Social
Bagé em pessoa (Ernesto Wayne)
por Giana Cunha
Hoje, por aqui, nossas homenagens são a Bagé e sua "bageensidade". Transcrevo o texto de Ernesto Wayne sobre Tarcísio Taborda e sua relação com a nossa Bagé.
Bagé em pessoa
“Tarcísio é pessoa de Bagé. É a pessoa mais de Bagé que conhecemos. Bageensíssimo na sua bageensidade. Creio que já dissemos: quando nos pedem a bibliografia de Tarcísio, e a gente não tem para dar, pergunta se não serve sua bageografia.
Bageenseia, Tarcísio, desde menino, begeensemente, o seu bageensismo.
Esticou, de tal forma, o mapa da sua cidade que o fez do tamanho do Rio Grande e, ao fazê-lo, levou, com ele Bagé para dentro do Conselho Estadual de Cultura e lá para dentro da Academia Rio-grandense de Letras, ali fazendo desfilar os vultos daqui.
Não sabemos se já foi aprovada a sua proposição para que o Estado passasse a ser denominado Rio Grande de Bagé.
Não contente, não satisfeito, resolve bageensizar o Brasil e eis, de repente, Tarcísio entrando, com Bagé por diante, pelos umbrais da Academia de História, onde vem sendo recebida a tese de que o Brasil foi descoberto por um bajeense, antigo morador das Palmas.
A caminhada de Tarcísio, entretanto está longe de ser dada por finda, pois falta fazer a mudança da OEA para uma das salas do Museu e a transferência da ONU para o Forte de Santa Tecla. Algumas providências e ligeiros óbices estão em vias de superação, para que isto aconteça, isto é, aconteça o bageensamento geral, com a OTAN sediada na Panela do Candal, a Unesco no Cerro de Bagé e a Copa do Mundo disputada no Passo do Príncipe.
A meta seguinte - depois de alguns acertos com a NASA - é o lançamento de Bagé no espaço intergalaxial, pois que, no fundo o que Tarcísio quer mesmo é fazer de Bagé uma estrela ou mais, se der no jeito: a cidade distribuída entre os astros. A Praça do Jardim na Via Láctea, o Museu Dom Diogo de Souza na estrela Vésper, o Forte de Santa Tecla em Marte, a Academia Bageense de Letras na Lua, Avenida Sete no Sol!
Aí será a bageensidade completa: Primo die, Deus criavit solem quod vocavit Bagelum (Grêm 1-1)
Qualquer dia desses, Tarcísio vai ser festejado com um jantar. Claro que fará um discurso sobre Bagemática... De certo, no cardápio, haverá filé a Visconde de Cerro Alegre, avestruz a senhor Costábile, capincho a Olhos D’Água, pudim a Mélanie Granier, vinho a santa Tecla, campari a Patrício Corrêa da Câmara...
Tarcísio é Bagé propriamente dita. E que, de tanto ser pessoa de Bagé e de tanto se ocupar com sua gente e suas coisas, Tarcísio se tornou Bagé em pessoa! Depois dizer se nos perguntarem na qualidade de presidente da Academia Bageense de Letras, se Bagé se escreve com “t”... “T” de Tarcísio, “T” de Taborda!
Texto de Ernesto Wayne, publicado em 1994, no Jornal Ecoarte