Urcamp
Lida campeira: o trabalhador do campo
por Katia Sillene da Silva
Acadêmica do curso de História da Urcamp
Segundo as canções "Lida Campeira" e "Do fundo da grota" de um grande cantor gaúcho, Baitaca, quando rompe a Estrela D'alva, o trabalhador sai cedo para começar o dia, ele enfrenta o frio, encilha o cavalo e sai para campeirar. O mesmo confere se está tudo em ordem, desde o alimento dos animais até a busca dos terneiros. Tudo isso tem horário, nada pode passar do tempo, faça chuva ou faça sol, eles fazem seu trabalho. Eles amam o que fazem.
Segundo Ruben Oliven (1991), tudo começou em meados do século XIX, quando não existia mais a figura marginal desse gaúcho do passado, gradativamente transformado em peão de estância. O homem criado no campo, que fazia toda a lida, começou a ser o verdadeiro significado de gaúcho. De acordo novamente com Oliven (1991), o campo passou por modernizações em meados de 1870, sendo muitos trabalhadores expulsos do seu lar. A figura do gaúcho foi quase extinta nessa época.
Este ofício passa de pai para filho e assim surgem novas gerações. O trabalhador do campo está em músicas, na literatura rio-grandense e em histórias de nossos antepassados. Ele deve ser valorizado e motivado todos os dias para não desaparecer.
Foi ao descobrir esse gaúcho gente, o peão rural, que a literatura gaúcha sulrio-grandense deu um salto de qualidade. Homem pobre do pampa, o proletário rural, o peão de estância já não podia ser mais o gaúcho ideal – bravo e valente, heróico e guerreiro, alegre e hospitaleiro, honrado e leal, macho e viril, livre e desprendido (SCHLEE, 2004, p.52).
Assim, nesse mês do gaúcho, queremos parabenizar esses trabalhadores e a todos que ajudam a preservar nossas raízes.