Segurança
Redução de mortes violentas apontada por Anuário é devido à elucidação de casos, avalia delegado regional
por Rochele Barbosa
O registro de mortes violentas intencionais, no ano passado, caiu 6,5% em todo o Brasil, apontou o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, documento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na terça-feira, dia 28. As mortes violentas intencionais consideram tanto os homicídios dolosos quanto os latrocínios, as mortes decorrentes de intervenções policiais e as lesões corporais seguidas de morte.
Em números absolutos, as notificações passaram de 50.448 mortes em 2020 para 47.503 no ano passado, patamar mais baixo desde 2011, quando elas atingiram 47.215. Desde então, o maior patamar registrado foi em 2017, com 64.078 mortes. Em 76% dos casos ocorridos no ano passado, as mortes intencionais foram provocadas por armas de fogo.
Em Bagé, de acordo com números da Secretaria de Segurança Pública (SSP), apesar do ano de 2020 ter ocorrido nove mortes violentas durante todo o ano e 13 em 2021, a redução se deu em comparação a este ano de 2022, que teve, até o final do mês maio, quatro casos - no mesmo período de cinco meses, de 2021, foram oito mortes.
De acordo com o delegado regional de Polícia Civil, Luis Eduardo Benites, a questão da redução é motivada por vários fatores, sendo o primordial, em Bagé, a elucidação dos crimes. “Tradicionalmente, na Nona Região, a gente trabalha muito nesta questão, esta necessidade de apurar a autoria dos crimes. O aumento sempre é pela impunidade. O país tem 60 mil homicídios, uma coisa impressionante, que nem uma guerra. As Nações Unidas estabeleceram o percentual de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes, para controlar”, explicou.
Benites contou que o combate à impunidade, que é o caso da Rainha da Fronteira, é defendido por todos especialistas em Segurança Pública e que os números demonstram isso. “Quando há a elucidação e apontada a autoria, sendo processados, porque o crime com morte violenta tem maior pena, e a pessoa permanece maior tempo retida no sistema penitenciário, isso faz com que tenha queda e há um desestímulo para quem pretende fazer. Se fizer terá uma punição severa, perder a liberdade”, relata.
O processo penal tem um carater restaurativo como retributivo, argumenta o delegado regional, que é fazer com que a sociedade volte ao seu estado de normalidade. “Isso se tornaria uma bola de neve, um círculo que não se acaba. A punição é uma vingança pública. Já há mais de 10 anos se vem propagando e priorizando a investigação das mortes violentas, pelo Conselho Nacional de Justiça, e essa prioridade, dada pelos órgãos que trabalham no sistema criminal, vem resultando na diminuição dos crimes contra a vida”, destacou.
Benites reitera que é fato que durante esse período ocorreram pico de números de mortes, mas todo esse processo é lento porque o Brasil é um país continental. “Estamos começando a colher os resultados de uma prioridade que começou há mais de 10 anos. Espero que continue, no sentido que possa tornar o Brasil menos violento. Isso é uma política de Estado, para conscientização coletiva, de estimular que políticas dessa natureza sejam feitas independente das administrações”, finalizou.
Com informações da Agência Brasil