AD-READ-3}Decisões de flexibilização já chegaram ao Brasil, onde diversas cidades e estados já levantaram a obrigação do uso de máscaras - Bagé entrou nesta lista no último dia 14, quando um decreto tornou facultativo o uso do item de proteção individual. Inclusive, o pesquisador aponta que esta flexibilização pode estar associada à desaceleração de contaminação mais sutil no município. “A Europa flexibilizou demais e está sofrendo com uma nova alta de contaminações. Isto (flexibilização) pode trazer um certo risco de novos surtos nas cidades”, explica.
A pesquisa - que antes coletava dados quinzenalmente - agora tem periodicidade mensal. Todas as análises e projeções decorrentes do estudo matemático podem ser acompanhadas através do site https://exactum.furg.br/.