Vinte de Setembro
Não sabiam aqueles homens
que sua marcha campo afora
deixaria pés e botas
gravados no chão da história.
Linhas que os deuses traçam
não a prescreve um mortal.
A revolução, ela própria,
cria seu rumo e ritual.
A guerra é potro indomado
que dispara por veredas.
Detê-la requer mãos fortes
e nunca rédeas de seda.
Se a dúvida é labirinto,
busque a verdade na foz.
Vinte de Setembro é chama
que arde dentro de nós.
Entre a ruína e a exaltação,
perante a morte e o abismo,
todo povo tem no pranto
sua certidão de batismo.
Se foi estrada de mágoas
ou foi roteiro de assombros,
seguimos levando a bandeira
entre alamedas e escombros.
É uma história de combates
de um decênio de extensão.
História que embora vasta
cabe na palma da mão.