Cidade
Frida, a gansa que virou celebridade em Bagé
por Melissa Louçan
Uma gansa com rotina de cachorro, criada como parte da família, protagonizou uma história que mobilizou a cidade de Bagé. Frida, como é chamada, fugiu de casa e virou tema de uma campanha intensa nas redes sociais, até ser resgatada em um desfecho que misturou drama e final feliz.
Alene Dantas, filha do casal que cria Frida, contou como tudo começou: “A Frida foi um presente que o meu esposo deu para os meus pais em outubro de 2020. No início, não sabíamos a reação deles, mas logo de cara ficaram apaixonados.” Na época, o criador garantiu que era um macho, batizado de Frederico. O ganso cresceu em um ambiente peculiar: dormia na cozinha e vivia como um rei.
Tudo mudou em 2021, quando Frederico revelou ser, na verdade, Frida. “Ela começou a fazer um ninho, e meus pais estranharam, mas acharam que era só para dormir. Depois de alguns dias, colocou um ovo”, lembra Alene. A descoberta gerou risadas e reforçou os laços da ave com a família. Frida passou a circular pelo quintal, convivendo harmoniosamente com as cadelas da casa, Mel e Luma, e tornou-se conhecida dos vizinhos da rua Emílio Guilain.
Na madrugada do dia 24 de novembro, porém, a rotina tranquila foi interrompida. Frida fugiu. “Meu pai acordou, foi ao quintal e viu que ela não estava. Olhou nas câmeras e viu que ela tinha voado para fora do portão por volta das 6h”, conta Alene. Depois de atravessar a rua, Frida se assustou com uma moto e voou mais alto. Dois homens e seus cães apareceram, e as câmeras registraram apenas o grito da gansa antes de desaparecer.
O desaparecimento gerou desespero. Alene, que vive em São Paulo, mobilizou a internet. “A repercussão foi enorme. Pessoas que eu nem conhecia pegaram o carro e foram procurar por ela.” Enquanto isso, os pais de Alene, idosos, vasculhavam a região, sem sucesso.
{AD-READ-3}Na terça-feira seguinte, a esperança renasceu com uma ligação. Uma pessoa disse estar com a “pata”. “Meu pai pediu uma foto e sugeriu que chamassem pelo nome de Frida. Se ela respondesse, era ela.” Confirmada a identidade, o pai, acompanhado de um amigo, foi até a casa de quem a havia comprado de um andarilho. Quando pai e gansa se reencontraram, não restaram dúvidas. “Eles literalmente conversaram. Frida respondeu a ele. Foi muito bonitinho”, relembra Alene.
A história de Frida vai além de uma fuga: é sobre um animal incomum que se tornou parte da família. “Sempre que vou a Bagé, ela me reconhece, entra na cozinha para comer farelinhos de pão e está presente em todos os momentos. Minha mãe tem Parkinson, e Frida caminha ao lado dela como se fosse um cachorro. É uma companheira fiel”, conta.