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A mulher do chiqueiro

Em 03/10/2024 às 17:18h, por José Carlos Teixeira Giorgis

Em texto anterior referiu-se à filmagem pioneira de um documentário aqui feito em 1913 pelo cineasta pelotense Francisco Santos chamado “O Marido Fera” que contava a descoberta de uma mulher mantida cativa pelo marido num chiqueiro. O processo está no Arquivo Público do Estado, de onde se recolheram as informações. José A.S., fazendeiro e marchante, desconfiado da fidelidade de sua mulher Raphaela D.S, durante quatro anos a manteve numa pocilga, em cativeiro.

Certo domingo, o intendente do município foi procurado por “por uma mulher pálida de horror e tremendo”, que narrou a existência de outra, “encarcerada e sofrendo os maiores martírios” numa chácara nos subúrbios, apontando o responsável pelo desumano ato. O gestor municipal, então, determinou ao delegado de polícia que tomasse as diligências necessárias.

Ali chegando, a autoridade, acompanhada do escrivão, policiais e representantes da imprensa, achou um rancho, onde, seminua, estava a mulher já curvada por ter os membros encolhidos e sem movimento, olhos semicerrados e trêmula. Ao deparar com as pessoas, exclama ela: “Foi a justiça de Deus! Salvem-me! Não me deixem aqui”. Segundo a nota jornalística, o quarto em que ela se encontrava tinha um aspecto que causou instintivo recuo aos presentes, pois era verdadeiro chiqueiro, pestilento, com uma única abertura e a peça provida de fortes grades de ferro, forrada de uma tela de arame. No chão, de barro negro, cheio de imundices em decomposição, havia apenas um pouco de palha, que servia de leito à vítima. Via-se ainda uma banheira, dentro da qual estava colocada a infeliz, e amarrada; também disse que era atirada dentro de um açude existente nos fundos, e logo atada a um poste e surrada.

A pobre mulher, que contava apenas 40 anos “aparentava ter oitenta”, e foi recolhida à assistência, acompanhada da massa de povo. Próximo ao rancho, “habitava o algoz, na companhia de sua amante, sua própria cunhada. A mártir tinha dois filhos, um, maior de 21 anos, que dizem ser conivente com o crime”. O criminoso foi preso no 6º distrito. Como dito, estavam em Bagé os cineastas pelotenses Francisco Santos e Vieira Xavier, que acompanhavam o caso em vista de seu eco social. Os cineastas filmaram todos os lances da captura, a reconstituição inclusive, além da agitação popular, a prisão, realizando um documentário valioso. No mesmo dia regressaram para Pelotas, montando uma câmara escura num vagão do trem, ali fazendo a revelação e cópia do filme durante a viagem. Segundo a imprensa, “ a repercussões nas outras cidades do Estado”, fora ótima; em Bagé, por exemplo, a polícia chegou a proibir a venda de entradas para evitar a superlotação no cinema Coliseu. Com todo esse sucesso no Estado, a Guarany Filmes arrecadou uma excelente bilheteria”. Consta que o filme foi destruído, e – quem sabe - teria sido o primeiro filme feito em Bagé.

A vida tem suas surpresas. Em 23 de julho de 1921, foi ajuizado o inventário de José A.S., em que foi inventariante Raphaela D.S., a mulher achada “acorrentada e no meio da lama, num cubículo coberto de capim, com dois palmos de comprimento por seis e meio de altura”.

Fontes: “O Paiz”, jornal do Rio de Janeiro, edição da sexta-feira 10 de outubro de 1913; Processo nº 900199759423, em guarda do acervo do Memorial do Judiciário do Estado. O fato também consta da página do historiador Cláudio Boucinhas. Francisco Santos filmou também, “Os óculos do vovô”, possivelmente a primeira obra cenográfica no RS.

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