Candiota e Hulha Negra - 30 anos
Mineração de carvão avança incorporando novas rotinas de preservação
por Redação JM
Alcançando uma produção mensal de aproximadamente 150 mil toneladas de carvão, destinadas principalmente para a geração energia, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) explora a maior cava a céu aberto do mineral no Brasil, em Candiota, com avanços nas rotinas de preservação ambiental. Contrastando com o cenário anterior à emancipação, o modelo de extração praticado em 2022 permite uma forma mais eficiente de recomposição.
O superintendente de Operações da Mina de Candiota, Murilo da Luz, explica que o solo é recomposto por camadas, em um trabalho que só é viável graças à forma de mineração. “Camadas são removidas individualmente até alcançar o carvão. Cada camada de solo retirada é depositada em um local que está sendo recuperado. A recomposição inicia com uma camada de cinzas. O material corresponde à parte do produto que retorna da usina, após o processo de geração de energia”, detalha.
A recomposição, de acordo com o superintendente Administrativo da Mina de Candiota, Gildo Feijó, deixa a área no nível em que estava antes da mineração. “Para quem olha o resultado final, é praticamente impossível perceber que se trata de uma área minerada”, enfatiza, ao observar que outra parte das cinzas é destinada, pelas usinas, às indústrias de cimento instaladas em Candiota e em Pinheiro Machado. “O uso da cinza na produção de cimento é uma solução ambiental, porque essa cinza já foi queimada”, pontua o gestor.
Não existem barragens de rejeitos, mas a preocupação com a água é uma constante, envolvendo um programa de controle de qualidade. Cinco dos cerca de 280 servidores que atuam na unidade de Candiota exercem funções no horto responsável pelas espécies utilizadas para a cobertura vegetal, na última etapa de recomposição das áreas mineradas. Com três estufas, o setor tem capacidade para armazenar aproximadamente cinco mil mudas de 55 variedades, a grande maioria nativa.
A produtividade do solo, conforme o superintendente de Operações da Mina de Candiota, pode ser recuperada em um período entre 12 e 24 meses. “A imagem de uma forma operação dos anos 80, quando a Dragline fazia a descobertura da mina sozinha, puxando todo o material, ficou muito marcada. Hoje o material que é recomposto não se mistura. E, enquanto se está fazendo a recuperação das áreas, também está aditivando o solo. A área fica recomposta, em primeiro lugar, sem pedras; e, segundo, sem irregularidades”, enumera.
Apenas as cavas destinadas à empresa Meioeste Ambiental não passam pelo processo de recomposição, servindo ao Aterro Sanitário da Metade Sul, que recebe resíduos sólidos de cerca de 30 municípios gaúchos. O gás gerado pelo aterro é encaminhado para uma estação da Figueira Energia, instalada dentro da unidade, e que tem capacidade para produzir até 3.000KWh, em um ciclo de produção ambientalmente sustentável.
A gaseificação e a produção de fertilizantes estão entre as alternativas para o futuro do carvão defendidas pelos superintendentes. “A geração de energia elétrica é necessária. E pode ser feita com eficiência cada vez maior, investindo em tecnologia. A cadeia produtiva do carvão tem potencial para crescer e gerar ainda mais desenvolvimento para toda a região”, avalia Murilo.