Eleições 2020 / Eleições Bagé 2020
Os impactos da pandemia na rotina de quem foi votar
por Yuri Cougo Dias
Que a eleição municipal de 2020 seria atípica, em virtude dos efeitos da pandemia, todos sabiam. Entretanto, a expectativa era de que a população tivesse mais planejamento e compreensão com as regras exigidas. Uma das determinações divulgadas amplamente era de que, entre 7h e 10h, a preferência para uso das urnas seria dada para idosos, principal grupo de risco para contágio da Covid-19.
Desrespeito com idosos
Porém, em várias seções eleitorais bajeense, o respeito pela determinação não foi o que se viu. Na sede da Prefeitura, na avenida General Osório, por exemplo, foram registradas longas filas na calçada do prédio. E vários eleitores se manifestavam indignados com o fato de idosos terem preferência para se dirigirem às urnas e “passarem na frente” dos demais cidadãos. Houve até xingamentos a fiscais e mesários por cumprirem com a regra que, por sinal, antecipou para as 7h a abertura da votação.
Outro fato que gerou tumulto e aglomerações em volta dos colégios eleitorais foram as trocas de seções. Por mais que os prazos tivessem sido informados com antecedência, foi comum encontrar eleitores perdidos pela cidade, em busca da seção onde deveria votar. Alguns locais ficaram sobrecarregados, enquanto outros permaneciam praticamente vazios por vários instantes do dia.
Sobrecargas de seções e santinhos
Na cobertura nas redes sociais do Jornal MINUANO, vários usuários reclamaram sobre as mudanças que, segundo eles, teria contribuído para várias das aglomerações que foram registradas pela cidade.
Quanto aos ‘derrames’ de santinhos, este é um problema que, infelizmente, já faz parte da rotina de qualquer tipo de eleição. Ao amanhecer é comum ouvir relatos de casos de que alguns candidatos despejaram centenas de santinhos nas ruas e calçadas. Vários acessos a colégios eleitorais eram tomados pelos santinhos, contrariando toda e qualquer tipo de campanha que vise o combate à poluição ambiental.
Porém, por mais que a cada pleito o poder das redes sociais, seja para disseminação de informação (ou de desinformação), se torne ainda mais forte, os ‘derrames’ de santinhos seguem com sua funcionalidade na hora do voto. É comum encontrar eleitores indecisos, de faixas etárias das mais variadas, que acabam escolhendo o candidato única e exclusivamente pelo santinho que encontrou no chão. Mas independente da atitude ser certa ou errada, quem que nunca ouviu o relato de um amigo ou um familiar que já não fez isso?
Distanciamento social nas filas
Quanto ao uso de máscaras de proteção, álcool gel e distanciamento social, pode-se dizer que tais normas foram cumpridas pela maioria dos bajeenses. É claro que sempre há as exceções daqueles que se opõem a estar com máscara ou que, na primeira oportunidade que tem, tiram o tecido do rosto.
Já em relação ao distanciamento entre eleitores, nas filas das seções, o cumprimento se tornou, em alguns momentos, dificultoso. Mas, muito em razão da falta de estrutura de alguns colégios eleitorais, no que diz respeito ao espaço por metro quadrado oferecido para o número de eleitores das seções ali inseridas.
{AD-READ-3}Abstenções
Por fim, as abstenções é outro fator que merece destaque na análise sobre os efeitos da pandemia na eleição municipal. Até o fechamento desta edição, mais de 21 mil eleitores não compareceram para votar, o que reflete, diretamente, em dois aspectos. O primeiro representa o medo de muitos cidadãos com os riscos de saúde com a pandemia, a partir das aglomerações nos colégios eleitorais, algo que já estava previsto antes do pleito. E o segundo aspecto pode ser interpretado como uma rejeição aos candidatos, algo, aliás, que não se restringiu exclusivamente a Bagé, mas num contexto nacional como um todo e que vem aumentando a cada pleito.