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O clube da chave

Em 12/11/2024 às 16:31h, por José Carlos Teixeira Giorgis

I have a dream, disse Mr. King, ao erguer uma nação contra o racismo. Eu também tive um sonho, mais modesto: ter um barzinho. Acho que todo cativo de música já passou pela experiência (declaro-me comprador contumaz de discos e livros, atualmente em esforçado recuo). Foi há muito tempo. Estava empolgado com o surgimento da bossa nova e já recebendo uns cutucos de pianistas americanos. Até nome adotei, que não era original, pois que havia um estabelecimento paulista bem-sucedido com a alcunha, o juca’s bar. E também o sistema imitava um “clube da chave”, popular entre os boêmios de Porto Alegre.

Um espaço pequeno, um palco diminuto. Num canto, o piano. Noutro, uma cadeira com um violão. À vontade para os improvisos reproduzidos por bom gradiente. Iluminado por discreta luz para não desfeitear o candidato. Paredes descascadas, com estilo. Luzes escusas. Cada sócio - em dia -, era portador de uma chave. No recanto do bar as garrafas de uso próprio e exclusivo, dispostas com os nomes dos bebuns. Tratamento diverso para os vinhos, abrigados em álgidas cavernas e por ordem alfabética. Quando o sócio chegasse um garçom silencioso ia ao compartimento e com reserva separava o acervo de cada qual. A chave tinha um dispositivo já em IA que funcionava apenas se o donatário estivesse em quites com a tesouraria (confesso que exigiria controle eficiente, pois o pessoal notívago, em regra, é meio esquecido). Cada qual podia convidar, no máximo, um casal para visita.

Ao se penetrar na penumbra, cumprimentos formais e se não aparecesse candidato ao palco, como um sussurro se ouviria ao fundo o suave piano de Bill Evans. Lamento informar, mas não circularia cerveja ou chope, a final se deveria manter o estilo de um pub. Seria o reino dos destilados. Cada fim de mês uma sigilosa comunicação levava aos sócios os seus consumos, aqui incluídas as leis sociais, cheques sem fundos, vales, ressarcidas sempre com esforços dobrados, agora em tempos de pix (felizmente). Uma das características do negócio era a presença nas mesas de um bloco e caneta, pois na madruga alguém podia exercitar forte tendência poética, escrever recados à amada desconhecida, até tentar um decassílabo. No fim da noite cabia ao garçom recolher esses pedaços de dramas e leva-los ao lixo, sem piedade. Sucede, infelizmente, que o projeto foi abatido logo ao acordar, quando intentei as primeiras contas. E principalmente os riscos da aventura, considerando possíveis parceiros e alguns cpfs proscritos.

Mas o que valeu mesmo foi assistir ao Summer Jazz no entardecer bajeense. Quem disse que não se gosta deste estilo na cidade? Pois o conjunto liderado por Magali Colares e integrado por Cristine Abdalla, João Alberto Clipes, Antonio Lopes, Julian Pinho e Cheisa Goulart fez uma demonstração explícita do talento de artistas locais, desafiados na execução de peças clássicas, com as de Dave Brubeck, Gershwin, Dizzy Gillspie, Van Heusen. Muitos aplausos para a execução da Sonata para Dois Pianistas, de Claude Bolling, tocada com encantamento e precisão. Um exemplar espetáculo. Recordo há anos algo similar com Baraldi, Julinho, Magali e Esvael. Que se repitam logo esses sons majestosos.

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