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Candiota e Hulha Negra - 30 anos

Candiota de várias potencialidades

Como a diversificação de culturas está mudando a realidade da produção familiar?

Em 24/03/2022 às 14:27h
Melissa Louçan

por Melissa Louçan

Candiota de várias potencialidades | Candiota e Hulha Negra - 30 anos | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Parcianello Foto: Felipe Valduga

Quando se fala na matriz produtiva de Candiota, o primeiro pensamento que vem à mente - de forma totalmente justificável - é a extração de carvão e, consequentemente, produção de energia termelétrica. Mas a verdade é que o município também possui longas raízes calcadas no setor primário, com grande diversificação de culturas.

A soja, atualmente, lidera o setor, enquanto o sorgo e milho vem atrás, mas também com produções em larga escala. Dados de 2018, do Perfil das Cidades Gaúchas elaborado pelo Sebrae, indica que naquele ano, o município teve 18.618 hectares plantados, com 83% deles ocupados por soja. Sorgo e milho vem logo em seguida, com 5,4% cada; arroz, ocupando 2,4% do espaço, e melancia, com 1,6%.

Contudo, a tendência de diversificação do setor produtivo tem trazido, nas últimas décadas, alguns produtos de incremento. São produções que podem ser realizadas em áreas pequenas, mas com alto valor agregado.

Entre os principais exemplos estão a produção de uvas, oliveiras e noz-pecã. Com clima temperado, ideal para estes cultivares, as áreas de produção vêm crescendo. De acordo com dados da Emater, de Candiota, o município possui área de quase 107 hectares destinados às oliveiras - 80 deles em apenas uma propriedade (Batalha Vinhas e Vinhos) e os outros 27 hectares divididos entre outros seis produtores.

Em relação à vinicultura, o município possui 217,46 hectares de plantação utilizada para produção de vinhos finos em escala, sendo os principais produtores a Miolo, Bueno Wines e Vinhos Batalha. 

Mas o município também conta com produção de uvas de mesa, principalmente da variedade Bordeaux, tendo em torno de 14 produtores em áreas de 0.5 hectares cada - ou seja, produção de uva de mesa familiar abrange cerca de sete hectares no município.

Já a produção de noz-pecã abrange uma área de cerca de 23 hectares do município, sendo 15 hectares de um único produtor e outros 7.8 hectares em desenvolvimento, distribuídos entre sete produtores familiares nos assentamentos da reforma agrária.

Além disso, o chefe do escritório municipal da Emater, Matheu Caetano, explica que o órgão encaminhou o cadastro de três agroindústrias familiares para o Programa Estadual de Agroindústria Familiar. 

A primeira agroindústria certificada do município

Uma destas agroindústrias, a San Antônio, pertence à família Hindersmann - foi a primeira, em Candiota, a receber o Certificado de Inclusão no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf). De propriedade do casal Antônio e Nilce - que levam ao pé da letra a ideia de diversificação de matriz produtiva -  a agroindústria produz vegetais minimamente processados, panificados, doces em pasta e suco integral de uva. A família hoje atua com hortifrutigranjeiro, criação de bovinos e ovinos, apicultura e piscicultura, além do beneficiamento de frutas, processamento de vegetais e panificação.

O casal de Arroio do Tigre chegou ao município em 2005, com a ideia de trabalhar com sementes. Contudo, este mercado foi se automatizando e agregando mais tecnologias à que os Hindersmann não tinham acesso. Assim, em 2013, resolveram migrar para a produção de hortifruti. 

Nesta época, participando de um projeto do Governo Federal, começaram o fornecimento de alimentos in natura para abastecer as escolas da rede pública do município. Com o tempo, perceberam que fazer o beneficiamento das frutas - entregar os alimentos em polpa para produção de sucos, por exemplo - agregaria mais valor ao trabalho do casal. Em 2017, ampliou ainda mais a matriz ao incrementar a produção com o cultivo de uva.

Atualmente, os 14 hectares da família são muito bem aproveitados com o cultivo de melão, melancia, amora, ameixa, goiaba, cítricos para produção de polpa, aipim, couve, abóbora, milho, tanque de peixes, criação de frangos, bovinos e ovinos. Para a produção perene - noz-pecã, oliveira e uva - o casal destina três hectares da propriedade. Além do consumo próprio, todos os alimentos também abastecem a agroindústria familiar.

O casal já tem destino certo para parte da produção de frutas, com o fornecimento para a merenda escolar, mas agora também está em fase final do processo de registro de produção de suco integral de uva, em que 90% da produção também deve ser fornecido às escolas da rede pública, garantindo alimentação de qualidade para os estudantes e renda para os pequenos produtores através dos programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e de Aquisição de Alimentos (PAA).

“Sempre recebemos muito apoio. Por exemplo, só temos uvas e oliveiras porque conseguimos através de um projeto feito pelo município. Só a noz-pecã que tivemos que pagar. Mas sempre recebemos um bom suporte, tanto do município quanto do governo federal, com projetos que apoiam o pequeno produtor e a diversificação de culturas”, comenta Antônio.

Noz-pecã e a aposta em culturas perenes para retorno em longo prazo

Mesmo com uma produção relativamente pequena, se comparado aos três maiores produtores, o Brasil já se destaca no cultivo de noz-pecã. Em 2019, por exemplo, o país conquistou o quarto lugar no ranking das maiores produções, com 3,5 mil toneladas, ficando atrás do México (145,5 mil toneladas); Estados Unidos (126,5 mil toneladas);  e África do Sul (18,2 mil toneladas).

Um cálculo realizado pela Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas (ABNC), aponta um aumento de cerca de 1 mil hectares de produção por ano, devido ao retorno financeiro oferecido pela cultura através da diversificação agrícola.

Artêmio Parcianello é um dos pequenos produtores que apostaram no plantio de noz-pecã para diversificar a própria matriz produtiva. Ele conta que iniciou o plantio há cerca de sete anos, aliando a produção a parcerias que já possuía, à época, de plantio de soja e criação de ovelhas. Atualmente, a nogueira é seu principal foco, já que Parcianello vê nesta alternativa uma possibilidade de rentabilização a longo prazo.

Para ele, a produção de nozes para o pequeno produtor deve ser visto como um “plus”, um adicional a outro tipo de produção já existente por se tratar de um cultivo perene, assim como vinicultura e olivicultura - que ocupam menor espaço, mas conferem boa rentabilidade apenas em médio e longo prazo. “A nogueira é uma atividade importante para o pequeno produtor para diversificar a renda a partir do oitavo, décimo ano”, comenta.

Ele acredita que o cultivo de nozes apenas não é maior na região porque os produtores costumam esperar retorno de forma mais imediata - contudo, com um bom investimento de recursos e paciência, ao fim da primeira década o produtor pode esperar obter entre até R $50 mil por hectar, anualmente. 

Publicado em 2018, o livro Alternativas para diversificação da agricultura familiar de base ecológica traz um capítulo sobre a Cultura da noz-pecã para a agricultura familiar - assinado por Rudinei de Marco, Antônio Davi Vaz Lima e Carlos Roberto Martins - onde é apontado que “a nogueira-pecã se adapta com facilidade à região de clima temperado e subtropical.

Com um bom custo-benefício, já que requer baixo custo de manutenção, o pomar pode ser explorado economicamente  por até 60 anos. “Além disso, a noz-pecã, após ser colhida, secada e armazenada adequadamente, pode ser comercializada durante um longo período, fugindo da época da safra, quando os preços são mais baixos”, destaca a publicação.

Outro ponto importante é a possibilidade de consórcio da produção e noz-pecã com a pecuária a partir do terceiro ano de produção. “O sombreamento em pequena escala melhora o conforto térmico dos animais e a palatabilidade das pastagens”, aponta o estudo.

Justamente por esses fatores, Parcianello enxerga na produção de noz-pecã - assim como na produção de uvas e oliveiras -, casada a outras culturas, a possibilidade de estabelecer novas matrizes produtivas para assegurar a estabilidade econômica do município. “Hoje nós temos extração de carvão, termelétrica, geração de renda. Mas daqui a 20,30 anos, será que o carvão ainda vai ser a referência? Por isso é importante estruturar a economia baseada em mais de um pilar, porque assim o município nunca vacila. Se hoje deu uma queda de um lado, o outro sobe e segura. É uma atividade que, a médio e longo prazo, pode dar estabilidade muito grande para o produtor e um retorno positivo para o município, mas tem que ter investimento e apoio”, aponta.

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