Fogo Cruzado
Beatriz Souza propõe CPI para apurar denúncias sobre desvio de telhas
por Redação JM
A Câmara de Vereadores de Bagé deve instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades na aquisição e distribuição de telhas destinadas às famílias afetadas pelo temporal de granizo que atingiu a cidade no final de 2023. A denúncia inicial foi feita pelo vice-prefeito de Bagé, Beto Alagia, que identificou cerca de 500 telhas armazenadas em um depósito de uma madeireira no município. O caso também já foi encaminhado à Polícia Federal para investigação.
As telhas tinham como finalidade atender a população impactada pelo desastre climático, que deixou várias famílias desabrigadas. No entanto, conforme a delação, o material teria sido utilizado de forma irregular durante o processo eleitoral de 2024, sendo entregue como benefício em busca de votos.
Quando a denúncia surgiu, o ex-secretário Geral de Governo, Geraldo Gomes, se manifestou negando as acusações. O material, segundo ele, foi fruto de uma doação obtida junto à CEEE Equatorial. Sobre o armazenamento das telhas em um local privado, frisou que teve como objetivo exatamente evitar a distribuição durante o período eleitoral e ressaltou que todas as medidas tomadas buscaram garantir transparência e lisura no uso do material. “Eu poderia ter usado essas telhas em benefício próprio ou de forma irregular, mas essa não é minha conduta. Quem conhece meu trabalho sabe que sempre atuei com ética”, finalizou.
O requerimento para a CPI foi apresentado e assinado pela vereadora Beatriz Souza (PSB) e contou com o apoio de outros cinco parlamentares: Ana Paula Moreira, Dr. Leopoldo Konzen, Lucas Mello e Patrique Cebola (PT) e Regina Goulart (PL), durante o recesso parlamentar. A CPI pretende investigar as denúncias de uso eleitoral indevido dos recursos e encaminhar as conclusões à Justiça Eleitoral e às autoridades competentes para adoção das medidas legais cabíveis, além de identificar os responsáveis pelo armazenamento e distribuição do material.
"Não podemos permitir que aparatos públicos, destinados à população em situação de vulnerabilidade, sejam utilizados como moeda de troca eleitoral. É uma afronta à dignidade das famílias atingidas e aos valores da democracia", afirmou a vice-presidente do legislativo, Beatriz Souza. Com a aprovação do pedido, a Câmara agora segue para a formação da comissão, que será composta por três vereadores e terá prazo regimental para a realização das investigações e a apresentação de um relatório conclusivo.