Eleições 2020
“Nossa proposta é trabalhar para o povo bajeense, unindo as pessoas”, afirma Elenara Ianzer
por Redação JM
A professora Elenara Ianzer, que disputa a Prefeitura de Bagé pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), abre a série de entrevistas do Jornal Minuano explicando que sua candidatura propõe uma nova visão administrativa para superar o que define como polarização do cenário político local.
Elenara, que disputou uma vaga no Legislativo no pleito municipal de 2004, encabeça a chapa trabalhista, sem coligação, que tem como candidato a vice-prefeito, o ex-diretor do Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb), Aroldo Barcelos.
MINUANO – Por que decidiu disputar a eleição municipal em 2020?
ELENARA - A política bajeense está polarizada. Acreditamos que esta polarização impede que muitas coisas aconteçam. Entendemos que o desenvolvimento de Bagé fica prejudicado. Achamos que é preciso uma outra visão, outra ótica sobre como administrar Bagé, priorizando aquilo que a gente defende para uma recuperação da nossa cidade, que precisa de emprego e desenvolvimento. É em cima disso que estamos colocando nosso nome à disposição e encarando esta campanha. Por que o PDT é importante para a acabar com a polarização? No processo eleitoral, na construção das candidaturas, fomos procurados pelos outros partidos, tanto de uma extrema, quanto de outra. Temos uma boa relação com todos, mas pensamos que era hora de tentar um novo nome, uma nova linha de atuação na prefeitura. Por isso estamos colocando o PDT na disputa. Embora ande uma história de que retiraríamos a candidatura para apoiar A ou B, isso não existe. A candidatura veio para ficar, para dar uma opção. Queremos que a dicotomia termine. Temos um projeto trabalhista para Bagé. Por isso não retiramos a candidatura. As pessoas que me conhecem sabem que procuro sempre o lado técnico, do trabalho, com aquilo que beneficia o cidadão, sem olhar cor partidária. Chegando na prefeitura, nossa maneira de trabalhar será essa. O PDT no governo estará trabalhando com todos. Somos anticorrupção. Isso é algo que mostramos na prática. Mas nossa candidatura não e anti, é a favor de Bagé.
MINUANO – O orçamento do município foi impactado pela pandemia do novo coronavírus. A expectativa é a de que, na maioria das cidades, a situação pode refletir na capacidade de investimentos em saúde, educação e infraestrutura, ainda em 2021. Qual é a saída para aumentar a receita diante da perspectiva de eventuais novas despesas?
ELENARA – Temos verbas que são previamente destinadas. Verba da educação, da saúde. Isso vem programado. O primeiro compromisso é usar essas verbas nos seus devidos lugares. É da educação? Vai para educação. É da saúde? Vai para a investimento na saúde. É para merenda escolar? Então se investe na qualidade da merenda escolar. A saída para melhorar a receita passa pela captação de recursos. E para isso precisamos de bons projetos. Bons projetos terão bons recursos. E temos certeza de que podemos fazer. Não existe fórmula para aumentar a arrecadação. A arrecadação direta, que é a arrecadação de impostos, isso é onerar o nosso povo. Temos é que canalizar os recursos destinados para as suas devidas áreas e trabalhar com muitos projetos. Já temos uma equipe pronta, com bons quadros. Temos contatos com governo federal e com o governo estadual, para nos respaldarem e fazer os recursos chegarem a Bagé. E para manter a arrecadação, a proposta é fazer uma administração transparente, para que a população saiba onde os recursos são aplicados e não sonegue impostos. As pessoas precisam ter a certeza de que o recurso foi utilizado de acordo com a necessidade e as carências que temos. Temos problemas com o custo Bagé, que envolve logística e infraestrutura, com gargalos de energia, mobilidade urbana, iluminação, água e educação. A educação, que é nossa bandeira, a bandeira trabalhista, é uma tábua transformadora até para aumentar a arrecadação do município. Uma gestão austera, como a que pretendemos fazer, também vai contribuir para que os recursos possam ser canalizados para aqueles ambientes propícios para o desenvolvimento. Temos muitas pessoas que precisam trabalhar e precisam do respaldo do governo municipal. Outro dia conversamos om um grupo de motoboys e percebemos o quanto as pessoas ficam limitadas às exigências. É uma questão municipal. Mas por que não facilitar a oportunidade para quem quer trabalhar? Se não fizermos isso, o governo passa a ser responsável pelas tragédias que acontecem. Quem não está empregado e tem um filho passando fome, precisando colocar comida na mesa, muitas vezes termina fazendo as coisas mais absurdas, no desespero. Então, acho que precisa ter esse compromisso com as pessoas e oportunizar ao bajeense alternativa de trabalho.
MINUANO – A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças para a educação, criando um novo contexto para 2021. Por um lado, temos as demandas dos professores, por valorização e qualificação para lidar com os desafios que se apresentam. Por outro, encontramos a preocupação de pais e alunos, com o equilíbrio de eventual defasagem registrada em 2020. Como equacionar este cenário?
ELENARA – Eu costumo dizer que, em 2020, a educação teve um prejuízo pedagógico dificilmente recuperável. Outro dia, conversava com pais, notamos que a preocupação era a de que os alunos não vão reprovar. Não vão reprovar mas estão com este atendimento parcial, que, daqui há alguns anos, vai refletir. Como vão encarar um mercado de trabalho sem uma estrutura mínima? Temos um grupo estudando detalhadamente como se dará este retorno das aulas. Tem que ser um retorno gradual, chamando os pais para uma boa conversa e olhando o aluno de frente. Nós defendemos a educação como princípio número um, estatutário. Zelamos pela criança desde antes do seu nascimento. Isso é uma regra no PDT, para que chegue no período de escolaridade bem alimentado, bem tratado. Temos uma proposta para isso. E precisamos contar com o apoio da comunidade, com os pais dentro da escola, tratando deste assunto, dialogando com o órgão público. Tudo passa por condições físicas das escolas, por bons professores, incorporados ao quadro e com estímulo salarial, recebendo o piso. A questão dos professores é muito séria. Mas também existem outras nuances. Costumo dizer que daqui 20 ou 30 anos, vamos eleger nossos novos governantes. E quem serão? Serão os nossos alunos de hoje. Por isso, a educação é tão importante.
MINUANO – Na sua opinião, quais são as principais demandas na área da saúde e como seu governo municipal poderia enfrentá-las?
ELENARA – Temos que garantir condições para que não haja espera por atendimento e trabalhar para reduzir a necessidade de exames feitos fora de Bagé. Temos, ainda, a questão do saneamento básico. Assumimos um compromisso com a reestruturação do nosso saneamento básico. É uma obra que fica embaixo do chão. Sabemos que, por isso, ninguém quer se preocupar. Mas se não faz a obra que está escondida, vai estourar na obra que aparece. Nosso compromisso é ampliar os horários de atendimento nos postos de saúde. Isso tem que ser estudado e analisado, também com o pessoal da área. Uma boa administração se faz dialogando, principalmente com os envolvidos. Quando ao saneamento básico, entendemos como fundamental para a saúde. A saúde começa aí. A primeira obrigação é oferecer, para as pessoas, condições de vida saudável.
MINUANO - O setor primário, considerado fundamental para a economia do município, depende da infraestrutura viária. A candidata tem alguma proposta para garantir a manutenção de estradas vicinais?
ELENARA – Uma manutenção que dê condições para transitar é o mínimo. Nossa malha é grande. É preciso ver o que existe de máquinas no parque da Prefeitura para poder planejar. Eu defendo que quando se assume um cargo público, assume para trabalhar para o outro. Quer trabalhar pra ti, então monta uma empresa. Quando assume um órgão público, tem que trabalhar para a cidadão. É uma doação para quem confiou em ti. Uma máquina para a manutenção das estradas vicinais é mais importante do que um carro último tipo para algum gabinete. Também estamos falando de educação, aqui, porque o transporte escolar passa por estas vias. Um ônibus escolar precisa poder transitar para transportar os alunos quando chove. É preciso haver rigidez na administração dos recursos da prefeitura e a gente vai correr atrás do que for necessário para garantir as condições destas estradas. Entendemos a importância fundamental destas vias.
MINUANO - Em pouco menos de uma década, o trânsito bajeense recebeu mais de 27,7 mil novos veículos. A frota passou de 45.312, em dezembro de 2010, para 73.020, em setembro de 2020. Esta progressão cria desafios no sentido da mobilidade urbana. Como resolver os gargalos do trânsito em um contexto onde a frota particular cresce a cada dia?
ELENARA – O PDT entende que é preciso fazer um reestudo urbano de Bagé. A verdade é que o nosso trânsito é terrível. Existe um problema de engenharia. Precisamos de engenheiros de trânsito. É algo em que estamos trabalhando, porque sabemos que é preciso enfrentar. É importante dizer que também precisamos mudar a cultura de só andar de carro. Precisamos de políticas públicas para priorizar outros tipos de transportes, para que tenhamos uma cidade sustentável. É preciso retirar o trânsito pesado do centro da cidade. Não vai se resolver de uma hora para outra. É um planejamento. O trânsito precisa passar por uma modernização, que envolve obras viárias, e isso demanda projetos e compromissos com a continuidade. Existe uma prática, e isso é geral no Brasil, onde se pára o que estava sendo feito. Uma obra que foi iniciada pelo fulano, não vai adiante no governo do beltrano. Aí vem outro projeto, muda governo, e também pára. Vai acumulando. Essas coisas não podem acontecer. Temos um compromisso com a continuidade. Dinheiro público tem que ser respeitado e usado até cumprir seu objetivo. Se a proposta era construir uma ponte ou calçar uma rua, tem que construir a ponte e calçar a rua. É simples e assim será feito.
MINUANO - Bagé possui mais de 180 quilômetros de vias urbanas sem pavimentação. Parte destas ruas também ainda não possui rede de esgoto e passeio público. A senhora tem algum projeto para reverter este cenário?
ELENARA – Antes da pavimentação, antes do asfalto, tem que fazer o tratamento do esgoto. Não pode ser de outra forma. Precisamos primeiro tratar o que fica embaixo da terra e não aparece, mas é estrutural, que são os encanamentos, o saneamento. Um esgoto bem tratado também favorece a mobilidade. Sem falar na questão da saúde e no bem estar da população. A questão tem que ser vista como um todo. Mas primeiro, preparando as ruas com o básico, para depois receber o asfalto, que também faremos.
MINUANO - A cidade conta com uma autarquia responsável pelo serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto. Embora tenha autonomia financeira, no sentido da arrecadação e aplicação de receitas, o Daeb é dirigido por um gestor indicado pelo chefe do Executivo. Na sua gestão, quais critérios devem nortear esta indicação? O que os bajeenses podem esperar do planejamento para este setor?
ELENARA – Não sabemos a situação do Departamento. Não temos informação do que arrecada, do que investe, onde e como investe. Qualquer compromisso assumido será em vão. Eu costumo dizer que não faço promessa, mas compromisso, porque compromisso se cumpre. Sabemos que a barragem é fundamental, mas não é tudo. O problema hídrico é muito mais complexo. Não defendemos discurso populista. Temos compromisso com a população. A barragem é uma das questões a serem resolvidas, um dos pontos. Nossa proposta é termos um gestor técnico. Todas as pessoas que assumirem condições de chefia terão que ser comprometidas conosco, na aplicação dos recursos com transparência e seriedade. O PDT é contra a privatização do Daeb. Para quem daríamos a água de Bagé? Vamos perder a capacidade de gerenciar o setor, quando todo o mundo está passando a discussão sobre a gestão da água para as comunidades? É impensável, para Bagé, abrir mão de gerenciar o uso da sua água. Queremos que esse processo de gestão seja público e transparente.
MINUANO – A manutenção do Fundo Municipal de Pensão e Aposentadoria do Servidor (Funpas) é uma questão central para os municipários. A candidata tem algum plano para amortizar o passivo atuarial e garantir a saúde financeira do Funpas?
ELENARA – Não temos informações precisas sobre a situação do Funpas. Sabemos que existe uma dívida e que foram feitos vários parcelamentos. O Funpas é fundamental para garantir a aposentadoria de quem trabalha. Entendemos que o que é do Funpas, precisa ir para o Funpas. As contribuições dos funcionários e da prefeitura têm que ser repassadas religiosamente. Nosso compromisso é repassar a cada segmento aquilo que é seu. Não será diferente com o Funpas. A situação será debatida com as categorias. É preciso conhecer e mostrar a realidade das finanças para tornar possível acertar as contas gradualmente. Estamos lidando com a vida do funcionário. Em 2000, o piso era R$ 20 a menos do que o salário mínimo, hoje ele é 50% menor. Que estímulo o funcionário público tem para estar ali atendendo as pessoas, quando o salário é pequeno? Valorizando o servidor é possível estimular o bom atendimento e, gradualmente, reestruturar o Funpas. Isso é um compromisso. Não vamos deixar o Funpas fechar e não permitiremos que encontre outras dificuldades. Também vamos tratar os números do Funpas com transparência e diálogo, colocando as cartas na mesa, para poder estabelecer um calendário de recuperação.
MINUANO - Os arroios Tábua, Perez e Bagé são declarados como Patrimônios Históricos, Naturais e Paisagísticos do Município. Tem alguma proposta para a conservação destes mananciais?
ELENARA – Temos uma secretaria de meio ambiente. A ideia é torná-la mais protagonista. Os arroios têm sido utilizados como escoador de esgoto. É uma questão que vai demandar projetos para captação de recursos e também depende de parcerias. O município sozinho não tem condições de resolver o problema. É um dos maiores problemas e não e só paisagístico. Em todos os lugares do mundo se busca preservar as nascentes e a qualidade da água de arroios. Preservar os arroios traz benefícios para a população, porque está relacionado à saúde. Demanda, ainda, uma mudança de cultura, com uma campanha de conscientização, e passa pela questão do lixo. Queremos uma coleta seletiva, com um trabalho de educação que deve começar pela escola, com lições sobre a seleção do que é reaproveitável, porque isso vai criando hábitos. É viável. A coleta seletiva, que também projetamos, vai diminuir o problema dos arroios. Nosso compromisso é com uma mudança na postura administrativa, para oferecer às pessoas uma visão transparente.
MINUANO - O próximo prefeito deve assumir a responsabilidade pela obra da barragem da Arvorezinha. Que peso este projeto terá na sua administração, caso vença a eleição?
ELENARA – A barragem é, neste momento, o projeto que está sendo tratado. Nós não interromperemos nenhum projeto, nenhuma proposta de trabalho. Temos o compromisso de dar continuidade, mas sabendo que a barragem é uma das questões para resolver o problema hídrico de Bagé. Se a obra começar, nós continuaremos. Se não começar, mas tiver tratativas, daremos continuidade. Não temos nenhum obstáculo, vamos dizer assim, em dar continuidade àquilo que foi prioritário. Se ficou estabelecido que seria feito e se é bom para a população, abraçaremos e continuaremos lutando para aprimorar. Seja o que for. Mas é importante salientar que o PDT tem um plano hídrico, que envolve armazenamento e distribuição da água. Nunca desqualificamos a construção da barragem, mas não é só isso. As pessoas têm a expectativa de que a barragem vai solucionar tudo.
Considerações finais
Nossa proposta é trabalhar para o povo bajeense, unindo as pessoas. Queremos fazer os bajeenses participar do processo da administração. Como? Ouvindo as categorias, discutindo, negociando e mostrando a realidade, com o compromisso da transparência e da responsabilidade com o recurso público. Queremos uma gestão que priorize, em primeiro lugar, a criança e a educação. Gostaria de dizer para os professores, iguais a mim, que são funcionários públicos, igual a mim, que sentem na pela a dificuldade do trabalho, a falta de reconhecimento, que nós temos um compromisso sério com este trabalho. O PDT é um partido fora de qualquer corrupção, de qualquer denúncia ou irregularidade no mundo político. É um partido que tem compromisso com a palavra dada. Aquelas pessoas que confiam em nós poderão ter a tranquilidade de que iremos trabalhar para todos, independente da cor partidária, tratando todos como cidadãos bajeenses. Estou aqui para trabalhar com cada um dos bajeenses.