Cidade
Aos 76 anos, morre a proprietária da Chácara da Cristina
por Rochele Barbosa
Morreu, nesta quarta-feira, dia 23, Nelci Terezinha Ferreira, de 76 anos, proprietária da Chácara da Cristina. Ela estava internada em Porto Alegre e foi cremada no Crematório Metropolitano. Ela deixa a filha Ana Lúcia Ferreira Macedo.
Conforme o amigo e advogado da empresária de uma das casas noturnas mais famosas do país, Décio Raul Floriano Lahorgue, ela era natural de Passo Fundo, mas veio para Bagé em 1963. Ele contou ao JM que, primeiro, ela abriu um "cabaré” na rua Pedro Wayne e, em 1977, fundou empreendimento que lhe rendeu notoriedade. “A pecuária era muito próspera aqui na região e o local era muito freqüentado, era uma das principais casas noturnas do Brasil”, contou.
Em 2015, a repórter do Jornal Minuano, Melissa Louçan, fez uma entrevista especial com Nelci, quando a casa noturna havia completado 50 anos. Na reportagem de junho daquele ano, a proprietária do estabelecimento falou por quase duas horas sobre o espaço que agrada os homens e desperta a curiosidade das mulheres da cidade, ela usava o nome Cristina desde os 17 anos, veio da Serra e se aventurou pela região com mais duas amigas. Foi aqui que deu início à carreira que a levaria ao patamar de Dama das Camélias do Pampa. Com 20 anos passou a ser proprietária de uma casa noturna e alguns anos depois fundou a Chácara da Cristina.
Ela contou para a repórter que a maioria dos clientes que frequentavam o local eram antigos, mas muitos jovens faziam festas de despedida de solteiro. As meninas que trabalhavam, ela disse, somente tinham que ser bonitas e cerca de 20 mulheres trabalhavam em 2015 no estabelecimento. Outra situação que a proprietária relatava é que como a frequência de homens casados era grande, tinham certas regras para preservar a intimidade de seus clientes. A presença de mulheres era permitida apenas em casos especiais e bem explicados e que a busca das esposas pelos maridos eram constantes no local.
As memórias estavam sendo elaborados para estar em um livro sobre a história da casa que estava sendo escrito a quatro mãos pela proprietária e o jornalista decano Mário Lopes, agora ambos falecidos. Ela ainda comentou do preconceito, o conservadorismo e o machismo, mas mesmo assim afirmou que se manteve firme com o negócio em atividade.