Região
Assembleia destaca luta contra mineração e ação climática em Palmas
por Melissa Louçan
A Associação para a Grandeza e União de Palmas (Agrupa) realizou, na quarta-feira passada, dia 27 de março, sua Assembleia Geral Ordinária, um evento anual que ocorre sempre no primeiro trimestre do ano. O encontro reuniu aproximadamente 100 moradores da região do Alto Camaquã, na Coxilha das Flores, em Palmas. A Urcamp marcou presença, representada pelo professor Guilherme Collares, atual pró-reitor de Extensão e docente do curso de Medicina Veterinária.
Segundo Marcia Collares, representante da Agrupa, durante o período da manhã, foi realizada uma atividade conjunta com a Faculdade de Farmácia da UFRGS, intitulada "Saúde dos Trabalhadores". A Dra. Solange Cristina Garcia, líder do projeto, enfatizou a importância da investigação dos efeitos dos agrotóxicos na saúde dos trabalhadores rurais, além de promover o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para prevenir doenças crônicas não transmissíveis, como câncer e diabetes.
O Laboratório de Toxicologia (LATOX) da Faculdade de Farmácia da UFRGS está liderando esse projeto em colaboração com diversas instituições de ensino e pesquisa do estado, com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar da população local. Além disso, durante a assembleia, foi discutido o projeto "Pecuária Familiar - Vozes e Saberes", apoiado pela Fundação Luterana de Diaconia. A presença do professor Márcio Neske, da UERGS Sant’Ana do Lavras, e de Fernando Aristimunho, do Comitê de Povos Tradicionais do Pampa, reforçou o engajamento de entidades parceiras na busca por soluções e na defesa dos interesses da região.
Dentre as diversas discussões realizadas, uma delas destacou-se: o lançamento da Carta de Direitos Climáticos de Palmas, elaborada com o apoio da Climate Brasil. A carta abordou os desafios enfrentados pela associação, especialmente em relação às empresas mineradoras que buscam estabelecer-se na região do Alto Camaquã. "Serão feitos outros lançamentos, um deles em Porto Alegre, e depois encaminharemos a carta às autoridades, algumas em encontros pessoais", destaca Marcia.
Desde 2016, a comunidade tem lutado contra empreendimentos mineradores e a construção de hidrelétricas no leito do Rio Camaquã, visando preservar o território, o estilo de vida rural e o ecossistema local. Apesar da vitória contra o Grupo Votorantim em 2022, a comunidade permanece vigilante diante das tentativas contínuas de inserção da mineração na região do Pampa.
A carta ressaltou quatro eixos urgentes: Direito à Terra, Direito à Saúde, Direito à Educação e Bem-Estar Animal, destacando a importância desses pilares para a sustentabilidade e qualidade de vida da população local. O Climate Reality Project Brasil tem como missão impulsionar mudanças em direção à descarbonização da economia brasileira, mobilizando líderes e aumentando a ambição da ação climática em todos os níveis.