Pedro Wayne
Pedro Rubens de Freitas Wayne foi um jornalista, poeta e romancista. Nasceu em Salvador, no dia 26 de fevereiro de 1904, mas morou grande parte de sua vida no Rio Grande do Sul.
A família de Pedro Wayne transferiu-se para a cidade de Pelotas, quando o menino tinha apenas quatro anos e, mais tarde, passou a residir em Bagé. Essas experiências concederam a Pedro Wayne um contato mais direto com a vida campeira do gaúcho, a lida do campo, com o gado e o trato com o cavalo. Também trabalhou como agricultor, além de bancário, juiz municipal e jornalista.
A sua obra mais conhecida é Xarqueada, considerada uma incisiva crítica à realidade do da charqueada da campanha do Rio Grande do Sul.
Como jornalista, atuou como redator e cronista do jornal Correio do Sul, além de participar como colaborador da revista “Phenix” e outros jornais de menor expressão. Foi editor da “Revista da Exposição”, publicada durante o tradicional evento, que é promovido anualmente pela Associação Rural de Bagé. Ao lado de Fernando Borba, Paulo Thompson Flores e Pelayo Perez, o autor foi responsável pela publicação de um pequeno jornal local, que repercutiu significativamente nos meios literários nacionais, recebendo pedidos de exemplares de várias partes do país, trata-se de “ABCDEFGIJKLMNOPQRSTUVWXYZ”. Em seu editorial de inauguração, o jornal assinalava comprometer-se com "literatura da nova, coisas de hoje”.
Apesar do seu vanguardismo, o periódico teve curta duração, embora despertasse polêmica, sendo considerado “obsceno, pornográfico e imoral”. Acabou sendo fechado pela polícia por determinação expressa do governador do Estado, Flores da Cunha, em atendimento a pedidos que lhe haviam sido feitos por líderes locais. Em versos, Pedro Wayne publicou Versos Meninosos e a Lua, seguido por Dina e Tropel de Aflições. O último, em memória de sua filha Dolores Maria, prematuramente falecida: “dezesseis poemas para aquela que aos 16 anos de idade deixou-nos a permanência de seu beijo e em sonho novamente se tornou”.
Em Versos Meninosos e a Lua, por outro lado, predominam o humor, a coloquialidade e a temática cotidiana, indicando a sua adesão ao projeto modernista, que marcou a sua linguagem lírica, de modo que contribuiu, adotando tal postura, para a renovação da produção literária da poesia no Rio Grande do Sul. Wayne também desenhava, material seu se encontrava na Revista Phenix.
Atento aos movimentos culturais, Pedro Wayne incentivou e colaborou, desde do início, com os jovens artistas que formaram o Grupo de Bagé. A sua contribuição é lembrada pelo poeta, escritor e crítico de artes bageense Clóvis Assumpção, ao afirmar que Wayne “não só inovou a literatura do Rio Grande do Sul, com a participação ativa e direta de seu talento, como também conservou-a no alto sentido social, muito contribuindo para a formação do Grupo de Bagé, com os pintores bajeenses Danúbio Gonçalves (1925), Glênio Bianchetti (1928) e Glauco Rodrigues (1929).
O trabalho comunitário e a projeção que concedeu à cidade de Bagé, através de sua obra, renderam várias homenagens públicas a Pedro Wayne, incluindo o nome de uma rua e o nome da Casa de Cultura do município, local em que se realizam atividades culturais locais e regionais. Em uma de suas salas, há um memorial dedicado ao escritor, que inclui móveis, objetos de uso pessoal, escritos e trabalhos artísticos, incluindo pinturas, do intelectual baiano.
Pedro Wayne faleceu em Bagé no dia 13 de outubro de 1951, sendo casado com Leopoldina Calo Wayne, deixando três filhos Ernesto, Ramon e Ester.
Fontes:
{AD-READ-3}FAGUNDES, Elisabeth Macedo de. Inventário Cultural de Bagé. Porto Alegre. Praça da Matriz, 2012
LOPES, Mario. Bagé - Fatos e Personalidades. Praça da Matriz. Ed Evangraf: Porto Alegre, 2007