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Pompa e circunstância

Em 15/10/2024 às 14:30h, por José Carlos Teixeira Giorgis

O casamento é uma das mais antigas instituições humanas. Impressiona que, ainda hoje, se mantenham cerimônias semelhantes às que se praticavam na Roma Antiga e na Grécia, como relata Fustel de Coulanges em sua obra clássica sobre a “Cidade Antiga”.

Nelas a família repousava na “religião doméstica”, existindo no lar sempre aceso, um “fogo sagrado” onde as pessoas se reuniam para fazer invocações e oferecer banquetes fúnebres aos antepassados. E todos reverentes ao poder absoluto do patriarca, que liderava as preces matinais e noturnas num altar em torno de que se reuniam. Havia, pois, uma “religião doméstica” que juntava os membros numa verdadeira “associação religiosa” mais que o agrupamento natural. A mulher tinha uma posição subalterna, como mostram procedimentos da celebração do casamento, alguns deles presentes na atualidade.

As bodas não tinham lugar em templos, mas nas casas, presididas pelo “deus doméstico”, onde a nubente era recebida pela família do sogro e prestava vênia ao deus local. O casamento significava, pois, a aceitação do deus doméstico da família do noivo. Com objetivo de dar publicidade ao enlace (hoje “proclamas”) operava-se uma “marcha nupcial” através da aldeia, um cortejo formado pelo casal, familiares e convidados, entre cânticos e alaridos, o que dava conhecimento do fato à comunidade e a dupla passava a ser reconhecida como marido e mulher. O trajeto findava na nova residência do casal, mas a jovem ali não ingressava desde já. Era preciso que o marido simulasse um rapto e, após gritos e tentativa das mulheres presentes de fingir uma defesa, o esposo adentrava na residência, o que significava que, naquele lar, a mulher não teria nenhum direito, estando submissa ao senhor e ao deus do lugar. O esposo erguia a esposa em seus braços para atravessar a porta da casa. Logo após, a nubente era espargida com uma “água lustral”, espécie de “água benta”, e tocava o fogo sagrado. Seguiam-se orações e depois os dois esposos dividiam entre si um bolo, um pão e algumas frutas, ato que os colocava em comunhão entre si e com os deuses domésticos de ambos. O casamento, na verdade, era um acordo entre o noivo e o pai da noiva, o que incluía o pagamento de um “dote” por parte do último. Em outras palavras, a mulher era “dada” por seu pai ao marido, o que representava uma simples transferência de casa e de senhor. A mulher passava do culto de sua família de origem para o culto da família o marido, dizendo-se que isso deu origem ao acréscimo do nome da família do marido ao nome da mulher, adição hoje facultativa e agora extensível também ao nubente, segundo o Código Civil.

Como o objetivo maior era perpetuar a família, o casamento podia ser anulado em caso de esterilidade da mulher, e o divórcio, possível. Em caso de ser o marido estéril, devia ser substituído por um irmão ou parente do marido, sendo ela obrigada a entregar-se a esse homem. O filho gerado nesta união era considerado filho do marido e continuador de seu culto. A entidade familiar sem filhos podia socorrer-se da adoção. O filho adotivo renunciava ao culto da religião de sua família original, desligando-se de todos os vínculos com ela.

O celibato era considerado uma “impiedade grave”, uma verdadeira “desgraça”, pois colocava em jogo a religião da família, não merecendo o celibatário qualquer culto depois de sua morte. Não se acreditava em recompensas ou castigos depois do óbito. O que cada pai aguardava era que os seus familiares não o esquecessem nos banquetes fúnebres dando-lhe repouso e felicidade. Cada família buscava o nascimento de um menino, pois a filha não podia dar sequência ao culto, eis que, casando passaria a pertencer à família e religião do marido. A autoridade máxima, como dito, era do pai, o “pater famílias”, e somente ele tinha acesso à justiça, sendo responsabilizado pelos delitos cometidos pelos membros de sua entidade familiar. Como diz Coulanges, “ o homem não pertencia sai mesmo, pertencia à família. Era parte de uma série, tornando-se obrigatório que essa sequência não se interrompesse com ele”.

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