Esportes
Com origem na delegacia de Bagé, árbitro santanense é indicado para quadro da CBF
por Yuri Cougo Dias
Com raízes da fronteira, Francisco Soares Dias, de 35 anos, ganha a oportunidade de alçar voos maiores no ramo da arbitragem. Revelado na Delegacia de Bagé, o árbitro santanense foi indicado para integrar o quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Agora, será submetido a testes que definirão seu ingresso no mais alto seleto de árbitros do país.
Por mais que seja natural de Sant’Ana do Livramento, Francisco tem uma ligação de afeto com Bagé. E muito em função do ex-árbitro e delegado local, Carim Roberto Saliba, que faleceu em 2014. Foi ele o responsável por proporcionar oportunidades e impulsionar o rápido desenvolvimento de Francisco. “Bagé e Livramento me garimparam na arbitragem, pois são praças difíceis de atuar, pois o pessoal é muito competitivo. Inclusive, já apitei quatro Ba-Guas e isso agregou muito na minha carreira. Eu devo muito ao Saliba. Em 2012, no primeiro ano como árbitro, apitei jogos de categoria de base. Então, ele gostou do meu perfil e, no mesmo, ano, já me subiu para as competições profissionais. Fora todo esse apoio, criamos uma amizade fora de campo, tanto que tenho um carinho enorme pela memória dele e a família, pois ficou um respeito muito grande e uma gratidão eterna”, contextualiza.
Em 2021, Francisco apitou dois jogos do Gauchão: Esportivo x São José (1ª rodada) e Inter x São Luiz (2ª rodada). Posteriormente, não foi possível atuar em razão de ter sido diagnosticado com covid-19. Recuperado da doença, Francisco foca, agora, em readquirir preparo físico, a fim de estar preparado para os testes da CBF.
Primeiros passos foram como goleiro
Formado como professor de Educação Física, Francisco atua, paralelamente à arbitragem, como agroindustriário em Sant’Ana do Livramento. Porém, antes de estar no ramo do apito, foi goleiro. Inclusive, esteve na base do Vasco, com oito convocações para a Seleção Brasileira Sub-17. Em 2003, voltou para o Estado para jogar no RS, clube de Paulo César Carpegiani, e depois, na Ulbra. Posteriormente, iniciou os estudos. “A decisão de sair do Vasco foi minha devido a alguns problemas que o clube vinha enfrentando. Acabei não fazendo carreira como goleiro, mas sou grato a tudo que o futebol me proporcionou. E foi fundamental para a função que atuou, pois sei o que está acontecendo dentro de campo. Não que isso me faça melhor que os outros, mas me ajuda muito”, relata.
Em 2012, Francisco realizou o curso de arbitragem e entrou em 2013 para o quadro. Foi quando chamou a atenção de Carim Saliba. “Comecei nos jogos de categoria de base, mas, ainda no primeiro ano, o Saliba confiou no meu trabalho e me levou para os jogos profissionais no segundo semestre ainda. Inclusive, apitei o clássico Far-Pel. Sobre a indicação para a CBF, acredita que tenha sido fruto da minha dedicação e esforços. Cheguei até a Delegacia de Porto Alegre, em que, basicamente, recomeçamos a carreira. Atribuo ao bom desempenho jogos e pelo bom relacionamento com os colegas”, aponta.
A experiência do clássico Ba-Gua
Ao ser questionado sobre os jogos mais marcantes que apitou, Francisco classifica o Ba-Gua como um momento que tornou-se definidor em sua ascensão. “Marcou muito, principalmente o primeiro que apitei, em 2014, no estádio Pedra Moura. Eu tinha apenas 28 anos e só dois anos de carreira e já fui escalado para um dos jogos mais difíceis de apitar. Consegui um bom desempenho, sem nenhum problema ao sair de campo. Lembro que o Saliba veio me cumprimentar e disse as seguintes palavras: ‘Chico, tu vais ser muito grande. Apitar um jogo desses e passar batido não é fácil’. Lembro com muito carinho desse dia, pois tudo conspirou a favor depois”, finaliza.