Dos nomes
Esse negócio dos nomes próprios é engraçado. Ano passado no Brasil no registro cívil os que apareceram mais foi Arthur para os meninos e para as meninas Alice.
Há um tempo atrás predominava nas meninas o final eli, Andrieli, Natieli, Marieli e por ai vai.
Além do mais existem os nomes esquisitos que as vezes acabam causando constrangimentos quando o sujeito é perguntado sobre a origem do seu nome. Não é o meu caso quando me
perguntam a origem do meu nome Sapiran eu respondo de pronto “foi um grande cacique charrua” e me livro do sujeito.
Na verdade sei lá eu qual e a origem deste nome só lembro que quando eu era guri existia na cidade eu e mais três e teve um jogador de futebol da seleção uruguaia que jogou no G.E.Bagé e segundo o Dr. Jesus Olé foi o melhor atleta de futebol que por aqui passou, segundo ele melhor ainda que Tupã. Meu pai era jaldenegro roxo, daí a escolha.
Tive um amigo, ator, colega de teatro que se chamava Jesus Tubalcain Enos Ramos um dia lhe perguntei de onde teriam saído esse nome não tão conhecidos e ele respondeu ”meu pai era comunista mas vivia com a bíblia na mão, uma espécie rara mas pelo incrível que pareça existe o comunista cristão. Nas suas leituras do Evangelhos e dos Evangelhos Apócrifos, o velho descobriu que Jesus foi crucificado juntamente com dois ladrões Enos a esquerda e Tubalcain a direita.’’
Mas isto ainda é pouco disse esse amigo, quando nasceu o último filho, antes de 1 ano ele levou ao cartório para registrar a criança, no cartório o tabelião perguntou como é o nome do menino o velho respondeu Teopompo o tabelião retrucou “esse nome não existe” está na Bíblia o sr nunca leu? O Tabelião falou não temos tempo de discutir esse assunto muito menos eu fazer leituras, escolha outro porque esse eu não vou registrar. O velho Ramos não teve dúvida e lascou: Luis Carlos Prestes Ramos isto. Este nome mais tarde acabou sendo um grande problema para o Luis, em cada repartição em cada barreira ele era trancado e alguém gritava “prendemos o Prestes” até que ele se livrasse do imbróglio explicasse que ele não era o grande líder comunista brasileiro, perdia um tempo enorme.
{AD-READ-3}Meu avô chamava se Anaurelino que se bem me lembro é nome de um rei gaulês, germânico, sei lá. Aos domingos a família toda se reunia para o almoço na casa dele, lá para os lados do Lagoão da Pedra e lá ficávamos até a noitinha fim de tarde lá pelas cinco, ele sentado na sua cadeira de balanço ficava com os cinco netos lhes contando histórias “quando e eu vim do
Uruguai trabalhar na estrada de ferro dos Belgas com quinze anos deixei pra trás 4 irmãos a jornada de trabalho naquele tempo era de 14 horas sem folga as sábados, nunca mais deu
tempo de eu voltar para o Uruguai para rever o tronco de minha família, minha família agora são vocês. Que quando estão aqui me lembram desses irmãos que lá ficaram, o Xenofante, o
Artaxerxes, a Robustiana e a Cunegunda”. Era uma risada geral e nos pedíamos para ele repetir os nomes enquanto ele pacientemente com seu relho cumprido ficava tocando as galinhas que ficavam na volta.
Xenofante, Artaxerxes, Robustiana, Cunegunda , quá quá quá e ele repetia quando vezes nós quiséssemos, eu acho que ele inventava esses nomes pra nos divertir, mas com o tempo acabei me encontrando com esses personagens nos livros de história, nas peças de teatro e nos clássicos, lá estavam Xenofante discutindo as ideia de Sócrates, Artaxerxes reinando sobre os Persas, dona Robustiana heroína da peça teatral Barranca Abaijo da obra prima do dramaturgo Uruguaio Florencio Sanxes, encontrei também Cunegunda noiva de “Candido” de
Voltaire. Que homem lido deve ter sido meu bisavô.