A triste sina do Coronel Thomaz Luiz Osório
Muitas vezes, e de forma heróica, lutaram portugueses e espanhóis pela Colônia do Sacramento. Cercada durante dois anos por Miguel Salcedo, rendeu-se em 1735, voltando-se o governo lusitano, então, para o povoamento do território abandonado de São Pedro do Rio Grande. O Brigadeiro Silva Paes, que retornava de Sacramento, em 19 de fevereiro de 1737 desembarca no lado sul da barra, instala o Forte Jesus, Maria e José, habitado por 254 militares, além de marinheiros, escravos e alguns civis, que passam a dedicar-se a seu povoamento. Nascia o Rio Grande.
Ainda em 1737, chega a Rio Grande Thomaz Luiz Osório, nascido na comarca de Santarém, Portugal, assumindo desde logo o posto de capitão do Regimento dos Dragões do Rio Grande de São Pedro. Em 1742, o forte enfrenta uma sublevação de parte dos militares, insatisfeitos com alimentação, recursos, habitação, o que superado pela atuação do capitão Thomaz, que viaja para o Rio de Janeiro para confirmar a anistia aos revoltosos do presídio, no que é bem-sucedido. Em 1750, é major e, anos após, Tenente Coronel do Regimento dos Dragões.
Em 1754, o comandante do Forte de Rio Pardo repele um ataque dos índios guaranis chefiados por Sepé, participando, depois, da Guerra Guaranítica e do combate do Caiboaté, onde ferido por três flechas (1755). Pelo desempenho é promovido a Coronel por Gomes Freire e indicado para chefiar os Dragões. Logo, o governo lhe concede uma área de terras no Laranjal, hoje Pelotas. Em 1762, é destacado para a fronteira e, na Angustura de Castilhos, inicia a construção da trincheira (forte) de Santa Tereza, no território da Banda Oriental, caminho entre Maldonado e Rio Grande. O prestígio do militar era expressivo, tanto que o Vice-Rei do Brasil o indica para assumir o Governo do Rio Grande, caso falecesse o titular Madureira.
Após conquistar a Colônia do Sacramento, o exército espanhol, liderado por Pedro Cevallos, ataca o Forte de Santa Tereza, cujos ocupantes desertam e fogem, ficando o Coronel Thomaz sozinho, iludido por informes que davam proximidade às forças imperais. Capturado, entrega a espada a Cevallos que a devolve ao honrado comandante.
Libertado, mais tarde, acaba preso na Ilha das Cobras, inquirido em devassa sobre a perda do Rio Grande. Posteriormente, quando já e Minas Gerais, é acusado de ter acoitado um jesuíta. Eram tempos do Marquês de Pombal, que desfechava forte perseguição a tais religiosos. Foi recolhido ao Limoeiro e sentenciado a morrer na forca, embora pedisse revisão e oportunidade de defender-se.
Foi enforcado na Cruz dos Quatro Caminhos. Pouco dias depois, chegavam de Minas as provas de sua inocência. Pombal manda publicar editais pelas ruas dizendo que fora condenado sem culpa. Os familiares não aceitam as escusas e mudam-se para o Brasil, ocupando as terras em Pelotas. Dedicaram-se à pecuária e aos trabalhos de campo. Thomaz Luiz Osório era tio bisavô do General Osório.