A luz elétrica em Bagé
Bagé sempre teve avanços em relação à modernização, pois foi uma cidade importante no contexto político e econômico no estado e também no Brasil. Isso aconteceu principalmente após a Revolução Federalista de 1893, onde o município passou por uma rigorosa obra de reconstrução, graças ao intendente José Otavio Gonçalves, que colocou Bagé entre as primeiras cidades do Estado. Várias obras foram iniciadas como praças, calçamento da Avenida Sete, início da construção do prédio da Prefeitura de Bagé e a construção de diversas pontes. Mas havia um problema, muitos reclamavam que a iluminação da cidade era deficiente, não havendo um lampião por quadra.
Por isso, a obra de grande projeção para o município foi a instalação da luz elétrica que ficou a cargo do empresário Emílio Guilayn. Primeiramente, o intendente José Otavio abriu edital de concorrência pública para a instalação da luz elétrica publicado no Jornal “O Comércio” em 14 de março de 1898. A primeira proposta aceita para o fornecimento de energia elétrica foi de Antônio Manoel de Azevedo Caminha, que logo após transferiu o contrato para Emílio Guilayn.
Assumindo o contrato, Guilayn, juntamente com seu gerente João Maria Peixoto, puseram mãos à obra e começaram a construção do prédio da Usina Elétrica, onde hoje é o prédio regional da atual CEEE.
A cidade acompanhou, desde a contratação dos equipamentos, colocação dos postes, distribuição dos fios, instalação dos focos, com lâmpadas de arco-voltaico e algumas incandescentes. Muitos esperavam a chegada da energia elétrica na cidade, que seria uma forma animadora de progresso. O responsável pela instalação do maquinário para geração de energia elétrica no município foi o engenheiro alemão Eugênio Oberst, que foi contratado por Emílio Guilayn para finalmente concluir seu projeto.
Para dar início à luz elétrica no município, no dia 25 de maio de 1899, foram ligados os motores e dínamos, acendendo algumas lâmpadas no interior da usina, o que aconteceu na presença de autoridades e convidados.
No dia 4 de junho de 1899, foi inaugurada a luz elétrica em Bagé, se tornando um dos primeiros municípios do Brasil a contar com iluminação pública e residencial. Foi um verdadeiro espetáculo para a época, visto que se tinha notícias oficiais, que haviam poucas cidades com energia elétrica. Campos no Rio de Janeiro teria sido a primeira cidade do Brasil com luz elétrica em 24 de julho de 1883 e a segunda foi Juiz de Fora, em Minas Gerais, em 1889.
O importante acontecimento teve ampla cobertura da imprensa estadual e a população permaneceu até altas horas nas ruas da cidade. Alguns jornais da época relataram o evento como inédito no Estado. Vieram de trem, excursionistas para ver a novidade e o grande espetáculo, das cidades de Rio Grande e Pelotas. Vários eventos foram realizados como corrida de bicicletas, batalha de flores, bailes, concertos e outros tantos vivas, como costume da época. Mais tarde a luz finalmente foi ligada até boa parte da madrugada.
A chegada da luz elétrica em Bagé trouxe otimismo para a população, com a projeção de bondes, fábricas e outros avanços, entre eles a chegada do primeiro Raio X, com ampolas elétricas trazidos de Paris, pelo Dr. Verissimo Dias de Castro.
A empresa Emílio Guilayn e Cia esteve encarregada da luz elétrica em Bagé até 1919, que foi transferida para Cia Telefônica Rio-grandense por 2 anos. Em 1922, ficou responsável a Companhia Geral de Luz e Força. Em 1930, a Companhia Sul Americana de Serviços Públicos a encampou. Em 1955, a empresa começou a ser administrada pela Companhia Estadual de Energia Elétrica, sendo o estado responsável pelo fornecimento de energia elétrica. Até 1961, o fornecimento de energia ficava a cargo das máquinas e caldeiras na rua Juvêncio Lemos, depois passou a ser fornecida pela Usina de Candiota em 19 de dezembro de 1961. Atualmente, o serviço está privatizado, sendo de responsabilidade da CEEE Equatorial.
{AD-READ-3}Fontes:
FAGUNDES, Elisabeth Macedo de. Inventário Cultural de Bagé. Porto Alegre. Praça da Matriz, 2012
LEMIESZEK, Cláudio Leão. Bagé – Relatos de sua História – Porto Alegre. Martins Livreiro, 1997