O Natal não é só consumir
A palavra Natal vem do latim e quer dizer nascer, o primeiro natal cristão oficial é datado em 25 de dezembro do ano 449 como dia comemorativo do nascimento de Jesus, e logo se tornou uma das principais festas da Igreja Católica. Na tradição cristã o costume de presentear surgiu dos reis magos, que foram até a manjedoura (cocho), que servia de berço do menino Jesus para presenteá-lo pelo seu nascimento com ouro (realeza), incenso (divindade) e mirra (humanidade).
A figura do Papai Noel, um bom velhinho, corado de barba branca, roupas vermelhas, que traz nas costas um saco cheio de presentes para as crianças, vem de São Nicolau, Bispo e Santo da Igreja Católica, conhecido por ser muito bom com as crianças, ideia proposta por comerciantes da época para dinamizar a economia local. A indústria e o comércio mudaram muito de lá para cá, a sociedade passou por um grande desenvolvimento industrial, que massificou as produções e aumentou e diversificou os produtos à venda, assim desenvolveu-se as estratégias de marketing e as facilidades do crédito, como forma de dar vazão a grande produção.
Os intelectuais debatem o nosso tempo para achar uma denominação apropriada para as últimas transformações na sociedade que envolva a globalização, o individualismo, a internet e outras tecnologias. O que é consenso é que o mundo hoje não é mais o de outrora, e os estudos acerca da crítica moral ao consumo passaram a ocorrer a partir da década de 1980, chegando a duas conclusões: de que o consumo é central no processo de reprodução social de qualquer sociedade e que ele preenche nos indivíduos uma função além da satisfação das necessidades materiais.
O problema da dinâmica é que foram criadas falsas demandas, ou seja, produtos ou serviços que criam expectativas sociais através de exigências do mercado, difundidas pelos meios de comunicações e as redes sociais. Ocorre que as sensações de bem-estar das falsas necessidades são fugazes, produzindo sentimento de vazio e insatisfação, que somente será preenchido com uma nova compra. É através desta percepção que o sociólogo polonês, Zygmunt Bauman constrói a sua teoria da modernidade liquida, onde as pessoas vivem uma constante fantasia de suas vidas como uma obra de arte, através das redes sociais, em constante comparação com os outros, na busca do que não tem, em constante insatisfação, assim, consumir se torna a busca existencial e da felicidade.
Como falamos no início do texto, o Natal é a celebração de um aniversário, que como toda a festa deve ser organizada com preparação do lugar da festa, as comidas, bebidas e a lista de convidados, que são importantes, mas o principal é o aniversariante, Jesus de Nazaré, que nasceu onde hoje é a Palestina, população que é assolada por uma guerra desproporcional. Jesus durante toda a sua vida distribuiu mensagens de bondade, justiça, empatia, compaixão, igualdade e partilha com os mais pobres e abnegação do material, portanto, se pergunta: o que fizemos (sociedade) com o Natal?
A festa natalina atual é o contrário do que Jesus representava, é a extrapolação do materialismo e o consumismo, um desperdício de recursos na busca de comprar felicidade, que não está em coisas. A felicidade e a alegria do Natal estão no acolhimento do outro, na compreensão de que o outro é irmão ou irmã, sem individualismos, egoísmos ou exclusões, que levam a desorganização social prejudicando o bem comum. O Natal deve estar pautado na solidariedade e na construção coletiva de uma sociedade justa para todos. Portanto, não esqueçamos que Jesus veio ao mundo de forma muito simples para implantar o Reino de Deus, que não está baseado na riqueza, mas na simplicidade. Um Feliz Natal a todos!