Uma iniciativa dos moços
Findos os campeonatos que os prendem às nossas maiores capitais, demandam os clubes mais famosos de nosso association para outros rumos, a fim de levar a todos os cantos do pais, o que de melhor se pratica em futebol.
O presente ano não fugiu à regra geral. E notamos, pelos noticiários esportivos as mais variadas pugnas disputadas nas cidades de nosso hunterlande.
Dentre as esquadras que frequentam atualmente a sala de visita do rio Grande nenhuma mais cotada, nenhuma mais conhecida e evidenciada, que a do Santos F.C., que carrega em sua bagagem esportiva o pomposo título de bicampeão paulista, que consigo traz nomes já consagrados e que possui em suas malas de viagem, um celeiro farto e fecundo de futebolistas de onde a seleção bandeirante foi retirar frutos para conquistar pela quarta vez consecutiva o título máximo do pedibólio brasileiro.
Bagé estava jejuando no futebol. Seus times profissionais estavam resolvendo problemas que os atarantavam para a abertura da temporada. Bagé não veria o Santos. Porém os moços divisaram a incógnita. Os moços perceberam a questão. E deles, de quem deve partir as grandes iniciativas, veio a solução. Bagé tinha de ver o Santos jogar.
Reuniram-se, juntaram seus esforços duas das mais cotadas entidades estudantis da cidade. O Grêmio Atlético e a UBES. Conversaram. Planejaram. Entabularam negociações. Venceram. Bagé verá o Santos.
Cumpre adora que os esportistas desta gleba compreendam o trabalho desses moços. Faz-se necessário o reconhecimento desta enorme iniciativa dos estudantes conterrâneos. Bagé não pode ficar surda ao esforço, à dedicação e ao idealismo destes jovens. O acontecimento é um dos maiores que se viram. O fato é inédito.
Domingo a Pedra Moura deve ser pequena para conter os arroubos e os gritos dos torcedores jalde-negros e alvirrubros, que por vez primeira se abraçarão, se confraternizarão, e unirão suas imprecações pela mesma causa.
Será um laurel dos esportistas, o coroamento dos estudantes.
Será a vitória de Bagé.
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Esse artigo foi publicado no Correio do Sul, em 1957 (março, julho?). Na ocasião, iniciava o magistério e havia sido eleito vice-presidente do “Grêmio Atlético Bageense” (presidente Jacob Sued). O Atlético reunia estudantes sócios do Clube Comercial, jovens que estudavam em Porto Alegre, secundaristas, etc. Com auxílio de dois pecuaristas, como já antes contado, acertamos a vinda do Santos, que viria jogar em Pelotas. Organizou-se várias comissões (Supervisão Geral: Mário Egas, Erly B. Inghes, JCTG e Miguel Gularte; de Bilheterias, Cadeiras, Comissão junto ao Santos, Comissão Técnica; Camarotes, etc - Correio do Sul, 1957). Durante a partida, machucou-se Del Vecchio, então ídolo santista. Na saída, tirou as chuteiras e as deixou no gramado, recolhidas pelo saudoso Bochão (João de Deus Gonzalez) que, após, virou um grande artilheiro.