Estado
Enfermeiro bajeense narra resgate em meio à elevação do Guaíba em Porto Alegre
por Melissa Louçan
Bruno Pichler, 41 anos, enfermeiro e empresário natural de Bagé, viveu momentos de tensão durante a enchente que atingiu Porto Alegre. Ele estava na capital gaúcha realizando um curso quando as águas começaram a subir, interrompendo suas atividades e deixando-o preso em um hotel alagado.
"Ontem, depois do curso, fui imediatamente até a rodoviária para tentar algum ônibus. Mas já não estava saindo (água) mais", relata Bruno.
A situação se agravou rapidamente, com a água inundando não só as ruas, mas também o próprio hotel onde Pichler se hospedou, em frente à rodoviária. "A partir da meia-noite a gente já ficou sem iluminação elétrica. Hoje de manhã, já não tinha mais o que comer, não tinha mais água, não tinha mais nada", descreve.
Diante do caos, o bajeense e outros 21 ocupantes do hotel se viram aguardando por resgate. Foi então que uma operação com botes e camionetes foi organizada. Neste momento, a água da enchente dentro do hotel chegou a 1,10 metro e na rua ultrapassava os 2m, segundo o enfermeiro.
"No nosso hotel, tinha eu, como enfermeiro, e um médico. No hotel ao lado, tinham dois pacientes que estavam passando mal. Então nós fomos os primeiros resgatados para dar os primeiros socorros a eles", conta ele.
Após o resgate bem-sucedido, Bruno e os demais foram transferidos para outro hotel na região central de Porto Alegre. Agora, ele expressa sua gratidão por ter escapado da situação perigosa e se solidariza com aqueles que foram afetados de forma mais severa pela enchente.
"A nossa situação não era mais grave, com certeza tinha pessoas em situação pior, em cima de telhados, perdendo vidas. É um caos o que Porto Alegre está vivendo", reflete ele sobre a tragédia.
Apesar do alívio por estar em segurança, Bruno anseia pelo retorno ao conforto de sua casa e pela possibilidade de abraçar sua família, que atualmente só pode se comunicar por videochamadas.
Diante da adversidade, o enfermeiro se ofereceu como voluntário para auxiliar em qualquer esforço de assistência à população do Rio Grande do Sul. "Eu me coloco à disposição para qualquer lugar do Rio Grande do Sul que precise de auxílio, de atendimento", afirma ele.
Pichler diz que está torcendo para "que melhorem as condições climáticas para que todo mundo consiga restabelecer, de alguma maneira ou outra, sua normalidade na vida".