Um prêmio à tolerância e à empatia
No último dia 24 de novembro, entreguei ao médico Luiz Alberto Corrêa Vargas, ex-vereador e ex-prefeito de Bagé, a medalha de honra ao mérito da 55ª legislatura da Assembleia Legislativa. A medalha é uma honraria que deve ser entregue a pessoas que tiveram papel especial na construção do bem comum e que sejam exemplos de cidadania ativa e de compromisso ético com a sociedade e com o Estado.
Creio que não preciso justificar porque escolhi indicar o Vargas para receber a medalha do parlamento gaúcho. Sua trajetória de vida pessoal, profissional e política resume argumentos muito fortes para que esta indicação tenha sido feita. Vargas é uma figura ímpar na cidade de Bagé. Chegou na cidade já jovem formado, mas cumpriu, aqui, um papel fundamental para o desenvolvimento de nossa cidade.
Médico respeitado, sempre atendeu com dedicação seus pacientes, seja no hospital, no consultório, na sua residência ou mesmo em visitas frequentes que fazia nas periferias da cidade. Político influente e ativo, dedicou boa parte de seu tempo para enfrentar os problemas de todos nós, movido por uma vontade inabalável de fazer o bem, tanto na Câmara de Vereadores quanto na Prefeitura. Pai, esposo, avô e, mais recentemente, bisavô dedicado, Vargas construiu, também, um exemplo de família para a nossa comunidade.
Mas se não preciso justificar o porquê de Luiz Alberto Vargas ganhar a reverência, entendo necessário explicar o porquê da minha escolha, eu que fui seu adversário político na cidade durante um período razoável, tendo perdido duas eleições para ele. Quem nos conhece e conhece a história política de Bagé sabe que não concordamos em muitas coisas e que assumimos posições diferentes, às vezes até bem diferentes, em vários momentos.
Pois mesmo quando era seu adversário, quero destacar, sempre fui respeitado por Vargas. Aliás, seu comportamento foi e é assim com todos, concordantes ou divergentes de seus pontos de vista, que são fortes e conhecidos. Beto Vargas é daquelas pessoas especiais, que sabem conviver com a divergência, sabem valorizar o contraditório, gostam do convívio político respeitoso. Mais do que isso, é daqueles políticos sem vaidade, capazes de reconhecer erros, mesmo que sua trajetória seja muito mais repleta de acertos. Isso se chama tolerância.
Vargas também tem uma capacidade que entendo como uma das mais importantes para quem faz política e tem pretensão de protagonismo social: a capacidade de entender e tentar se colocar, permanentemente, na posição do outro, mesmo quando o outro é um adversário. É sempre muito fácil atacar e criticar, mas buscar compreender comportamentos e ações, ser capaz de reconhecer legitimidade nas justificativas dos outros, entender os interesses e valores diferenciados e buscar, sempre, acolhê-los e orientá-los para o bem de todos, ah isso é muito mais difícil. Pois Varguinhas é craque nisso, que se chama de empatia.
Justifico, portanto, minha escolha. Ao indicar Vargas para receber a honraria da Assembleia, faço uma homenagem pública, através de seu exemplo, aos valores da tolerância e da empatia, fundamentais para a construção de uma verdadeira comunidade. Parabéns, Luiz Alberto Correa Vargas. Que sua grandeza nos sirva de régua para o futuro que queremos construir juntos.