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Candiota e Hulha Negra - 30 anos

Dos campinhos para o restante do RS: a força do futebol de Hulha Negra

Em 24/03/2022 às 08:29h
Yuri Cougo Dias

por Yuri Cougo Dias

Dos campinhos para o restante do RS: a força do futebol de Hulha Negra | Candiota e Hulha Negra - 30 anos | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Ubaldino Badico foi o primeiro grande nome do município - Foto: Arquivo Pessoal

Por Yuri Cougo Dias

 

Amanhecer e anoitecer jogando bola nos campinhos. Nos finais de semana, a junção tomava conta quando as localidades se enfrentavam. Além da inspiração de se tornar um grande jogador, o convívio e amizade faziam com que os jovens se unissem pelo futebol. Porém, em razão da distância e dos altos custos, conseguir alimentar o sonho de se tornar um atleta profissional sempre foi difícil para moradores de Hulha Negra, embora não faltasse talento. Contudo, entre as décadas de 1960 e 1980, alguns driblaram as dificuldades e levaram o nome do município (que ainda era distrito) adiante, ganhando respeito por onde passaram.

Como forma de exemplificar alguns talentos que surgiram de Hulha Negra, o Jornal Minuano conversou com Ubaldino Cunha Costa, o “Badico I”, conhecido como o “Pesadelo de Manga”, e a trindade de irmãos: Jefferson, Jairo e Jair Alves, que deixaram sua marca por onde passaram.

Badico, o “Pesadelo de Manga”

Antes de conquistar o Campeonato Brasileiro, a grande equipe do Internacional, comandada por Rubens Minelli, mal sabia que seria vazada pelos pés de um jovem de Hulha Negra. No dia 1º de junho de 1975, o colorado veio enfrentar o Guarany, no estádio Antônio Magalhães Rossell. O confronto terminou em 1 a 1, mas o que mais ficou marcado foi o gol quase que de meio-campo que o atacante Ubaldino Cunha Costa, o Badico, fez sobre Mangá, considerado como o maior goleiro da história do Inter.

O gol ganhou tanta repercussão que a imprensa estadual apelidou Badico de “Pesadelo de Manga”. Ao conversar com a reportagem, Badico fala com clareza o time inicial do Inter: Manga, Cláudio, Hermínio, Figueroa e Vacaria; Falcão e Carpegiani; Escurinho, Valdomiro, Tadeu Bauru (depois Flávio Bicudo) e Lula. O time que viria a ser, posteriormente, Campeão Brasileiro, com uma vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, com gol de Figueroa, e, em 1976, bicampeão, diante do Cruzeiro. Ainda em 1979, conquistaria mais um brasileiro, de forma invicta (única equipe que alcançou esse feito) e, em 1980, vice-campeão da Libertadores. Essa foi a força do Inter na década de 1970, mas que sofreu nos pés de Badico.

Desde pequeno, sobre forte influência do pai, Antônio Carocha, Badico aprendeu a gostar de futebol assistindo o Hulha Negra F.C jogar. Quando chegou sua vez, atuou pelas equipes de base, depois nos reservas até chegar aos titulares da equipe amadora. O destaque foi tão forte que Badico parou ainda jovem no Guarany, onde jogou de 1974 até 1978.

Foi no alvirrubro que alcançou seus momentos de fama, como goleador. Inclusive, carrega o status de ter sido o terceiro maior artilheiro do clube, entre as décadas de 1970 e 1980, mesmo com uma passagem relativamente curta. Depois, passou pelo Bagé, de 1978 a 1980 e, por fim, jogou no São Paulo de Rio Grande.

No futebol amador, Badico também guarda com carinho as lembranças do título de 1974, quando o Hulha Negra venceu o São Pedro, em pleno Militão. Por muitos anos, seu pai foi presidente do Hulha. Ele também recorda as grandes atuações de Adãozinho que, naquela decisão, empatou o marcador e, na sequência, Badico fez o gol da virada.

Em relação aos 30 anos de emancipação, Badico crê no investimento dos jovens para o futuro. “A população cresceu e quem mora está satisfeito. Como seu técnico eletrônico, com foco em televisão, com meu trabalho fica difícil eu morar na cidade. Mas o futebol me trouxe amizade, coisas boas. Dificilmente outro lugar consegue. Aprendi muito, teve muitos bons jogadores, principalmente esses três guris, o Jairo, Jair e Jefferson Alves (Tom), que depois vestiram camisas de outros times.  Esse é o legado de Hulha e que seja jovem cada vez mais. Que a Hulha seja uma coisa boa de se viver”, afirma.

O trio Jefferson, Jairo e Jair

Inspirados em Badico, a família Alves estendeu, pelo futebol, os horizontes do nome de Hulha Negra. Vamos, então, contar um pouco da história dos três irmãos que ascenderam no futebol e que hoje jogam juntos pelos veteranos do Hulha Negra, equipe amadora destaque da competição de veteranos em Bagé.

Jefferson Alves

Começando por Jefferson. Ao ser questionado sobre como foram seus primeiros passos no futebol, recorda que desde os sete anos tinha o prazer de ver o Hulha Negra F.C jogar. Inspirado em Badico e Adãozinho, participou de todas as categorias possíveis do amador, tendo conquistado diversos títulos. Com 18 anos, veio para Bagé, a fim de servir ao Exército Brasileiro. Enquanto isso, os irmãos mais velhos, Jairo e Jair já jogavam profissionalmente por Brasil de Pelotas e Guarany.

No mesmo ano em que se apresentou ao Exército, Jefferson foi convidado a integrar a equipe de juniores do Bagé. Com boas atuações, subiu para o profissional; porém, com a perda do pai, resolveu parar. Assim, seguiu jogando em Hulha, tendo disputado várias competições regionais. Mas o destino quis que Jefferson retornasse ao futebol profissional e, quatro anos depois, assinou contrato com o Guarany, aos 22 anos.

Até os 35 anos, passou, também, por São Paulo-RG, Riograndense, Rio Grande, Lajeadense, Esportivo, São Gabriel e Brasil, onde disputou Série B de Brasileirão. O encerramento da carreira foi no Guarany. “Foi um grande privilégio ter sido atleta profissional e ser de Hulha Negra. Era complicado o deslocamento e custo, mas tinha muitos bons jogadores. No esporte se aprende para a vida, deveres e obrigações, sendo disciplinado. Fico um pouco em Hulha e em Bagé, mas a convivência maior é lá. Os jovens precisam do esporte, até para não se envolverem em atividades ilícitas. Que se tenha um bom investimento na área esportiva, em qualquer modalidade, porque forma cidadãos, atletas e até pessoas para que um dia possam gerir o município”, enfatiza.

Jairo Alves

Em meados de 1981, quando veio fazer o Ensino Médio na Escola Carlos Kluwe, Jairo Alves se destacou nos torneios colegiais e, por intermédio do amigo Nelson, foi convidado a jogar no infanto-juvenil do Bagé. De primeira, o então técnico Rubilar aprovou o hulhanegrense e, no final de semana, já estava jogando como titular um amistoso em Dom Pedrito. E assim passou a ser a rotina de Jairo: estudar pela manhã e treinar à tarde, porém, indo e voltando a Hulha todos os dias.

Paralelamente, seguia jogando pelo amador, no Hulha. Até que, certo dia, um amigo do pai de Jairo o viu marcar três gols num empate em 3 a 3 com o São Pedro. De prontidão, lhe indicou para os juniores do Guarany. Chegando ao Estrela D’alva, reconheceu que o técnico era Serafim Krob, que já tinha apitado jogos seus numa competição de futsal que era disputada todas as sextas-feiras, no Sesi. O time de Hulha Negra foi vice-campeão, tendo sido derrotado, na final, para o Bagé. Era o ano em que o lateral Branco tinha acabado de ir embora. “O Serafim olhou para o Paulinho Blois, diretor das categorias de base, e disse: ‘esse já está aprovado, nem precisa de teste’. Com 18 anos, disputei o estadual de juniores e já ficava no banco do profissional. Fiquei até 1989 no Guarany. Em seguida, fui aprovado num concurso da Prefeitura de Bagé e tive que encurtar a carreira, aos 25 anos. Mas não me arrependo, pois, hoje, estou quase me aposentando. Porém, o legado no futebol profissional ficou”, salienta.

Tão logo que chegou ao Guarany, Jairo recebeu o apelido de Hulha Negra. Ou seja, onde estivesse, tornava pública às raízes de sua localidade. Hoje, quem carrega o papel de jogador da família é Vítor Oliveira, que atualmente, joga pelo Glória de Vacaria. E mesmo tendo nascido em Bagé, o jovem se considera um hulhanegrense. “Apesar de, na época, morarmos num distrito com várias dificuldades, hoje ficamos muito orgulhosos de ver o quanto valeu a emancipação. Torço muito pelo crescimento, sei que vai melhorar ainda mais. Tem que ter amor pela localidade. Eu levo muita fé em Hulha Negra e num governo que faça o município sempre crescer”, conclui.

Jair Alves

Fechando a lista, Jair Alves também entrelaçou seu destino no futebol quando veio fazer o Ensino Médio. Ao fazer teste no juvenil do Bagé, teve aval do técnico Rubilar e iniciou sua trajetória aos 16 anos. Posteriormente, jogou dois Gauchões de juniores pelo jalde-negro e transferiu-se para o Brasil de Pelotas, onde disputou Taça SP de Futebol Jr e subiu para o profissional. Após dois anos retornou para o Guarany e tornou-se goleador da equipe.

A maior particularidade de Jair é que rezava a lenda é que, quando o jogo fosse à noite, sempre deixaria seu gol como marca. E assim, fez seu folclore no futebol. Depois, rodou por Cruzeiro de Santiago, São Paulo-RG, Kindermann-SC, Caçadorense, Bagé (com Rubilar novamente) até retornar ao Guarany, onde parou com 29 anos. Nesse meio tempo, se formou em Educação Física, tendo passado em concurso municipal e, também, assumido compromisso como professor no Estado.

Hoje, Jair também se destaca pelo trabalho com o futebol de cinco (deficientes visuais) na Abadef. “Não ganhei muito dinheiro, mas tive um grande legado. Desde guri, jogava indo com meu pai (Serafim dos Santos) e lia o jornal que meu avô (Luis Peres Alves) assinava. Chegava-se da escola e dávamos nossos primeiros passos. Depois que parei, coloquei uma escolinha de futebol na hulha, até ser chamado num concurso. São sete que são professores de Educação Física formados, e todos colocam nos seus comentários que foram direcionados porque se espelharam em mim. Isso é muito gratificante”, observa.

No que diz respeito ao futuro de Hulha Negra, a concepção de Jair é que o esporte pode ser um caminho essencial para desenvolvimento da juventude. “Defendo meu ‘peixe’ por ser professor de Educação Física, mas na questão esportiva, poderia melhorar e investir mais na realização de torneios e escolinhas. No peito e na raça, saíamos para jogar aos finais de semana, e isso é algo que pode seguir. Vamos torcer sempre pelo sucesso de quem está comandando”, finaliza.

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