Eleições 2020
“Nossa meta é continuar asfaltando Bagé”, garante Divaldo Lara
por Redação JM
O candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ao Executivo bajeense, Divaldo Lara, menciona a manutenção de projetos de infraestrutura como prioridade. A lista inclui a obra da barragem da Arvorezinha. O postulante apresenta propostas de governo na sexta entrevista da série organizada pelo Jornal Minuano.
Divaldo disputa a reeleição, à frente da coligação 'Bagé, Orgulho do Brasil', que reúne PTB, Republicanos, PP, Cidadania, DEM, PV, PSDB, PL e MDB. O candidato a vice-prefeito, Mario Mena Kalil, também é do PTB. Kalil é médico e exerceu a função de secretário de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência na gestão petebista.
MINUANO – Por que decidiu disputar a eleição municipal em 2020?
DIVALDO – Disputar a eleição foi um pedido que recebi da população, das principais lideranças do município e do próprio presidente da República. Na viagem de retorno de Brasília, ele me pediu para disputar a eleição, dizendo que iria ajudar Bagé. A cidade hoje é um modelo de gestão, tanto na habitação, quanto na educação e na questão de combate à Covid-19. Bagé não poderia, na minha ausência, voltar ao passado. E para que isso não acontecesse, resolvi colocar meu nome à disposição, para dar continuidade a um trabalho que vem realizando diversas obras, que vem protegendo a saúde da população e também a economia. Conseguimos ter medidas equilibradas, corajosas e rápidas. Temos recursos captados do orçamento da União para obras que não podem ser interrompidas. Recursos que garantimos através das relações que temos com o governo federal. Hoje, no Rio Grande do Sul, é raro encontrar um prefeito que tenha a inserção e a articulação que temos. Temos apoio do vice-governador, do governador, do presidente da Assembleia, da ampla maioria dos deputados estaduais, do vice-presidente da República, do presidente da República, do líder da bancada gaúcha e da maior parte dos deputados federais. Temos apoio de ministros. Isso dá para Bagé a condição de fazer com as necessidades que temos sejam atendidas.
MINUANO – O orçamento dos municípios foi impactado pela pandemia do novo coronavírus. A expectativa é a de que, na maioria das cidades, a situação pode refletir na capacidade de investimentos em saúde, educação e infraestrutura, ainda em 2021. Qual é a saída para aumentar a receita diante da perspectiva de eventuais novas despesas?
DIVALDO – Fomos o primeiro município a alcançar a alta contaminação. Naquele momento, disse que enfrentaríamos e seríamos o primeiro município a sair da crise. Bagé, hoje, é um dos municípios mais prospectados para negócios do Estado. Prova disso é que, entre as 54 empresas que já estão instaladas, com áreas adquiridas ou em obras, com projeto de instalação, teremos a Havan. Bagé é a primeira cidade a ter a sua recuperação econômica. Sofremos com o desabastecimento do centro do país, não com problema do produto e dos serviços locais. A solução para manter a cidade em movimento é justamente ter acesso ao governo federal e ao governo do Estado. É uma questão de lógica. Precisamos de receitas extraordinárias, oriundas de emendas parlamentares e de captação de recursos dentro de editais. Nossa relação direta com o governo federal permite trazer os recursos para continuar obras. Não teremos a descontinuidade, porque continuaremos a governar Bagé com relação direta com Brasília. Bagé foi a única cidade do Rio Grande do Sul que trouxe o presidente da República. Não trouxemos por acaso. É porque aqui é uma cidade que funciona. É uma referência para o Brasil. E o presidente deve retornar no início de 2022, para a entrega da barragem, que já está começando com o Exército.
MINUANO – A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças para a educação, criando um novo contexto para 2021. Por um lado, temos as demandas dos professores, por valorização e qualificação para lidar com os desafios que se apresentam. Por outro, encontramos a preocupação de pais e alunos, com o equilíbrio de eventual defasagem registrada em 2020. Como equacionar este cenário?
DIVALDO – Vamos equacionar o cenário vacinando os bajeenses, disponibilizando vacina, de forma gratuita, a toda a população que queria se vacinar. Mandamos para a Câmara o projeto de criação de um fundo para a compra das vacinas, com recursos próprios da Prefeitura. Por que quero comprar as vacinas? Se eu não comprar, só conseguiremos as vacinas do Estado, no meio do próximo ano. Não virão 120 mil doses para Bagé, virão três mil, daqui 15 dias mais três mil. Inicia vacinando servidores da saúde, depois da segurança, professores. Eu quero comprar quatro lotes de 30 mil vacinas. Esperamos que a oposição libere isso na Câmara para poder fazer o protocolo de intenção e comprar as vacinas. Assim, vamos largar na frente de outros municípios na questão da educação, de negócios, e em uma série de outros pontos. Bagé não vai aguardar. A retomada das aulas presenciais está diretamente ligada a isso. Na área da educação, pagamos o piso nacional do magistério durante os quatro anos. Não conseguimos pagar foi o reajuste de 12% deste ano. Mas conseguimos pagar 4%, que foi a inflação, para todos os funcionários públicos municipais, mesmo diante de uma crise, que representou uma queda de de 30% na arrecadação. Mesmo assim, conseguimos dar uma condição de estabilidade no que se refere ao magistério. Magistério esse que não foi exposto com a reabertura de aulas, teve o maior vale-alimentação de todos os tempos. O magistério também recebeu 38 escolas novas, que foram revitalizadas. Tivemos o melhor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dos últimos 10 anos e criamos o maior número de vagas para a educação infantil. Temos crianças que escrevem livros, com as melhores notas em avaliações dos últimos 10 anos, crianças que são incentivadas na cultura local. Agora teremos 10 ônibus novos, que conquistamos junto ao governo federal, para o transporte dos alunos do interior.
MINUANO – Na sua opinião, quais são as principais demandas na área da saúde e como seu governo municipal poderia enfrentá-las?
DIVALDO – A saúde foi nossa principal prioridade. E é a prioridade das prioridades, para nós. Cuidamos tão bem da saúde que quando chegou a pandemia, nossa rede estava preparada para dar a resposta. Reabrimos o Hospital Universitário, que hoje é uma referência em gestão hospitalar. Fizemos um convênio histórico. Nunca, na história da prefeitura e do hospital, existiu um convênio. Colocamos o tomógrafo em funcionamento e compramos mensalmente cerca de 3,5 mil exames para a população. Isso permitiu fornecer um serviço de muita qualidade. Aumentamos o número de especialistas. Fizemos, por mês, aproximadamente 30 mil exames, somando laboratório próprio, dos hospitais e outros. Renovamos toda a frota da saúde, com ambulâncias, vans, carros e ônibus. Abrimos a Casa de Hospedagem, em Porto Alegre, para abrigar os bajeenses. Nossa conquista mais recente, fruto de articulação com o ministro Pazuello, é o início da radioterapia. Estava trancado há 20 anos. Diziam que não iria sair. Aí estão as obras, destrancadas pelo nosso governo, pela nossa articulação. Em 12 meses, os bajeenses não vão mais sair da cidade para se tratar nesta área. Estarão aqui, fazendo um tratamento digno.
MINUANO - O setor primário, considerado fundamental para a economia do município, depende da infraestrutura viária. O candidato tem alguma proposta para garantir a manutenção de estradas vicinais?
DIVALDO - Nossa proposta é a renovação do parque de máquinas, coisa que não conseguimos fazer no primeiro mandato, devido às dívidas e a situação de sucateamento que herdamos a Prefeitura. Estamos com pedido de quatro kits de máquinas com o vice-presidente Mourão, através do Ministério da Agricultura. Estamos aguardando a chegada, ao final do ano ou início do próximo, para poder, aí sim, ter equipamentos para dar a manutenção que o interior tanto precisa e merece. Não foi possível fazer isso nos primeiros quatro anos devido aos endividamentos, ao sucateamento e a situação precária em que o município estava.
MINUANO - Em pouco menos de uma década, o trânsito bajeense recebeu mais de 27,7 mil novos veículos. A frota passou de 45.312, em dezembro de 2010, para 73.020, em setembro de 2020. Esta progressão cria desafios no sentido da mobilidade urbana. Como resolver os gargalos do trânsito em um contexto onde a frota particular cresce a cada dia?
DIVALDO – O comércio de veículos é muito forte na nossa cidade. É forte porque consegue abranger não só o público local, mas regional. Estes veículos são muito bem-vindos. Tanto no que se refere ao comércio, quanto à questão da geração de impostos, que deixa para o município, como o IPVA. Temos diversos quilômetros de asfalto a serem construídos. Quero utilizar estes asfaltos novos para fazer ciclovias. Também queremos melhorar a sinalização urbana, semáforo e sinais de trânsito. Vamos aplicar o plano de mobilidade urbana, que Bagé tem, mas está desatualizado, e com erros que precisam ser corrigidos para que a mobilidade, ao ser discutida novamente, e implementada logo após, tenha a compreensão da sociedade e seja de fato algo que dê o resultado que se espera. É sem dúvida uma discussão, junto com o plano de saneamento básico, fundamental para os próximos quatro anos. E isso está na minha mesa. É prioridade.
MINUANO - Bagé possui mais de 180 quilômetros de vias urbanas sem pavimentação. Parte destas ruas também ainda não possui rede de esgoto e passeio público. O senhor tem algum projeto para reverter este cenário?
DIVALDO – O plano é continuar com o governo que está colocando asfalto na cidade. A lista de obras de asfaltamento é grande, incluindo o acesso à Unipampa, as avenidas Attila Taborda e Itália, a nova Narciso Suñe, Padre Abílio, Anel Rodoviário, o bairro Dois Irmãos e outros projetos. São 7,5 mil toneladas de usinagem própria de asfalto. Vamos potencializar a usina de asfalto, que tem, hoje, a estrutura toda localizada na cascalheira do município. Junto vamos criar uma fábrica de calçamento. A meta é calçar as ruas de trânsito leve. Reativamos a fábrica de bueiros e agora vamos criar a fábrica de calçamento. Vamos continuar com os programas de asfaltamento que estão vinculados diretamente aos recursos que já captamos junto ao governo federal. Tem recurso para Vila Brasil e para o Castro Alves. São projetos aprovados. Temos ainda os recursos de R$ 25 milhões para os bairros Santa Flora, Bonito, Ipiranga e Pedra Branca. Todos vão ficar iguais ao bairro Dois Irmãos. Nossa meta é continuar asfaltando Bagé o tempo todo, como fizemos nesses últimos três anos e dez meses, fazendo toda a infraestrutura das ruas.
MINUANO - A cidade conta com uma autarquia responsável pelo serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto. Embora tenha autonomia financeira, no sentido da arrecadação e aplicação de receitas, o Daeb é dirigido por um gestor indicado pelo chefe do Executivo. Na sua gestão, quais critérios devem nortear esta indicação? O que os bajeenses podem esperar do planejamento para este setor?
DIVALDO – Tivemos, como diretores do Daeb, depois de muitos anos, dois técnicos, o primeiro e o atual, da área da engenharia. Com o primeiro diretor, construímos o reservatório de água. Uma obra aguardada há mais de 100 anos. Hoje temos automação. Antes, se colocava cloro de forma manual. Agora é tudo automatizado. Para resolver a questão do abastecimento da cidade, temos que atuar em duas frentes: barragem, que já começou com o Exército, e caixas elevadas em algumas regiões da cidade, para aumentar a força nas pontas de rede. O restante é trabalho para combater o desperdício, a fuga de rede, o que se perde de água. Com relação ao saneamento, reativamos a fábrica de bueiros e colocamos também compramos 20 mil bueiros. Nunca se colocou tanto bueiro na cidade. Destravamos o processo da estação de bombeamento de esgoto e, em breve, Bagé será a única cidade no Rio Grande do Sul e uma das poucas no Brasil que terá 80% do esgoto coletado e 59% tratado.
MINUANO – A manutenção do Fundo Municipal de Pensão e Aposentadoria do Servidor (Funpas) é uma questão central para os municipários. O candidato tem algum plano para amortizar o passivo atuarial e garantir a saúde financeira do Funpas?
DIVALDO – O problema do Funpas vem desde 1998 e foi procrastinado por todos os governos. O que eu parcelei no meu período como prefeito? Parcelei R$ 43 milhões, 35,83% da dívida total do Funpas. O que Divaldo parcelou de dívida do governo anterior? Parcelou R$ 27,5 milhões, 22,95%. Parcelamentos de governos anteriores representam R$ 49,5 milhões, 41,22%. Totalizando R$ 120 milhões em parcelamentos. É o que se deve ao Fundo. O Funpas entra numa discussão de nova previdência do país. E os servidores precisarão fazer esta discussão. Terão que conversar sobre isso e achar soluções. O Funpas é vítima da irresponsabilidade de legislações que criaram planos de carreira sem fazer compensações previdenciárias e altas aposentadorias do passado, que não tiveram a devida contribuição adequada ao Fundo. O Funpas ficou anos sem receber novos servidores, que aumentaria a arrecadação. Começa a receber agora 187 novos servidores do concurso público que realizamos. Estamos preparando dois leilões de imóveis. Pela primeira vez na história vão acontecer leilões, especificamente, para enviar recursos ao Funpas. Os recursos dos dois leilões de imóveis vão diretamente para o Fundo para amortizar a dívida. Se calcula que os leilões podem arrecadar cerca de R$ 22 milhões.
MINUANO - Os arroios Tábua, Perez e Bagé são declarados como Patrimônios Históricos, Naturais e Paisagísticos do Município. O candidato tem alguma proposta para a conservação destes mananciais?
DIVALDO – Temos, como proposta, o desassoreamento, a criação de bosques e a continuidade de projetos como o da Panela do Candal, que, além de revitalizar, torna pontos específicos dos cursos dos arroios como áreas de lazer e de convívio, com a despoluição. A Panela do Candal é o primeiro projeto de Bagé voltado especificamente para tornar um ponto degradado, um ponto que tem uma história, mas nunca teve melhoramento nenhum, em um parque. A obra já está em andamento. Queremos que outros pontos da cidade recebam as mesmas intervenções. Também queremos implementar a coleta seletiva em Bagé. Aumentamos a 'conteinerizada', com 70% de cobertura de contêiner na cidade. Queremos aumentar e implementar a coleta seletiva.
MINUANO - O próximo prefeito deve assumir a responsabilidade pela obra da barragem da Arvorezinha. Que peso este projeto terá na sua administração, caso vença a eleição?
DIVALDO – Nunca prometi barragem. Me elegi sem prometer barragem. Quando assumi a Prefeitura, assumi as dívidas deixadas pelos desvios de recursos feitos naquela obra, ocorridos durante a gestão anterior. Isso tem que ficar claro. E tem número. São R$ 6,5 milhões. Os bajeenses já pagaram R$ 1,5 milhão dessa dívida. E temos mais R$ 5 milhões para pagar. Herdei as dívidas e comecei a pagá-las. Conseguimos fazer todo o desembaraçamento da obra, projeto executivo básico, projeto ambiental, os projetos hídricos e as planilhas orçamentárias com cinco mil itens. Atualizamos um a um e vencemos todas as etapas. Trouxemos o presidente e tiramos dele a palavra, o compromisso, da execução da obra, com o Exército Brasileiro. E o Exército topou a missão. Assumiu a obra e vai executar. Eu vou entregar aquilo que é o sonho de décadas, que muitos diziam que era impossível, como tantas outras coisas que já fiz. Finalizo, com isso, a minha gestão, e pretendo, junto com o presidente Bolsonaro, no início de 2022, estar inaugurando a obra. É isso que está no cronograma e é isso que vamos executar. A retomada da obra não demanda desapropriações.
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Considerações finais
Quero deixar claro que, na hora mais difícil que a nossa cidade viveu, no momento de pandemia, Bagé pôde ver e constatar que teve governo e que teve um prefeito na linha de frente. Muitos daqueles que me atacam, daqueles que me batem, que atribuem a mim coisas absurdas, foram os primeiros a fugir de Bagé, os primeiros a deixar a cidade. Inclusive, muitos me elogiavam naquela época. Enfrentamos o vírus, na linha de frente, com nossas equipes, trabalhamos e mostramos o resultado da competência da nossa equipe. Da competência que nos fez virar um quadro grave, competência que nos levou a fazer a gestão de tantas obras na cidade. Como cidadão de Bagé, tenho plena consciência de que tem muito a ser feito. Muito. Tem muita coisa para melhorar, mas nunca se fez tanto por esta cidade como fizemos agora. Estão aí as cabeceiras daquelas pontes suspensas, que aguardaram 30 anos. Uma vergonha para tordos nós. Há quantos anos Bagé não fazia pontes ou não colocava asfalto? Quero continuar prefeito para dar seguir o trabalho que está dando resultado na vida dos bajeenses, e que, com todos os apoios políticos que tenho, continuará dando resultados importantes. O caminho a ser seguido é esse, sem ideologia, mas de gestão.