Urcamp
A Indústria Cultural e o poder da Influência
por Redação JM
por Ubiratan Balim
Acadêmico de História da Urcamp
Tenho três filhas, das quais duas são adolescentes, 13 e 16 anos respectivamente. Fomos numa loja da cidade (dessas que cabe dentro do orçamento), para comprar calças de brim (no meu tempo era assim que se dizia), e elas me pediram para que comprasse as que eram rasgadas no joelho e pernas. Começamos uma discussão e eu argumentei construindo um raciocínio lógico. Usando meu poder de persuasão, tentei convencê-las, mas ao final, minhas argumentações foram destruídas com uma frase: “Pai, todo mundo está usando”! Não vou contar aqui quem venceu a discussão.
É incrível o poder que a indústria da moda, do entretenimento, da cultura, tem sobre nossas vidas. Um poder imposto, como diríamos num bom gauchês “enfiado goela a baixo”. Saí para comprar um sapato, o modelo que achei não era do meu agrado. Tinha o bico fino, o que deixava meu pé maior do que o normal, fazendo com que eu me sentisse o Pateta, personagem do Walt Disney que tem um pé enorme.
Há um padrão estabelecido e você obrigatoriamente tem que se ajustar, é como se todos não pudessem ter vida própria. Somos reféns da indústria cultural, do ambiente que nos envolve, usamos aquilo que podemos chamar de máscara social. Comemos o que os outros comem, vestimos o que outros vestem, viajamos para onde outros viajam. Nos dizem em quem votar, o que falar, qual perfume usar, o modelo do terno, do sapato e se você não se ajustar, estará indo contra o sistema. Somos influenciados o tempo todo, nossa mente é bombardeada insistentemente, opiniões prontas chegam até nós e porque todos vão nessa direção, somos obrigados a assinar embaixo.
Vou usar como exemplo, o “Black Friday”. Uma cultura importada que é abraçada de forma avassaladora. Os embates, as disputas por produtos baratos mais parecem um ringue de lutas. O que acontece conosco? Há uma frase que é atribuída a Will Rogers, antigo ator e comediante americano, que diz o seguinte: “As pessoas gastam o dinheiro que não tem, para comprar coisas que elas não precisam, para impressionar pessoas de quem elas não gostam”. Ou seja, você não é você.
Estou me reportando mais no aspecto financeiro, porque parece que é onde estamos mais fragilizados e somos atacados. Imagens, estilos de vida padronizados, todo o estímulo sensorial para que o povo não pense, não questione. Não que eu creia em teoria da conspiração, mas um povo que não é capaz de pensar, escolher o que vestir, o que comer e onde ir, pode perfeitamente ser manipulado. Somos transformados pela contemplação, por isso nossos sentidos são invadidos.
Precisamos nos libertar. Ser livre é quando você é capaz de viver a parte das pressões sociais, assumir que ser diferente é ser autêntico e não um produto de um sistema organizado. Saia do lugar que limita a tua visão, pense e não se deixe influenciar.