Editorial
Paulo José
por Luiz Coronel
por Redação JM
As pessoas têm mania de morrer.
Nas fotografias das estantes, na memória, nos braços sem abraços, sentimos suas ausências.
Não é sensato inserir-se num preito a um amigo que deixa de estar entre nós.
O Paulo José que lembro era o meu colega no Colégio Auxiliadora, em Bagé. Era o ator acumulado de triunfos e babados, riquíssimo em talento, mas que não perdia a simplicidade, o ser cordial com o mais humilde dos mortais.
Lembro os comerciais natalinos e inaugurais que com ele gravei. O CD de poemas para o Dicionário Mário Quintana. Ele e duas filhas. Procurei ouvi-los.
Guardo um troféu concedido pela Associação de Municípios Gaúchos. Representei Paulo José. Ele gravou uma série de poemas meus, com aquela interpretação verdadeira, sem adornos.
A voz. A alma. O domínio de sua arte.
É um patrimônio pessoal. Os céus não hão de demorar para reconhecê-lo, apesar de sua versatilidade.
Sim, é o adeus de um ator, diretor, verdadeiro num tempo de tantas farsas.
Ele dignificou a profissão que abraçou.
E por ela foi reconhecido entre os mestres em seu ofício.
“Morrer acontece com o que é breve”, escreveu Drummond.
Paulo José permanece. A memória bate o martelo no chão do palco. O guerreiro gaúcho, o galã, o palhaço estão em cena.
{AD-READ-3}Liberte suas palmas. É Paulo José que nos sorri, sob as cortinas do tempo.
Seu amigo, Luiz Coronel.