Campo e Negócios
PIB gaúcho deve crescer 2,2%, projeta Farsul
Balanço referente a 2024 e projeções para 2025 foram detalhadas em coletiva de imprensa
por Redação JM
Apesar de uma alta de 30% na produção total de grãos em 2024, o Rio Grande do Sul viu uma queda de 2,7% na área colhida devido à enchente que devastou o Estado. Dados da Farsul mostram que o agronegócio gaúcho representa 25% da arrecadação de ICMS, mas o setor enfrenta desafios como estiagens recorrentes e a perda de atratividade econômica.
Os números foram apresentados em coletiva de imprensa na segunda-feira, dia 16, na sede da Farsul, em Porto Alegre. O presidente da entidade, Gedeão Pereira, e o economista-chefe, Antônio da Luz, destacaram os impactos climáticos, as negociações com os governos e as expectativas para 2025.
Adversidades climáticas
Gedeão Pereira destacou as dificuldades enfrentadas pelos produtores, que sofreram não apenas com a enchente de 2024, mas também com duas secas severas nos anos anteriores. Segundo ele, a Farsul priorizou avanços em irrigação e licenciamento ambiental e negociou melhores condições para agricultores atingidos pelas chuvas de maio.
O presidente também criticou a tentativa do governo federal de importar arroz após a enchente, desconsiderando que a produção local permaneceu estável. "O Rio Grande do Sul é responsável por 60% a 70% do arroz consumido no Brasil. Não havia necessidade de importação", disse Gedeão.
Ele ressaltou ainda o papel do programa Agro Solidário, liderado pelo Senar-RS, que utilizou recursos para reconstruir propriedades e recuperar a produção de pequenos e médios agricultores.
Fragilidade econômica
Antônio da Luz alertou para o empobrecimento do Rio Grande do Sul, agravado pelas estiagens. "O gaúcho está mais pobre, e isso precisa ser enfrentado. As secas constantes estão fazendo com que o Estado perca atratividade econômica", afirmou.
Ele destacou a região de Passo Fundo como um exemplo positivo, com alta produtividade e um PIB agrícola superior ao de Caxias do Sul. "Enquanto outras áreas enfrentam dificuldades, Passo Fundo mantém colheitas de 45 a 50 sacas, consideradas boas mesmo em anos ruins", apontou.
Segundo Da Luz, o agronegócio responde por 25% do ICMS arrecadado no Estado. Ele criticou políticas como o leilão de arroz, que poderia prejudicar a produção local e reduzir a arrecadação. "Nosso problema não é a importação, mas o governo comprar produtos inferiores e vender abaixo do custo de produção", explicou.
{AD-READ-3}Para 2025, o economista prevê problemas financeiros devido a dívidas dos produtores mal renegociadas e ao aumento de gastos do governo federal. "Os gastos atuais já superam os da pandemia, o que levará a inflação, aumento de juros e dificuldades para o setor", alertou.
As projeções indicam um crescimento de 1,8% no PIB nacional e de 2,2% no PIB gaúcho, com resultados mais fortes no início do ano, amenizados no segundo semestre.