Saúde
Enxaqueca ou cefaleia? Entenda as diferenças
por Giana Cunha
A Organização Mundial da Saúde estima que a enxaqueca afete cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo. É considerada a sexta doença crônica que mais incapacita pessoas globalmente, e, no Brasil, cerca de 15% da população sofre desse mal. A forma crônica da doença é caracterizada por dores frequentes e constantes, sendo as mulheres as mais afetadas. A Fundação de Pesquisa da Enxaqueca, dos Estados Unidos, aponta que a incidência entre as mulheres é três vezes maior do que entre os homens.
De acordo com o neurologista João Eduardo Bastianello, que atende em Bagé, o primeiro passo é identificar se a dor está relacionada à cefaleia ou à enxaqueca. "É importante observar a intensidade e o padrão da dor, e se as crises são frequentes ou se a dor muda de característica, tornando-se mais intensa", explica.
Enxaqueca ou Dor de Cabeça?
Enxaqueca e dor de cabeça são condições diferentes. "Dor de cabeça" é o termo genérico usado para qualquer tipo de cefaleia. Assim, a enxaqueca é um tipo de dor de cabeça, mas não o único. O médico ressalta: "As cefaleias compreendem uma ampla variedade de diagnósticos, e a migrânea, popularmente conhecida como enxaqueca, é apenas um desses tipos, sendo a segunda dor de cabeça mais comum, atrás apenas da cefaleia tensional."
A enxaqueca, além de comum, provoca grande incapacidade. Alterações de humor, irritabilidade, cansaço e desejo por determinados alimentos podem preceder o início da dor. "Esses sinais indicam o início de uma crise de enxaqueca", afirma Bastianello. Ele destaca ainda que, após essa fase, o indivíduo pode experienciar a "aura", sintomas neurológicos transitórios. "Algumas pessoas veem pontos luminosos ou figuras geométricas cintilantes, enquanto outras podem perder força ou sensibilidade de um lado do corpo, ou até mesmo o equilíbrio. A aura costuma preceder a dor de cabeça em alguns minutos e não ultrapassa 60 minutos, com melhora espontânea."
A dor de cabeça causada pela enxaqueca geralmente é unilateral, de intensidade moderada a forte, atingindo seu auge cerca de uma hora após o início. É pulsátil e, frequentemente, acompanhada de sintomas como náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e a ruídos.
Fatores como ansiedade e estresse estão mais associados às cefaleias tensionais, enquanto jejum prolongado, alterações no sono, certos alimentos e bebidas alcoólicas estão relacionados ao desencadeamento da enxaqueca. "A enxaqueca costuma ser uma condição genética", observa Bastianello, "e quem sofre com ela deve adotar hábitos mais regrados para prevenir as crises."
Mesmo quando ocorre esporadicamente, a dor de cabeça pode ser um sinal de que algo não está bem. Entre os principais fatores que agravam a enxaqueca estão problemas emocionais, como ansiedade e depressão, e o uso excessivo de medicamentos para dor.
Tipos
Existem mais de 200 tipos diferentes de cefaleias, divididas entre primárias e secundárias. A cefaleia tensional é a forma mais comum, caracterizada por dores moderadas, que não impedem as atividades diárias, mas causam sensação de cabeça pesada ou pressionada, geralmente sem outros sintomas.
A enxaqueca é uma cefaleia primária, caracterizada por dor persistente que começa com um leve latejar de um dos lados da cabeça, intensificando-se progressivamente. Já as cefaleias secundárias são sintomas de outras condições, como sinusite.
Tratamento
O primeiro passo para tratar a enxaqueca é consultar um neurologista. Para diagnosticar a enxaqueca, é necessário ter pelo menos cinco crises com duração de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz) e apresentar sintomas como náuseas, vômitos, fotofobia ou fonofobia. A dor também deve ser unilateral, pulsátil, de intensidade moderada a severa, e limitar as atividades físicas do dia a dia.
Prevenção
Para prevenir ou reduzir a intensidade das crises, recomenda-se:
{AD-READ-3}- Dormir o suficiente (cerca de 8 horas por noite);
- Evitar o estresse mantendo uma rotina organizada e reservando tempo para lazer;
- Reduzir o uso de luzes intensas e fazer pausas periódicas no uso de dispositivos eletrônicos;
- Praticar atividades físicas;
- Cuidar da alimentação e evitar jejum prolongado.
Saber se a dor é causada por enxaqueca ou outra cefaleia é essencial para garantir o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida, já que as causas, a intensidade e o tratamento dessas condições variam.
O médico alerta que dores de cabeça associadas a sintomas neurológicos, como fraqueza em um lado do corpo, confusão mental ou perda de consciência, podem indicar um acidente vascular cerebral (AVC) ou outras condições neurológicas graves. Nesses casos, deve-se acionar imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), pelo número 192, ou procurar a emergência mais próxima.