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Opinião

As vivandeiras

por José Carlos Teixeira Giorgis

Em 19/10/2024 às 07:00h

por Redação JM

O termo ficou popularizado depois da palestra do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, em agosto de 1964, no auditório da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. “Eu os identifico a todos. São muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar”.

Em artigo da Folha de São Paulo, em 22.12.99, o jornalista Elio Gaspari, a quem o General Golbery confiara seu acervo documental, aponta os civis que passaram a frequentar os quartéis com maior assiduidade em busca da farda para se livrar da República Velha e, ao depois, para derrubar o Presidente João Goulart. Além daqueles firmes em suas ideologias, muitos arrivistas se aproveitaram do ensejo para aparentar adesão e aplauso; e pior, alguns para contar bravatas ou jurar delações, na espera de simpatia e achego.

Como sabido, bivaque é uma palavra de circulação castrense, “um acampamento temporário ao ar livre, em contato com elementos da natureza: ou, um acampamento rudimentar para a pessoa anoitecer em convívio com a natureza (em toldo ou saco de dormir)”.

A professora Hilda Agnes Hübner Flores, em celebrada obra sobre a presença das mulheres na Guerra do Paraguai, relembra que as lutas do passado evocam a imagem de homens, marchado a pé ou a cavalo, em situação de combate; e, olvidadas ou em segundo plano, iam as mulheres com ou sem filhos, junto com eles, conhecidas elas, no país, como chinas de soldado ou vivandeiras (do francês “vivandière” ou pessoa que negocia víveres na feira, arraiais ou acampamentos militares). No Paraguai, a palavra em uso era a de “agregadas”, mulheres andarilhas, amásias, companheiras ou esposas dos soldados, lavadeiras, cozinheiras ou mulheres de má conduta, que formavam um verdadeiro exército com suas crianças, a seguir a tropa regular.

Refere a autora obra de André Rebouças e a passagem de um navio “com bagagens e mulheres do Exército, que afinal obtiveram permissão de passar”. O Visconde de Taunay conta, em seu livro sobre a Retirada de Laguna, que essas mulheres, aos milhares, se deslocavam na retaguarda da tropa, junto com as provisões; e, em caso do ataque do inimigo, em geral, eram protegidas pela infantaria. Algumas delas, “ativas e obedientes às prescrições”, alimentavam “um pequeno comércio junto aos soldados: farinha, fumo, bebida, café, doces, vinhos e carne”, essa última dura, indigesta e mesmo prejudicial à medida que, no decorrer da guerra, os animais adoeciam e enfraqueciam por falta de alimento.

Havia, segundo ainda o General Dionísio Cerqueira, um bazar em cada barraca, “onde se viam as mais variadas mercancias: esporas, fitas, perfumarias, vestidos, bombachas, alpercatas de gringo, rendas, ponchos, merinaques, chapéus de pluma, rebenques, espelhos, calças, espartilhos, punhais, anáguas bordadas, luvas de pelica...ao lado de queijos, salames, vinhos zurrapas, fino Cliquot, sardinhas de Nantes, charutos de Havana”.

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Para Hilda Flores, as vivandeiras acompanhavam o soldado “desde os confins do sertão”, dando-lhes “herdeiros para sua pobreza ou glórias”. Cuidavam da comida, da roupa e dos filhos; dos feridos e nos primeiros socorros. E nomeia algumas que tiveram fama, como Maria Francisca da Conceição, tida como fiel companheira do General João Manoel Menna Barreto. Possuíam hino (“Canção das vivandeiras”) e polca (“Polca Militar Vivandeira”). Outras mulheres que não vivandeiras, também se destacaram, como enfermeiras (Ana Néri e Ana “Mamuda”), costureiras e residentes (adeptas de Solano López, que seguiam espontaneamente os filhos adolescentes, os maridos, pais ou irmãos).

Assim como na luta dos Farrapos (recorde-se o filme “Anahy de las Misiones”, que com seus filhos, arrastava um carroção, recolhendo roupas e pertences dos mortos para sobreviver), a atuação das mulheres sempre foi proeminente. Como as vivandeiras de bivaque.

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